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PEDU - Tese de doutoramento

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  • O impacto da revisão na qualidade de composições de crianças de 4º e 5º ano de escolaridade
    Publication . Borges, Sandra Maria Medeiros; Silva, Ana Cristina
    A revisão é um processo central para promover a qualidade dos textos narrativos infantis. As instruções sobre a estrutura narrativa melhoram a organização e qualidade das composições de crianças. Um fator que poderá revelar-se importante no processo de revisão é o feedback explícito sobre a versão inicial, tendo em vista proporcionar às crianças pistas específicas para melhorar o texto. Foi objetivo deste estudo avaliar o impacto na escrita de textos narrativos, de um programa de escrita, em que os alunos têm acesso a instrumentos de autorregulação para a revisão dos textos. Participaram crianças, do 4º e 5º ano de escolaridade, com práticas semelhantes sobre a produção de textos escritos, na sala de aula, em que as instruções específicas sobre a estrutura do texto narrativo eram pouco frequentes. As crianças foram divididas em três grupos experimentais (submetidas a um programa de intervenção) e um de controlo, tendo sido controladas as variáveis relativas ao nível cognitivo e de desenvolvimento da linguagem, ao nível lexical e sintático. Esta investigação obedeceu a design experimental, com um pré-teste e pós-teste onde foi pedido às crianças para escreverem uma composição com base numa sequência de imagens. Posteriormente foram realizadas 17 sessões, distribuídas ao longo de nove meses, nas quais as crianças dos grupos experimentais escreviam uma composição e reviam a sua versão inicial. Passados dois meses e meio foi realizado um pós-teste diferido, onde se repetiram os procedimentos. Os resultados apontam para uma evolução significativa em relação à qualidade dos textos narrativos produzidos entre o pré e o pós-teste por parte de todos os grupos experimentais, o mesmo não acontecendo com os grupos de controlo. Essa evolução foi, no entanto, superior no grupo experimental 2 quando comparada aos outros grupos experimentais, verificando-se ainda que o grupo experimental 1 foi superior ao grupo experimental 3. Os resultados mostram, ainda, que não existem diferenças estatisticamente significativas entre o 4º e o 5º ano, nas várias dimensões estudadas, com exceção da dimensão Frases Completas, no grupo Experimental com grelha e feedback, tendo o 5º ano valores superiores. Conclui-se que a utilização de instrumentos de revisão na escrita de textos narrativos é muito relevante, bem como o fornecimento de um feedback. Julgamos ser fundamental a criação de programas de escrita, para trabalhar as estruturas dos vários géneros literários de modo colmatar as necessidades da população estudantil.
  • A transição entre a educação pré-escolar e o primeiro ciclo do ensino básico - conceções e práticas de educadores de infância e de professores do primeiro ciclo
    Publication . Fernandes, Carla Marisa Costa; Mata, Maria de Lourdes Estorninho Neves
    O objetivo principal desta investigação consiste na descrição, caracterização e comparação de conceções e práticas pedagógicas, de Educadores de infância e de Professores do Primeiro Ciclo do Ensino Básico (1.º CEB), no que diz respeito à transição e adaptação escolar das crianças a um novo ciclo de ensino. A transição e continuidade pedagógica e organizacional entre a Educação Pré-Escolar e o 1.º CEB são reconhecidas, nacional e internacionalmente, em estudos que destacam a necessidade e os benefícios da sequencialidade, progressiva e contínua, no percurso educativo das crianças. A literatura tem evidenciado que o desenvolvimento de programas e a operacionalização de atividades na área das transições educativas está positivamente correlacionada com resultados sociais e escolares posteriores. Uma forte colaboração entre todos os intervenientes no percurso educativo da criança é a chave para transições bemsucedidas. Desenvolveram-se dois estudos complementares, onde se analisaram as conceções dos docentes sobre a transição educativa, os seus fatores facilitadores, assim como os fatores que podem dificultar esse processo. Identificaram-se estratégias consideradas prioritárias, e práticas pedagógicas desenvolvidas na promoção de transições bem-sucedidas. No Estudo I participaram 35 educadores e 35 professores, e, seguindo uma abordagem qualitativa, foi realizada a análise de conteúdo ao discurso dos docentes, recolhido através de entrevistas semiestruturadas. O Estudo II, realizado como complemento ao Estudo I, seguiu uma abordagem quantitativa, com recurso a inquérito por questionário, com disseminação online. Com o objetivo de ampliar e aprofundar a compreensão dos processos de transição e adaptação, este estudo envolveu uma amostra alargada, com a participação de 1321 educadores e 918 professores. Os resultados globais indicam a existência de diferenças ao nível das conceções desses docentes sobre a transição e adaptação das crianças ao 1.º CEB. Os dados analisados transpareceram uma visão de transição e adaptação escolar assente numa perspetiva ecológica, reconhecendo o envolvimento de diferentes contextos e intervenientes na transição educativa, com especial destaque ao papel das crianças, das famílias e das escolas. Revelaram a existência de diferenças na importância atribuída a cada um dos contextos e intervenientes, bem como ao papel que cada um pode desempenhar. Apesar do reconhecimento de uma abordagem ecológica, os docentes enfatizaram as competências das próprias crianças como facilitadoras da adaptação ao novo ciclo. Transpareceram também uma clara valorização das competências socioemocionais das crianças e a importância atribuída ao desenvolvimento das áreas de formação pessoal e social em contexto de jardim de infância. Verificou-se ainda que esses docentes atribuíram um peso considerável ao desenvolvimento de competências associadas às futuras aprendizagens escolares. Os docentes identificaram, como fatores que poderão condicionar uma transição e adaptação positiva das crianças ao 1.º CEB, a atuação das famílias e a existência de descontinuidade pedagógica, organizacional e curricular, assim como dificuldades na articulação entre os dois níveis de educação. Os principais contributos para a prática consistem na necessidade de se antever e refletir intencionalmente as transições, bem como de cooperação e articulação contínua entre docentes, com o objetivo de co-construção das transições, para que essas se constituam como períodos de desenvolvimento e crescimento harmonioso das crianças.
  • Retenção escolar no 1º Ciclo de Educação Básica: Aspetos académicos, cognitivos e socioafetivos envolvidos na tomada de decisão
    Publication . Santos, Natalie de Nóbrega dos; Monteiro, Vera
    Uma prática pedagógica controversa utilizada no apoio aos alunos que apresentam dificuldades académicas é a retenção escolar. No entanto, de acordo com a literatura científica, a retenção não melhora, a longo prazo, o desempenho académico dos alunos ou o seu funcionamento socioemocional. Por esta razão, de acordo com a legislação portuguesa, esta medida deveria ser aplicada “a título excecional”. Contudo, as taxas de retenção no 1.º ciclo de educação básica, especificamente no 2.º ano de escolaridade, são elevadas, indicando que a decisão de retenção é mais frequente do que um caráter de excecionalidade faria prever. Todavia, existe pouca informação sobre como a decisão de reter um aluno é tomada na prática educativa. A presente tese pretendeu compreender o processo de tomada de decisão relativamente à retenção de alunos no 1.º ciclo do ensino básico. Mais especificamente estudamos quais as crenças dos professores que estão subjacentes à tomada de decisão da retenção, quais as características académicas, cognitivas e socioafetivas dos alunos consideradas nessa decisão e quais as políticas educativas que as escolas desenvolvem para ajudar aos professores nesse processo decisório. Dois estudos foram desenvolvidos para cumprir com estes objetivos: um estudo correlacional que contou com a participação de 449 professores do 1.º ciclo do ensino público de Portugal Continental e da Região Autónoma dos Açores, e um estudo misto convergente, onde participaram 358 professores de 68 escolas públicas e privadas da Região Autónoma da Madeira (RAM). Para a recolha da informação foram utilizados dois questionários online que avaliavam os constructos em estudo e foi realizada uma análise documental dos instrumentos de autonomia das escolas da RAM. Os resultados destes dois estudos, apresentados ao longo de cinco artigos científicos, indicaram que os professores portugueses acreditam, na sua maioria, na efetividade da retenção para a prevenção do insucesso escolar dos alunos. Estas crenças são mantidas num complexo sistema de crenças psicopedagógicas, estando relacionadas com as crenças sobre o processo de ensino/aprendizagem, avaliação e desenvolvimento da inteligência, assim como com as crenças sobre a efetividade e dificuldade de implementação de outras intervenções para promover o sucesso escolar, como a diferenciação pedagógica e o apoio individualizado. As crenças sobre a efetividade da retenção são, para muitos professores, centrais, sendo defendidas com um elevado grau de convicção, estando influenciadas principalmente pelas crenças da comunidade educativa, pela formação académica, e pela sua experiência profissional. Os resultados também mostraram que as crenças sobre a efetividade da retenção estão relacionadas com o seu uso da retenção, funcionando também como filtros de informação, influenciando quais as características dos alunos que são consideradas relevantes na tomada de decisão. Finalmente, também observamos que as políticas educativas das escolas parecem trazer alguma coerência às ações dos diferentes professores, mas a maioria das escolas da RAM não definem critérios ou procedimentos que guiem aos seus professores no processo de tomada de decisão da retenção. São discutidas algumas implicações para a investigação na área da cognição dos professores, para a formação docente e para o desenvolvimento de políticas educativas sobre a retenção escolar.
  • Educação positiva : Promoção do bem-estar e da resiliência nos professores
    Publication . Fernandes, Luísa Cristina Valério da Silva; Peixoto, Francisco José Brito; Gouveia, Maria João Pinheiro Morais
    Esta tese de doutoramento pretende contribuir para a promoção do bem-estar e da resiliência dos professores, numa perspetiva positiva e visando o seu empoderamento. Pesquisas sobre a promoção da resiliência e do bem-estar nos professores mostram uma relação positiva entre esses dois construtos e revelam que essas competências podem ser ensinadas e desenvolvidas por meio de intervenções formais e bem estruturadas. O objetivo principal deste trabalho foi analisar os efeitos de intervenções de desenvolvimento profissional na promoção do bem-estar e da resiliência nos professores. Procurámos dar resposta a este objetivo através dos três artigos que constituem esta tese. No 1.º artigo, “Fostering teachers`resilience and well-being through professional learning: Effects from a training programme”, apresentamos os resultados quantitativos da aplicação do programa de formação presencial, “Educação Positiva– Promoção do bem-estar e da resiliência nos professores”, com 18 horas de duração e com foco na resiliência e no bem-estar. O estudo seguiu um design quasi-experimental, envolvendo 59 professores portugueses no ativo (35 em dois grupos experimentais e 24 no grupo de controlo), pertencentes a todos os níveis de ensino (com exceção do universitário). Os efeitos do programa de formação foram avaliados através das seguintes medidas: motivação, resiliência global, compromisso com a profissão, autoeficácia, suporte escolar, afetos negativos e positivos, bem-estar no trabalho e sentido no trabalho. Os resultados mostraram efeitos positivos para todas as variáveis, com exceção do Compromisso com a profissão e Suporte escolar. No 2.º artigo, “Positive Education: A professional learning programme to foster teachers`resilience and well-being”, são discutidos os conceitos e tópicos de cada um dos mó-dulos do programa “Educação Positiva”, adaptado do projeto europeu ENTREE (ENhancing Teachers REsilience in Europe), com sete módulos de formação: 1-Resiliência; 2-Construção de Relacionamentos; 3-Bem-estar emocional; 4-Gestão do stresse; 5-Ensino eficaz; 6-Gestão da sala de aula; e um módulo nuclear 7-Educação para o bem-estar. Neste artigo são apresentadas as estratégias implementadas na promoção de um ambiente de formação colaborativo e são descritos os principais resultados qualitativos do programa, obtidos através de entrevistas, e que foram, na generalidade, muito positivos. No 3.º artigo, “Effects of interventions on teachers’ well-being and resilience: A systematic review”, apresentamos uma revisão da literatura sobre os efeitos de intervenções em resiliência e/ou bem-estar nos professores, em estudos quantitativos e qualitativos, desenvolvidos de 2000 a 2019. Analisaram-se 27 estudos, de diversos países, com intervenções com foco e abordagem diversificada, aplicadas a professores de todos os níveis de ensino (abaixo do ensino superior) e com resultados diferenciais nas variáveis consideradas. No geral, os resultados mostraram que o número de efeitos positivos e neutros foi igual e que os estudos com um desenho de pesquisa mais rigoroso obtiveram mais efeitos neutros do que positivos. Também houve um maior número de efeitos positivos nas intervenções com professores do ensino secundário e nas que utilizaram uma abordagem positiva. O presente trabalho permite evidenciar que programas de desenvolvimento profissional eficazes podem representar uma estratégia adequada na promoção das competências de bem-estar e resiliência dos professores, com consequentes benefícios pessoais, profissionais e organizacionais.
  • A perceção dos professores sobre o trabalho colaborativo e o papel da liderança na educação inclusiva
    Publication . Cândido, Sofia Ferreira; Silva, José Castro
    As sociedades democráticas, baseadas em conceitos de equidade, igualdade e justiça, provocam nas escolas grandes transformações, pois permitem o acesso à educação de Todos os alunos exigindo uma constante busca de soluções para remover barreiras à aprendizagem. Neste sentido, alguns autores apresentam o trabalho colaborativo, como solução para potenciar o sucesso educativo de todos os alunos e a educação inclusiva. Assim sendo, esta investigação tem como objetivo descrever a perceção dos docentes sobre a frequência e a eficácia da colaboração, bem como, os benefícios, os entraves e o papel da liderança no desenvolvimento de práticas colaborativas. Da investigação fazem parte dois estudos. No primeiro estudo os dados foram apurados através de questionário, preenchido online, a 1064 professores portugueses do 1º, 2º, 3º ciclos e secundária e educação especial. Os dados revelaram que as práticas colaborativas de sala de aula são as que apresentam a frequência e a eficácia mais baixa, sendo a sua utilização mais frequente no grupo da educação especial, seguido do 1º, 2º e 3º ciclo e secundários. A correlação entre a frequência e a eficácia, no geral, oscilam entre o forte e o moderado. Quanto à correlação entre a frequência da colaboração e a escala da liderança os resultados são fracos ou muito fracos, o mesmo acontece quando se correlaciona a escala da eficácia com a da liderança. No segundo estudo os dados foram apurados através de entrevista semiestruturada, realizada por telefone, a 42 professores de Portugal Continental. O seu objetivo foi clarificar resultados, esclarecer a perceção dos professores face ao papel da liderança e, apurar os benefícios e entraves à colaboração. Os resultados foram explicados por fatores humanos, políticos, formativos, motivacionais e administrativos. Para os professores a colaboração permite partilhar e gerar motivação, para os alunos, melhora resultados escolares, gera conhecimento, motiva e impulsiona valores de cidadania. Os entraves são de ordem logística, pessoal, profissional e formativa. Quanto ao papel da liderança da escola, as orientações que emanam só se materializam se o professor sentirem que as mesmas são benéficas para os alunos. O envolvimento dos professores na colaboração é voluntário, uma vez que a maioria das práticas colaborativas acontecem fora do horário letivo ou dentro da sala de aula, local onde habitualmente a direção não interfere.
  • Avaliação de crianças com necessidades educativas especiais na promoção da educação inclusiva
    Publication . Almeida, Maria de Guadalupe Comparada; Morgado, José
    A avaliação é fundamental para a promoção da educação inclusiva, sendo fulcral para determinar as competências, conhecimentos e capacidades dos alunos com necessidades educativas especiais (NEE), fornecendo ao professor o conhecimento das reais dificuldades dos seus alunos, subsidiando o apoio, recursos e suporte adequado ao desenvolvimento das suas competências e aprendizagens. Este processo requer uma análise pormenorizada e uma reflexão meticulosa sobre os conhecimentos dos alunos nos diferentes domínios da sua aprendizagem e áreas de desenvolvimento. O processo de avaliação especializada é realizado de forma faseada por professores de ensino regular, de educação especial, psicólogos e sempre que necessário recorrem a outros técnicos especializados como terapeutas ocupacionais, terapeutas da fala, médicos, entre outros. Com este estudo pretendemos contribuir para o desenvolvimento e melhoria de boas práticas na avaliação especializada de alunos com NEE, na promoção da educação inclusiva, podendo constituir-se como um contributo para a valorização e reconhecimentos das práticas educativas dos docentes e outros técnicos que desenvolvam o seu trabalho com alunos com NEE. O trabalho empírico utilizou como metodologia o Estudo de Caso Múltiplo em três agrupamentos de escolas de diferentes municípios do país. Os resultados indicam que deve ser dada maior atenção à formação de professores na área da avaliação especializada. Os resultados do estudo evidenciam a necessidade de se desenvolverem instrumentos, metodologias e estratégias de avaliação específicas e fiáveis, que suportem os professores na avaliação especializada de acordo com os objetivos pedagógicos preconizados, por forma a garantir uma avaliação inclusiva para o sucesso e promoção da educação inclusiva. O processo de avaliação para documentar a necessidade educativa especial não é padronizado, esta decisão é tomada pela equipa multidisciplinar de cada agrupamento de escolas. Este fator pode contribuir para que hajam alguns desafios e limitações para a determinação de apoio em educação especial, isto porque existe subjetividade no processo de referenciação e critérios inconsistentes. Para que a avaliação do aluno seja fidedigna, este deverá ser valorado, de forma contínua, tudo o que o aluno faz no seu dia-a-dia em contexto educativo. Este tipo de procedimentos vai permitir a recolha de dados de forma permanente sobre os pontos fortes e fracos do aluno, para que os objetivos da aprendizagem possam ser alcançados. Para tal só uma avaliação especializada, apropriada e direcionada para a diversidade e inclusão, centrada não só em resultados normativos, mas no processo, no desempenho e contextualizada, possibilita a cada aluno a participação efetiva na escola e consequentemente na sociedade, permitindo a sua progressão de acordo com o seu ritmo, facultando assim as condições de suporte e aprendizagem mais adequadas ao sucesso educativo.
  • Os discursos de género em educação
    Publication . Nunes, Cristina Maria Fernandes; Morgado, José
    Esta investigação teve como principal desiderato verificar se existem diferenças de discurso por parte de educadores e por parte da família em relação aos meninos e meninas, ou seja, que conceções de género são manifestadas no seio da família e na escola e que implicações tem na socialização das crianças, que frequentam o pré-escolar ou o 1º ciclo do ensino básico em Lisboa e Santarém. A construção de género é iniciada antes do nascimento de cada criança no seio da respetiva família, trata-se de uma construção social que se rege por regras criadas também pela sociedade que acolhe a criança e que estabelece diferenças entre o que é próprio para homens e para mulheres. Por seu turno, as crianças iniciam na mais tenra idade a sua própria identidade de género, que lhe permite ser aceite pelos seus pares e pela sociedade que a rodeia. Quer isto dizer que cada sociedade impõe determinados estereótipos de género e que as crianças são influenciadas e produtos destes mesmos estereótipos. Com objetivo de investigar que discursos são frequentemente utilizados por educadores e pelas famílias no que respeita ao género foi desenhada uma entrevista para os educadores e professores do pré-escolar e do 1º ciclo e ainda um inquérito para ao pais e mães com crianças destas idades. Foram entrevistados 8 educadores de infância e 22 docentes do 1º ciclo e ainda validados 641 inquéritos. Os resultados apontam que as perceções dos professores e das famílias são diferentes nos companheiros de brincadeira das crianças, mas similares no que respeita ao tipo de brincadeiras. Por seu turno encontramos representações de feminilidade e masculinidade no tipo de vestuário, calçado, acessórios, brinquedos e no material escolar escolhido ou adquirido para as crianças. Não foram percecionadas diferenças no processo de aprendizagem das meninas e dos meninos, mas foram percecionadas diferenças no comportamento em sala de aula, sendo ainda necessário continuar a investigar as diferenças nos percursos que podemos ou não relacionar com o abandono a nível escolar, uma vez que existem desigualdades de género a este nível.
  • As crenças dos professores sobre a motivação dos alunos no ambiente de sala de aula : estudo no 3º ciclo de escolas públicas brasileiras e portuguesas
    Publication . Silva, Rita Martins da; Peixoto, Francisco
    O presente estudo investiga as crenças dos professores sobre a motivação dos alunos no ambiente de sala de aula e teve como objetivo principal fazer um levantamento das crenças dos professores sobre a motivação dos alunos e relacioná-las com as perceções de clima de sala de aula e a motivação dos alunos. Este objetivo subdividiu-se em objetivos mais específicos, nomeadamente: Estudar as crenças dos professores sobre a motivação dos alunos; Construir e validar um questionário sobre as crenças dos professores, acerca da motivação dos alunos; Analisar a relação entre as crenças dos professores sobre a motivação dos alunos e a perceção que os alunos têm do ambiente de sala de aula; Analisar a relação entre as crenças dos professores sobre a motivação dos alunos e a motivação dos alunos; Comparar as crenças dos professores brasileiros e portugueses sobre a motivação dos alunos. Atendendo ao problema que se propõe estudar e à questão de partida à qual se procura responder recorreu-se a abordagens quantitativas e qualitativas. Desta forma, através dos resultados obtidos constatou-se uma conexão entre a componente prática e a componente teórica desta investigação, onde é possível verificar que os profissionais de educação identificaram o fator “Estratégias de Ensino” como sendo uma das principais causas para a motivação do aluno em sala de aula. Concluiu-se ainda que os professores entrevistados consideraram a motivação como elemento fundamental para a aprendizagem em sala de aula e se reconheceram como maior responsável por motivar o aluno nesse contexto. Do ponto de vista da comparação entre os professores brasileiros e portugueses e das variáveis desta pesquisa, a variável “Relação professor aluno”, mostrou uma diferença, por ser considerada pelos professores brasileiros, um fator mais significativo para a motivação dos alunos no ambiente de sala de aula. Esta dimensão é, no entanto, a mais valorizada por ambos os grupos. Nas outras duas dimensões, apesar de as diferenças não serem estatisticamente significativas, verifica-se um padrão de respostas diferente entre os professores portugueses e os professores brasileiros. A análise da relação entre as crenças dos professores sobre a motivação dos alunos e a motivação destes permitiu verificar que os alunos dos professores que se atribuem mais responsabilidade pela motivação destes, apresentam tendencialmente níveis mais elevados de motivação intrínseca.
  • Psicólogo escolar nos institutos federais de educação : analisando a identidade, a autoeficácia e o engajamento no trabalho
    Publication . Koehler, Solange Ester; Mata, Lourdes
    Esta tese objetivou definir a identidade do psicólogo que atua em contexto escolar dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IFs), perpassando pelo estudo da autoeficácia laboral e do engajamento no trabalho. Estes Institutos formam uma rede de instituições escolares distribuída por todo o território brasileiro, criada em 2008, com a oferta de cursos que vão do ensino médio técnico à pós-graduação voltada para a educação profissional e tecnológica. Inicialmente, procedeu-se a construção e validação da Escala de Crenças de Autoeficácia para Psicólogos em Contexto Escolar. Em seguida, elaborou-se um questionário com questões abertas e fechadas, para a caraterização da atuação dos psicólogos nos IFs, e incluiu-se a Escala Utrecht de Engajamento no Trabalho e a escala de autoeficácia indicada. Participaram da investigação 205 psicólogos de todos os estados brasileiros. Os resultados obtidos, revelaram que os psicólogos escolares dos IFs eram majoritariamente mulheres, com idade média de 35 anos, sendo que a grande maioria realizou curso de pós-graduação. Quanto as ações mais frequentes e o público prioritário de intervenção, verificou-se que os psicólogos dirigiam as suas ações, preferencialmente, para os estudantes, mas também, para a comunidade escolar (pais, docentes, demais colegas técnicos), observando-se uma intervenção alargada baseada na psicologia escolar crítica. No que se refere à autoeficácia laboral, identificaram-se níveis positivos nas três dimensões (Profissional, Relacional, Famíliar), embora os níveis mais baixos se relacionassem com a atuação com as famílias. Quanto ao engajamento no trabalho, os valores encontrados foram ajustados para as três dimensões: vigor, absorção, dedicação. Constatou-se que, a autoeficácia profissional e relacional foram preditores do engajamento no trabalho.
  • Aprender a ler, ler para aprender : o impacto diferencial da mediação didática de escrita inventada no processo de desenvolvimento emergente da literacia
    Publication . Albuquerque, Ana Carrelhas de; Martins, Margarida Alves
    A proposta do presente projeto de doutoramento consistiu em investigar o impacto diferencial da participação em atividades de literacia emergente, em contextos diversificados e com o foco de análise em diferentes dimensões. Numa abordagem simultaneamente quantitativa e qualitativa, lançaram-se três objetivos gerais de investigação: 1) ampliar o âmbito sócio-cultural e linguístico de aplicação dos programas de intervenção de escrita inventada; 2) estudar os efeitos longitudinais de competências de literacia emergente no desempenho em leitura e escrita; 3) explorar as dinâmicas interativas inerentes ao processo de aprendizagem da linguagem escrita em intervenção didática coletiva. Neste sentido, foram realizados cinco estudos experimentais: um estudo multicultural focado no período da idade pré-escolar, dois estudos de follow-up até ao final do 1º ano de escolaridade, um estudo longitudinal continuado até ao final do 3º ano de escolaridade e um estudo de natureza descritiva e exploratória. Participou, neste projeto, uma amostra de crianças de 5 anos de idade (alunos do último ano de educação pré-escolar) que não sabiam ler nem escrever. Na fase inicial, foram constituídos dois grupos de investigação – grupo experimental e grupo de controlo – compatíveis em diversas variáveis individuais de natureza demográfica, cognitiva e metalinguística (género, idade em meses, habilitações académicas dos pais, capacidades cognitivas, conhecimento do alfabeto, consciência silábica, consciência fonémica). Para a aplicação de medidas de literacia (escrita/leitura de palavras, escrita/leitura de pseudopalavras, fluência leitora, compreensão leitora), estabeleceram-se pontos de avaliação e recolha de dados antes e após a fase de intervenção. O programa de intervenção de escrita inventada foi realizado com as crianças participantes na condição experimental durante um período de 2 meses, ao longo de 10 sessões com frequência bissemanal. Em sessões com periodicidade e regularidade semelhantes, os grupos de controlo participaram em atividades didáticas, como leitura ou conto de histórias infantis. As sessões decorreram em grupos de quatro crianças, heterogéneos no que respeita aos conhecimentos de literacia e competências metalinguísticas e foram desenvolvidas com mediação do adulto e cooperação inter-pares. Os dados recolhidos foram analisados com recurso ao software SPSS, sendo gravadas as dinâmicas interativas e o discurso verbal de alguns grupos para complementar o tratamento estatístico com análises qualitativas. As evidências empíricas sugeriram resultados pertinentes para a investigação científica e a atuação no panorama educativo. De uma forma genérica, verificou-se que, comparativamente com os grupos de controlo, as crianças que participaram nos programas de escrita inventada: 1) obtiveram desempenhos superiores em correspondências grafo-fonológicas na escrita e leitura de palavras, medidas num prazo imediato, no período pré-escolar, em contexto português e brasileiro; 2) demonstraram resultados mais elevados no 1º ano de escolaridade em variáveis de escrita, leitura e fluência leitora, tanto com itens de palavras como de pseudopalavras; 3) alcançaram um progresso significativo até ao 3º ano de escolaridade, em medidas de acuidade de escrita e leitura de palavras e em medidas de leitura mais complexas, nomeadamente a fluência leitora e a compreensão de frases; 4) foram capazes de incorporar procedimentos de internalização e resolução da tarefa específicos através de estratégias de mediação do adulto e de colaboração inter-pares. Em síntese, estas atividades, centradas na promoção da discussão ativa e participativa das crianças sobre a escrita de palavras, surgem como uma prática benéfica no processo de aquisição inicial de literacia, podendo ser integradas no enquadramento escolar e atuar como estratégia didática em sala de aula, no período antecedente à escolaridade formal.