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O estudo do autoconceito e da auto-estima tem conhecido grande interesse no seio da Psicologia da Educação. Grande parte desse interesse reside na associação comprovada entre essas representações pessoais e indicadores de ajustamento escolar. Deste modo, o presente estudo centra-se em torno das relações entre auto-estima, autoconceito e resultados escolares. Pretendemos analisar o modo como o estatuto escolar individual diferencia os alunos relativamente à auto-estima, autoconceito, relacionamento com o grupo de pares, com a família e com a escola. Um segundo objectivo centrou-se na análise do modo como o nível de sucesso global das escolas e a frequência de actividades extra-curriculares, influenciavam as representações sobre si próprio e os resultados escolares. Pretendemos, ainda, analisar o modo como as dinâmicas relacionais se associavam com a auto-estima, o autoconceito e os resultados escolares, assim como o modo como estas relações evoluem com o desenvolvimento do adolescente.
Para a realização desta investigação procedemos à construção e adaptação de diversos instrumentos. Partindo do Perfil de Auto-Percepção para Adolescentes de Harter (1988) elaboramos uma escala de Autoconceito e Auto-Estima, introduzindo-lhe duas novas dimensões, alguns itens novos e alterando-lhe o formato de resposta. Construímos uma escala de avaliação da percepção da qualidade do relacionamento com a família e uma outra para avaliação da imagem social e do suporte fornecido pelo grupo de pares. Procedemos, ainda, ao estudo de validação de duas escalas utilizadas em estudos anteriores: a escala de atitudes em relação à escola e a escala de caracterização de grupos. Os estudos de validação comprovaram as boas propriedades psicométricas dos vários instrumentos utilizados.
O presente trabalho envolveu 955 adolescentes a frequentarem o 7º, 9º e 11º anos de escolaridade.
Relativamente ao primeiro objectivo enunciado, os resultados obtidos permitiram constatar a inexistência de diferenças na auto-estima em função do estatuto escolar do aluno. Verificou-se ainda que a relação entre o rendimento académico e a auto-estima diminui com a evolução da escolaridade. Apesar da inexistência de diferenças na auto-estima, verificou-se que o estatuto escolar introduz diferenças para algumas dimensões do autoconceito, nomeadamente no autoconceito académico. Os resultados mostraram, ainda, que os alunos sem repetências apresentam atitudes mais favoráveis em relação à escola e percepções da qualidade do relacionamento com a família mais positivas que os seus colegas de estatuto escolar inferior. No que se refere ao relacionamento com os pares não se constataram grandes diferenças em função do estatuto escolar. Os resultados permitiram também evidenciar que, para alguns alunos com história de insucesso, a protecção da auto-estima poderá estar associada à desvalorização das competências associadas à escola e à existência de auto-percepções positivas em dimensões não académicas do autoconceito.
No que se refere ao segundo objectivo, verificámos que o nível de sucesso da escola não diferencia os alunos relativamente aos níveis de auto-estima e autoconceito académico patenteados, mas introduz diferenças na atitude em relação à escola, com os alunos da escola de rendimento médio mais elevado a apresentarem atitudes mais favoráveis. Relativamente aos efeitos da participação em actividades extracurriculares verificámos que esta diferencia os alunos relativamente ao autoconceito e ao rendimento académico.
Os resultados obtidos no modelo de relações, testado através de modelos de equações estruturais, mostraram que a auto-estima é predominantemente afectada pelo autoconceito académico, pela percepção da qualidade do relacionamento com a família e pelo grau de identificação ao grupo de pares.
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Tese de doutoramento em Psicologia Educacional