PEDU - Tese de doutoramento
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- Acesso ao princípio alfabético no pré-escolar: Evolução, processos e implicações de programas de intervenção ao nível da escritaPublication . Martins, Maria Inês de Vasconcelos Braga Horta; Martins, Margarida AlvesO presente estudo tem como objectivos verificar de que forma dois programas de escrita inventada com crianças pré-silábicas conduzem a uma evolução das suas escritas inventadas, concretamente, à fonetização dessas escritas e descrever as interacções desenvolvidas entre o experimentador e as crianças durante as sessões dos programas de escrita, de forma a compreender os momentos evolutivos e os processos implicados nessa evolução. Os participantes são 56 crianças de 5 anos, divididas por dois grupos experimentais e um grupo de controlo. A sua idade, inteligência, conhecimento das letras e consciência fonológica foram controlados. Nos pré- e pós-testes, as escritas inventadas das crianças foram avaliadas através de pseudopalavras que continham os fonemas fricativos e oclusivos trabalhados durante os programas, bem como outros fonemas fricativos e oclusivos não trabalhados. Estas consoantes apareciam em posição inicial e final nas diferentes pseudopalavras. Entre os dois momentos, G1 trabalhou as correspondências grafo-fonológicas de fonemas fricativos surdos e G2 trabalhou as de fonemas oclusivos surdos. Em cada uma das quatro sessões dos programas de intervenção cada criança era convidada a escrever doze palavras começadas pelas consoantes trabalhadas, a comparar a sua escrita com escritas mais avançadas, a avaliar qual a melhor e a justificar a sua escolha. Pretendia-se criar um conflito cognitivo que levasse as crianças a pensar sobre os sons das palavras, sobre as letras e sobre as relações entre eles. Os objectivos específicos são: comparar os progressos na escrita entre os participantes dos dois grupos experimentais, comparar as diferenças entre os dois grupos na capacidade de generalizar os procedimentos de fonetização a consoantes não trabalhadas e a sua capacidade de as fonetizar quando aparecem em posição final. Os resultados mostram que a escrita das crianças de ambos os grupos experimentais evoluiu mais do que a escrita das crianças do grupo de controlo, sem diferenças significativas entre os dois grupos experimentais. Nos dois grupos experimentais os participantes foram capazes de fonetizar as consoantes trabalhadas e não trabalhadas e foram capazes de fonetizar as consoantes em posição final. No entanto, verificaram-se diferenças significativas relativamente às fricativas, com melhores resultados na fonetização da consoante inicial. A análise das interacções entre experimentador e as crianças revelou que o tipo de intervenção do experimentador foi condicionado pelas respostas das crianças, levando a dois tipos de intervenção: o primeiro levou as crianças a pensar nas letras usadas na escrita de confronto, e o segundo levou as crianças a pesarem sobretudo nas letras que os próprios tinham usado e na sua relação com o som da sílaba inicial das palavras ditadas. Este último tipo de intervenção, considerado mais explícito, facilitou a evolução das escritas as crianças. ---------- ABSTRACT --------- Our aims were to verify how two invented spelling programmes, intended to lead presyllabic children to think about the graphic-phonetic correspondences of several consonants, contributes to the evolution of their invented spelling, namely to the phonetization of their writing, and to analyse child/adult interactions during the invented spelling programmes and to understand how they contribute to spelling development. The participants were 56 five-year-old children divided into three groups – two experimental groups and a control group. Their age, intelligence, knowledge of letters and phonological awareness were controlled. In a pre-test and a post-test, children’s spellings were evaluated using pseudo-words that contained the fricative and stop consonants worked during the programmes, as well as other fricatives and stop consonants that were not worked during the programmes. These consonants appeared in initial and in final position of the different pseudo-words. In between, G1 worked the grapho-phonetic correspondences of voiceless fricatives and G2 the graphophonetic correspondences of voiceless stop consonants. The intervention programmes were organised in four sessions. In each session, the child was invited to write twelve words beginning with the target consonants, to compare his/her own writing with more advanced ones, to evaluate which one was better and to justify his/her choice. Our specific aims were: to compare the progresses in writing of the members of the 2 experimental groups; to compare the differences between both groups in the ability to generalize the phonetization procedures to non worked grapho-phonetic correspondences and to compare their ability to correctly spell the consonants when they appeared in final position. The results show that the writing programmes were effective: both experimental groups achieved greater progress in writing than the control group. There were no statistically significant differences between the two experimental groups. In the two experimental groups participants were able to correctly spell the worked and the non worked consonants and the consonants in final position. However, there were statistically significant differences between the spellings in final position regarding fricatives, with better results in the phonetization of the consonants in initial position. The analysis of the child/adult interactions revealed that two types of feedback were used by the experimenter, influenced by the children’s answers: some children were lead to consider only the letters used in the more sophisticated spelling while others were lead to consider the letters they had used and their relation with the sound of the initial syllable of the dictated word. The latter feedback can be considered as a more explicit feedback than the former, promoting the development of children’s invented spellings.
- Análise do fenómeno de base segura em contexto familiar: A especificidade das relações criança/mãe e criança/paiPublication . Monteiro, Lígia Maria Santos; Veríssimo, ManuelaEsta investigação enquadra-se na teoria da vinculação de Bowlby/Ainsworth, testando empiricamente conceitos centrais como: a organização dos comportamentos de base segura, o modelo dinâmico interno, a transmissão social da vinculação, a especificidade das relações, bem como, os contextos de envolvimento, no micro-sistema familiar. Os participantes são 56 famílias portuguesas, com crianças entre os 2 ½ e os 3 anos de idade. De modo a avaliar a qualidade das relações de base segura utilizou-se o Attachment Behavior Q-Set (Waters, 1995), tendo para tal sido efectuadas, separadamente, visitas domiciliárias com a mãe e com o pai, por observadores independentes. No final destas, aplicou-se as “Narrativas de Vinculação em Adultos” (Waters & Rodrigues-Doolabh, 2004). O envolvimento parental foi avaliado com base num questionário (Monteiro, Veríssimo, Castro, & Oliveira, 2006), preenchido independentemente pelos pais. Os resultados indicam que as crianças utilizam ambos os pais como base segura, e que não existem diferenças significativas entre os valores de segurança das crianças, nestas duas relações, embora os estilos de interacção apresentem algumas características específicas. Os valores de segurança da criança, a ambos os pais, encontram-se, ainda, significativamente correlacionados. A análise das representações de base segura (script) de mães e pais, confirma a validade interna, discriminativa e preditiva do instrumento utilizado, e indica que ambos têm conhecimento e acesso ao script de base segura. Os valores script encontram-se significativamente correlacionados com os valores AQS das crianças, sendo que o script de base segura de cada progenitor é o único preditor de segurança da criança, na relação com essa figura. A correlação entre os valores AQS das crianças, com ambos os pais, é passível de ser explicada pela semelhança nas representações de base segura dos progenitores. Uma análise de aspectos da ecologia familiar indica que, nestas famílias, a quantidade do envolvimento paterno está associada com consequências positivas para o desenvolvimento sócio-emocional da criança, podendo ajudar a explicar a saliência do pai como figura de vinculação. Os resultados são discutidos, analisando-se limitações e apontando-se linhas de investigação futura. *****ABSTRACT*****This work is grounded in Bowlby/Ainsworth attachment theory, and tests empirically central concepts like the organisation of secure base behaviors, internal working models, social transmission of attachment, the specificity of this relationships, and the different contexts of interaction/involvement in the family attachment network. 56 mother/child and father/child dyads participated in the study. Children’s ages range between 2 ½ and 3 years of age. Independent observers made home observations of child/mother and child/father dyads using the Attachment Behavior Q-Set (Waters, 1995). In the end, the attachment script representation task (Waters & Rodriguesdoolabh, 2004) was completed. To assess paternal involvement, both parents answered, separately a questionnaire (Monteiro, Veríssimo, Castro, & Oliveira, 2006). No differences were found between the mean averages of the security scores for mothers and fathers, showing that the child is able to use both parents as secure-base, although some features of the interactions present specific characteristics (at both item and scale levels). A significant correlation was found between security scores for mothers and fathers. The analyses of the secure base representations (script) for both parents confirmed the internal, discriminant and predictive validity of the instrument. Both mothers and fathers have knowledge and access to a secure base script, and each parent’s secure base script representation significantly predicted the AQS security scores at approximately equivalent degrees of association. The scripts are significantly correlated in the couple. Hierarchical regressions using parents’ script scores indicated that AQS security with a given parent was uniquely associated with that parent’s script score and was not mediated by the script score of the other parent. The concordance of the AQS scores can be explained by the concordance in the couple’s script knowledge. The analysis of some features of families’ ecology indicates that in this sample the quantity of father’s participation has positive consequences for the child’ socioemotional development, possibly helping to explain the salience of the father figure as an attachment figure. The results are discussed and commentaries are presented about the research limitations and future lines of research.
- Aprender a ler, escrevendo : Impacto de um programa de escrita na leitura de crianças do 1º ano do E.B. em risco de desenvolver dificuldades de aprendizagemPublication . Salvador, Liliana Ferreira dos Santos; Martins, Margarida AlvesO objetivo deste trabalho consistiu em desenvolver um programa de escrita em interação com crianças em risco de dificuldades na aquisição da leitura, numa fase inicial em que ainda é possível atuar ao nível da prevenção. Foram realizados dois estudos, sendo que no primeiro se pretendeu avaliar o impacto desse programa na leitura, escrita, consciência fonémica e motivação de crianças do 1º ano de escolaridade que manifestavam já dificuldades. Adicionalmente, quisemos apurar se as crianças que beneficiaram do programa de escrita em interação tiveram desempenhos semelhantes ao das restantes crianças da turma na leitura no final do ano. Foram selecionadas 53 crianças com baixo desempenho em consciência fonológica, conhecimento do alfabeto e leitura de palavras, e que foram informalmente referenciadas pelos professores como estando em risco. Foram então constituídos três grupos estatisticamente equivalentes: grupo experimental, que desenvolveu atividades de escrita em interação; grupo de comparação, que realizou atividades de consciência fonológica; grupo de controlo, que realizou atividades de cópia. As crianças foram aleatoriamente distribuídas pelos três grupos e, posteriormente, constituídos grupos de duas crianças que trabalharam em conjunto até ao final das sessões. Foram realizados pré-testes de leitura, escrita, consciência fonémica e motivação, aos quais se seguiu o desenvolvimento dos programas ao longo de 12 sessões, com duração de 20 a 30 minutos cada e frequência bissemanal. Uma semana após o final das intervenções foram realizados os pós-testes. Recorreu-se a diversas ANCOVAs para analisar os dados recolhidos que mostraram que o grupo de escrita em interação obteve resultados superiores e com diferenças estatisticamente significativas em relação aos restantes grupos, em todas as variáveis medidas no pós-teste, à exceção da consciência fonémica, em que o grupo de escrita e o de consciência fonológica obtiveram resultados semelhantes, sem diferenças entre ambos. O grupo de cópia de palavras foi o que obteve, consistentemente, resultados mais baixos. No final, as crianças do grupo de escrita obtiveram resultados idênticos em leitura às restantes crianças da turma não se tendo verificado diferenças entre eles. O segundo estudo tem como objetivo explicitar, descrever e analisar as estratégias de ajudas (scaffolding) que o adulto providencia às crianças no decorrer das sessões do programa de escrita, isolando, se possível, uma sequência típica de ajudas. Procurámos ainda apurar se as crianças manifestam integrar os procedimentos e estratégias de análise constantes nas ajudas do adulto. Para tal, foram analisadas oito sessões (3ª, 6ª, 9ª e 12ª sessões) de dois grupos de crianças que beneficiaram do programa de escrita, escolhidas aleatoriamente. Foram encontradas 14 categorias de ajuda sendo que as mais frequentes para ambos os grupos, consistiam, por ordem de ocorrência, no questionamento, questionamento inferencial, feedback positivo, tarefa/ação e pistas. As díades diferiam, porém, em relação ao nível de suporte necessário. Foi isolada uma sequência típica e as crianças evidenciaram competências de autorregulação, autonomia e controlo em relação à tarefa, assim como mostraram apropriar-se dos conhecimentos e procedimentos mobilizados ao longo das sessões. O programa de escrita constitui-se, pois, como uma alternativa pedagógica eficaz para prevenir dificuldades de leitura.
- Aprender a ler, ler para aprender : o impacto diferencial da mediação didática de escrita inventada no processo de desenvolvimento emergente da literaciaPublication . Albuquerque, Ana Carrelhas de; Martins, Margarida AlvesA proposta do presente projeto de doutoramento consistiu em investigar o impacto diferencial da participação em atividades de literacia emergente, em contextos diversificados e com o foco de análise em diferentes dimensões. Numa abordagem simultaneamente quantitativa e qualitativa, lançaram-se três objetivos gerais de investigação: 1) ampliar o âmbito sócio-cultural e linguístico de aplicação dos programas de intervenção de escrita inventada; 2) estudar os efeitos longitudinais de competências de literacia emergente no desempenho em leitura e escrita; 3) explorar as dinâmicas interativas inerentes ao processo de aprendizagem da linguagem escrita em intervenção didática coletiva. Neste sentido, foram realizados cinco estudos experimentais: um estudo multicultural focado no período da idade pré-escolar, dois estudos de follow-up até ao final do 1º ano de escolaridade, um estudo longitudinal continuado até ao final do 3º ano de escolaridade e um estudo de natureza descritiva e exploratória. Participou, neste projeto, uma amostra de crianças de 5 anos de idade (alunos do último ano de educação pré-escolar) que não sabiam ler nem escrever. Na fase inicial, foram constituídos dois grupos de investigação – grupo experimental e grupo de controlo – compatíveis em diversas variáveis individuais de natureza demográfica, cognitiva e metalinguística (género, idade em meses, habilitações académicas dos pais, capacidades cognitivas, conhecimento do alfabeto, consciência silábica, consciência fonémica). Para a aplicação de medidas de literacia (escrita/leitura de palavras, escrita/leitura de pseudopalavras, fluência leitora, compreensão leitora), estabeleceram-se pontos de avaliação e recolha de dados antes e após a fase de intervenção. O programa de intervenção de escrita inventada foi realizado com as crianças participantes na condição experimental durante um período de 2 meses, ao longo de 10 sessões com frequência bissemanal. Em sessões com periodicidade e regularidade semelhantes, os grupos de controlo participaram em atividades didáticas, como leitura ou conto de histórias infantis. As sessões decorreram em grupos de quatro crianças, heterogéneos no que respeita aos conhecimentos de literacia e competências metalinguísticas e foram desenvolvidas com mediação do adulto e cooperação inter-pares. Os dados recolhidos foram analisados com recurso ao software SPSS, sendo gravadas as dinâmicas interativas e o discurso verbal de alguns grupos para complementar o tratamento estatístico com análises qualitativas. As evidências empíricas sugeriram resultados pertinentes para a investigação científica e a atuação no panorama educativo. De uma forma genérica, verificou-se que, comparativamente com os grupos de controlo, as crianças que participaram nos programas de escrita inventada: 1) obtiveram desempenhos superiores em correspondências grafo-fonológicas na escrita e leitura de palavras, medidas num prazo imediato, no período pré-escolar, em contexto português e brasileiro; 2) demonstraram resultados mais elevados no 1º ano de escolaridade em variáveis de escrita, leitura e fluência leitora, tanto com itens de palavras como de pseudopalavras; 3) alcançaram um progresso significativo até ao 3º ano de escolaridade, em medidas de acuidade de escrita e leitura de palavras e em medidas de leitura mais complexas, nomeadamente a fluência leitora e a compreensão de frases; 4) foram capazes de incorporar procedimentos de internalização e resolução da tarefa específicos através de estratégias de mediação do adulto e de colaboração inter-pares. Em síntese, estas atividades, centradas na promoção da discussão ativa e participativa das crianças sobre a escrita de palavras, surgem como uma prática benéfica no processo de aquisição inicial de literacia, podendo ser integradas no enquadramento escolar e atuar como estratégia didática em sala de aula, no período antecedente à escolaridade formal.
- Aprender a ler, ler para aprender: o impacto diferencial da mediação didática de escrita inventada no processo de desenvolvimento emergente de literaciaPublication . Albuquerque, Ana Carrelhas; Martins, Margarida AlvesA proposta do presente projeto de doutoramento consistiu em investigar o impacto diferencial da participação em atividades de literacia emergente, em contextos diversificados e com o foco de análise em diferentes dimensões. Numa abordagem simultaneamente quantitativa e qualitativa, lançaram-se três objetivos gerais de investigação: 1) ampliar o âmbito sócio-cultural e linguístico de aplicação dos programas de intervenção de escrita inventada; 2) estudar os efeitos longitudinais de competências de literacia emergente no desempenho em leitura e escrita; 3) explorar as dinâmicas interativas inerentes ao processo de aprendizagem da linguagem escrita em intervenção didática coletiva. Neste sentido, foram realizados cinco estudos experimentais: um estudo multicultural focado no período da idade pré-escolar, dois estudos de follow-up até ao final do 1º ano de escolaridade, um estudo longitudinal continuado até ao final do 3º ano de escolaridade e um estudo de natureza descritiva e exploratória. Participou, neste projeto, uma amostra de crianças de 5 anos de idade (alunos do último ano de educação pré-escolar) que não sabiam ler nem escrever. Na fase inicial, foram constituídos dois grupos de investigação – grupo experimental e grupo de controlo – compatíveis em diversas variáveis individuais de natureza demográfica, cognitiva e metalinguística (género, idade em meses, habilitações académicas dos pais, capacidades cognitivas, conhecimento do alfabeto, consciência silábica, consciência fonémica). Para a aplicação de medidas de literacia (escrita/leitura de palavras, escrita/leitura de pseudopalavras, fluência leitora, compreensão leitora), estabeleceram-se pontos de avaliação e recolha de dados antes e após a fase de intervenção. O programa de intervenção de escrita inventada foi realizado com as crianças participantes na condição experimental durante um período de 2 meses, ao longo de 10 sessões com frequência bissemanal. Em sessões com periodicidade e regularidade semelhantes, os grupos de controlo participaram em atividades didáticas, como leitura ou conto de histórias infantis. As sessões decorreram em grupos de quatro crianças, heterogéneos no que respeita aos conhecimentos de literacia e competências metalinguísticas e foram desenvolvidas com mediação do adulto e cooperação inter-pares. Os dados recolhidos foram analisados com recurso ao software SPSS, sendo gravadas as dinâmicas interativas e o discurso verbal de alguns grupos para complementar o tratamento estatístico com análises qualitativas. As evidências empíricas sugeriram resultados pertinentes para a investigação científica e a atuação no panorama educativo. De uma forma genérica, verificou-se que, comparativamente com os grupos de controlo, as crianças que participaram nos programas de escrita inventada: 1) obtiveram desempenhos superiores em correspondências grafo-fonológicas na escrita e leitura de palavras, medidas num prazo imediato, no período pré-escolar, em contexto português e brasileiro; 2) demonstraram resultados mais elevados no 1º ano de escolaridade em variáveis de escrita, leitura e fluência leitora, tanto com itens de palavras como de pseudopalavras; 3) alcançaram um progresso significativo até ao 3º ano de escolaridade, em medidas de acuidade de escrita e leitura de palavras e em medidas de leitura mais complexas, nomeadamente a fluência leitora e a compreensão de frases; 4) foram capazes de incorporar procedimentos de internalização e resolução da tarefa específicos através de estratégias de mediação do adulto e de colaboração inter-pares. Em síntese, estas atividades, centradas na promoção da discussão ativa e participativa das crianças sobre a escrita de palavras, surgem como uma prática benéfica no processo de aquisição inicial de literacia, podendo ser integradas no enquadramento escolar e atuar como estratégia didática em sala de aula, no período antecedente à escolaridade formal.
- Aprendizagem da linguagem escrita nos dois primeiros anos de escolaridade e sua relação com o conhecimento metalinguísticoPublication . Gaiolas, Mónica Isabel Sampaio; Martins, Margarida AlvesEsta investigação teve como objetivo estudar a relação entre conhecimento metalinguístico (consciência fonológica, morfológica e sintática) e o desempenho em leitura e escrita, nos dois primeiros anos de escolaridade. Participaram 83 crianças de língua portuguesa de dois Agrupamentos de Escola seguidas do início do primeiro ano ao final do segundo ano de escolaridade. As mesmas foram avaliadas no início de cada ano letivo (provas de consciências fonológica, morfológica e sintática) e no final de cada ano letivo (leitura - fluência e compreensão e escrita de palavras e escrita de texto - esta última apenas foi avaliada no final de 2º ano). Após realizadas análises de regressão e após a elaboração de um modelo de equações estruturais, os resultados demonstraram que quando controlados o desenvolvimento cognitivo, a memória verbal e as habilitações da mãe, os melhores preditores da fluência de leitura foram a consciência fonológica e nomeação de letras no 1º ano e a consciência fonológica e a fluência leitora no 2º ano. Os melhores preditores da compreensão leitora foram a consciência sintática e a fluência leitora no 1º e 2º ano. A respeito da escrita de palavras, os melhores preditores foram a consciência fonológica e a sintática no 1º ano e a consciência fonológica e a escrita de palavras no 2º ano. Por último, os melhores preditores da escrita de texto foram a consciência sintática e a escrita de palavras. As provas de consciência morfológica não influenciaram diretamente nenhuma das medidas de leitura e escrita para além da já referida influência das variáveis mencionadas. Face aos resultados obtidos verificamos que o conhecimento metalinguístico tem um papel diferenciado no que respeita à sua influência nas medidas de leitura e escrita, parecendo a consciência fonológica influenciar mais diretamente a leitura e a escrita de palavras e a consciência sintática a compreensão leitora e escrita de texto. Por outro lado, verificamos que não só o conhecimento metalinguístico influencia a linguagem escrita como também a própria leitura e escrita medidas no final de primeiro ano influenciam a linguagem escrita medida um ano depois.
- Auto-estima, autoconceito e dinâmicas relacionais em contexto escolarPublication . Peixoto, Francisco; Almeida, Leandro da SilvaO estudo do autoconceito e da auto-estima tem conhecido grande interesse no seio da Psicologia da Educação. Grande parte desse interesse reside na associação comprovada entre essas representações pessoais e indicadores de ajustamento escolar. Deste modo, o presente estudo centra-se em torno das relações entre auto-estima, autoconceito e resultados escolares. Pretendemos analisar o modo como o estatuto escolar individual diferencia os alunos relativamente à auto-estima, autoconceito, relacionamento com o grupo de pares, com a família e com a escola. Um segundo objectivo centrou-se na análise do modo como o nível de sucesso global das escolas e a frequência de actividades extra-curriculares, influenciavam as representações sobre si próprio e os resultados escolares. Pretendemos, ainda, analisar o modo como as dinâmicas relacionais se associavam com a auto-estima, o autoconceito e os resultados escolares, assim como o modo como estas relações evoluem com o desenvolvimento do adolescente. Para a realização desta investigação procedemos à construção e adaptação de diversos instrumentos. Partindo do Perfil de Auto-Percepção para Adolescentes de Harter (1988) elaboramos uma escala de Autoconceito e Auto-Estima, introduzindo-lhe duas novas dimensões, alguns itens novos e alterando-lhe o formato de resposta. Construímos uma escala de avaliação da percepção da qualidade do relacionamento com a família e uma outra para avaliação da imagem social e do suporte fornecido pelo grupo de pares. Procedemos, ainda, ao estudo de validação de duas escalas utilizadas em estudos anteriores: a escala de atitudes em relação à escola e a escala de caracterização de grupos. Os estudos de validação comprovaram as boas propriedades psicométricas dos vários instrumentos utilizados. O presente trabalho envolveu 955 adolescentes a frequentarem o 7º, 9º e 11º anos de escolaridade. Relativamente ao primeiro objectivo enunciado, os resultados obtidos permitiram constatar a inexistência de diferenças na auto-estima em função do estatuto escolar do aluno. Verificou-se ainda que a relação entre o rendimento académico e a auto-estima diminui com a evolução da escolaridade. Apesar da inexistência de diferenças na auto-estima, verificou-se que o estatuto escolar introduz diferenças para algumas dimensões do autoconceito, nomeadamente no autoconceito académico. Os resultados mostraram, ainda, que os alunos sem repetências apresentam atitudes mais favoráveis em relação à escola e percepções da qualidade do relacionamento com a família mais positivas que os seus colegas de estatuto escolar inferior. No que se refere ao relacionamento com os pares não se constataram grandes diferenças em função do estatuto escolar. Os resultados permitiram também evidenciar que, para alguns alunos com história de insucesso, a protecção da auto-estima poderá estar associada à desvalorização das competências associadas à escola e à existência de auto-percepções positivas em dimensões não académicas do autoconceito. No que se refere ao segundo objectivo, verificámos que o nível de sucesso da escola não diferencia os alunos relativamente aos níveis de auto-estima e autoconceito académico patenteados, mas introduz diferenças na atitude em relação à escola, com os alunos da escola de rendimento médio mais elevado a apresentarem atitudes mais favoráveis. Relativamente aos efeitos da participação em actividades extracurriculares verificámos que esta diferencia os alunos relativamente ao autoconceito e ao rendimento académico. Os resultados obtidos no modelo de relações, testado através de modelos de equações estruturais, mostraram que a auto-estima é predominantemente afectada pelo autoconceito académico, pela percepção da qualidade do relacionamento com a família e pelo grau de identificação ao grupo de pares.
- Avaliação de crianças com necessidades educativas especiais na promoção da educação inclusivaPublication . Almeida, Maria de Guadalupe Comparada; Morgado, JoséA avaliação é fundamental para a promoção da educação inclusiva, sendo fulcral para determinar as competências, conhecimentos e capacidades dos alunos com necessidades educativas especiais (NEE), fornecendo ao professor o conhecimento das reais dificuldades dos seus alunos, subsidiando o apoio, recursos e suporte adequado ao desenvolvimento das suas competências e aprendizagens. Este processo requer uma análise pormenorizada e uma reflexão meticulosa sobre os conhecimentos dos alunos nos diferentes domínios da sua aprendizagem e áreas de desenvolvimento. O processo de avaliação especializada é realizado de forma faseada por professores de ensino regular, de educação especial, psicólogos e sempre que necessário recorrem a outros técnicos especializados como terapeutas ocupacionais, terapeutas da fala, médicos, entre outros. Com este estudo pretendemos contribuir para o desenvolvimento e melhoria de boas práticas na avaliação especializada de alunos com NEE, na promoção da educação inclusiva, podendo constituir-se como um contributo para a valorização e reconhecimentos das práticas educativas dos docentes e outros técnicos que desenvolvam o seu trabalho com alunos com NEE. O trabalho empírico utilizou como metodologia o Estudo de Caso Múltiplo em três agrupamentos de escolas de diferentes municípios do país. Os resultados indicam que deve ser dada maior atenção à formação de professores na área da avaliação especializada. Os resultados do estudo evidenciam a necessidade de se desenvolverem instrumentos, metodologias e estratégias de avaliação específicas e fiáveis, que suportem os professores na avaliação especializada de acordo com os objetivos pedagógicos preconizados, por forma a garantir uma avaliação inclusiva para o sucesso e promoção da educação inclusiva. O processo de avaliação para documentar a necessidade educativa especial não é padronizado, esta decisão é tomada pela equipa multidisciplinar de cada agrupamento de escolas. Este fator pode contribuir para que hajam alguns desafios e limitações para a determinação de apoio em educação especial, isto porque existe subjetividade no processo de referenciação e critérios inconsistentes. Para que a avaliação do aluno seja fidedigna, este deverá ser valorado, de forma contínua, tudo o que o aluno faz no seu dia-a-dia em contexto educativo. Este tipo de procedimentos vai permitir a recolha de dados de forma permanente sobre os pontos fortes e fracos do aluno, para que os objetivos da aprendizagem possam ser alcançados. Para tal só uma avaliação especializada, apropriada e direcionada para a diversidade e inclusão, centrada não só em resultados normativos, mas no processo, no desempenho e contextualizada, possibilita a cada aluno a participação efetiva na escola e consequentemente na sociedade, permitindo a sua progressão de acordo com o seu ritmo, facultando assim as condições de suporte e aprendizagem mais adequadas ao sucesso educativo.
- A avaliação formal no 1º ciclo do ensino básico: Uma construção socialPublication . Pinto, Jorge Manuel Bento; Formosinho, JoãoEsta investigação centra-se na avaliação formal dos alunos ao longo de um ano lectivo numa escola do Io ciclo. O facto desta avaliação ser imposta administrativamente, ser a face socialmente visível da avaliação, ser produzida num órgão de decisão colectiva e dar lugar a uma informação aos pais, toma estes processos particularmente interessantes para compreender como se constrói a avaliação ao longo do ano, em termos das práticas dos professores avaliadores, quais os seus significados em termos da relação ensino/aprendizagem e ainda quais os valores dominantes de uma cultura institucional de avaliação no Io ciclo do Ensino Básico. O quadro teórico de referência assenta essencialmente na problemática da avaliação, em particular na psicologia da avaliação escolar, e na construção social da avaliação. Nesta perspectiva, a avaliação é entendida como acção orientada para uma tomada de decisão, que se desenrola no tempo e assenta em três pressupostos: a avaliação ê uma outra coisa, do que um simples processo de medida; a avaliação é um processo inserido num contexto específico com pessoas, objectos e valores; e finalmente, a avaliação é uma prática constituída, tanto por gestos profissionais, como simbólicos. A metodologia segue uma abordagem interpretativa, tomando como referência o estudo de caso de natureza etnográfica. Foi escolhida uma escola do Io ciclo e durante um ano lectivo foram recolhidos em situação presencial, e analisados os discursos avaliativos dos professores nos três conselhos escolares com funções de avaliação. Foram também estudados os registos de avaliação de onze alunos dos vários anos de escolaridade. Estes dados foram complementados com notas de terreno, recolhidas no quotidiano de três turmas, uma do 2o ano e duas do 4o ano, durante um período de duas semanas em cada turma respectivamente. A análise, que acompanhou parte da recolha de dados, seguiu fundamentalmente a análise de conteúdo, sendo as categorias construídas a posteriori, embora influenciadas pelo referencial teórico de partida. Os resultados do estudo mostram ao nível das práticas avaliativas, que a pessoa do avaliador está no centro do processo de avaliação formal, através das decisões que toma, existindo assim um espaço de liberdade e de individualidade nessas tomadas de decisão. As decisões, assentam em larga medida, quer nas intenções do professor avaliador, quer num vasto leque de informações que ultrapassam o mero desempenho escolar. Esta abordagem holística das informações em que se baseia o juízo avaliativo, contraria uma concepção da avaliação como um acto de medida centrada nos desempenhos escolares dos alunos. Uma outra constatação consiste em reconhecer que a avaliação sumativa tende a instituir-se como modelo não só nos três momentos de avaliação formal ao longo do ano, mas também, em todos os anos de escolaridade mesmo no Io ano onde não há lugar à transição ou retenção dos alunos. Constata-se também que apesar das intenções dos professores em termos de avaliação serem diferentes ao longo do ano, partem sempre da ideia de que a avaliação formal é sobretudo um momento de balanço do estado do aluno, em relação ao nível do grupo/turma. Em termos da informação avaliativa aos pais, aquilo que é comunicado acentua uma racionalidade administrativa em detrimento de uma razão de ser pedagógica. Finalmente, a atribuição interna, das causas dos problemas detectados, o individualismo, na forma de entender o papel dos actores no processo de avaliação, e a normalização enquanto modelo de funcionamento da avaliação, parecem ser traços dominantes em termos de uma cultura institucional de avaliação no Io ciclo do Ensino Básico. ------ ABSTRACT ------- This research focus on the formal assessment moments of the students of a primary school, over a school year. A number of facts make these moments especially interesting to understand how the assessment process develops over the year, in terms of the teachers' practices, of the meaning of this process in relation to the teaching and learning process, and of the mainstream values of an institutional assessment culture in the primary school. The facts are: assessment is an administrative imposition at central level; these moments are the visible face of the assessment process; they constitute a collective decision of a formal group of teachers; they constitute the basis of information to be delivered to the parents. The theoretical framework for the study is principally derived from theoretical issues related to evaluation and assessment, such as the psychology of school-based assessment and on the social construction of assessment. From this perspective, assessment is regarded as decision-making oriented action, which develops through time and is based on three assumptions: assessment is something more than measurement; assessment is a process, which occurs in a specific context of people, objects, and values; finally, assessment is a practice, which includes both professional and symbolic activity. An interpretive approach was followed, by adopting an ethnographic case study design. A primary school was selected, where the teachers' discourse concerning assessment was collected and analyzed during the three meetings aiming at assessment. The assessment records of eleven students from all the grades were also collected and analyzed. These data were complemented with field notes, which were collected in classroom over a period of two weeks. The focus was one class of the 2nd grade and two classes of the 4lh grade. The analysis was made alongside part of the data collection and mainly took the form of content analysis. This made use of a posteriori categories, which were drawn from the data, even though these were influenced by the initial theoretical framework. The results of the study suggest that, in terms of assessment practices, the assessor as an individual plays a central role in the assessment process, by making use of an existing element of freedom and individual action for the decisions he or she makes. Decisions are mainly based both on the intentions of the assessor-teacher and on a wide range of information, which goes far beyond the students1 school performance. The holistic approach to information, on which the assessment judgement is based, contradicts a conception of assessment as a measurement procedure, which is centered on the students1 school performance. Another finding is that summative assessment tends to be considered as the model, not only at the three formal assessment moments of the school year, but also in ali grades, including the lst grade, in which neither transition nor retention of students occurs. It can also be concluded that, regardless of their intentions, which vary along the year, the teachers view formal assessment as an opportunity to establish a balance of the individual students performance against the group/class. As far as information for parents is concerned, the data indicate that the content of this information is influenced by administrative concerns rather than by educational reasons. Finally, the mainstream institutional assessment culture in the primary school can apparently be described by the following main features: internal attribution of problems, individual ways of understanding the role of the different actors in the assessment process, and standardisation as a model for assessment procedures.
- Caracterização do envolvimento parental em famílias bi-parentais de crianças a frequentar o jardim de infância/pré-escolarPublication . Pimenta, Mauro José; Veríssimo, Manuela; Monteiro, Lígia Maria SantosA ascendência exercida pela Perspectiva Bio-Ecológica de Urie Bronfenbrenner (1994, 2005) marca este trabalho, onde se procura investigar o relacionamento de contextos, cuja influência no desenvolvimento das crianças a frequentar o jardim-de-infância/pré-escolar, dificilmente poderá ser refutada. Este trabalho organiza-se em 3 estudos emípricos:1) debruça-se sobre a possibilidade da existência de padrões distintos de envolvimento parental, considerando diferentes tipos de actividades que ocorrem no contexto das interacções no contexto familiar; 2) são analisadas as possíveis associações de um maior envolvimento dos pais e a adaptação psicossocial das crianças ao contexto escolar, nomeadamente a nível da qualidade do brincar e da competência social;e 3) procura-se ainda compreender os factores stressores e/ou benefícios sentidos pelos pais na gestão de trabalho e família e a sua relação com o envolvimento parental. Participaram entre 208 a 532 famílias bi-parentais, com filhos a frequentar o jardim-de-infância/ pré-escolar. De acordo com os resultados, o envolvimento parental oscila de acordo com o tipo de actividades considerado, sendo que os pais se parecem afastar dos domínios relativos aos Cuidados, enquanto se regista uma partilha nos outros domínios. De acordo com o tipo e nível de participação identificaram-se diferentes grupos de envolvimento: o Activo, o Intermédio e o Tradicional, sendo analisadas as suas características. Registou-se uma associação entre a qualidade do brincar e a competência social, não se tendo esclarecido totalmente a relação entre a qualidade do brincar e o envolvimento parental. Uma maior participação dos pais nas tarefas de Cuidados e de Socialização, está relacionada de modo significativo e negativo com a existência de conflito entre o trabalho e a família. Os resultados são discutidos de acordo com a literatura e apontadas futuras linhas de investigação.