PFOR - Dissertações de Mestrado
Permanent URI for this collection
Browse
Recent Submissions
- Características e impacto do abuso sexual infantil em contextos intrafamiliares e extrafamiliaresPublication . Dinis, Cláudia Sofia Vermelho; Almeida, Telma SousaO abuso sexual infantil é uma problemática com repercussões psicológicas, físicas e sociais significativas. Existem diferenças importantes entre os abusos que ocorrem em contextos intrafamiliares e extrafamiliares, refletindo variações nas dinâmicas, nos padrões de comportamento dos abusadores e nas consequências para as vítimas. O presente estudo teve como objetivo explorar as características específicas do abuso sexual intrafamiliar e extrafamiliar no contexto português, considerando práticas abusivas, duração e frequência dos abusos, perfil das vítimas e estratégias utilizadas pelos abusadores. Adicionalmente, procurouse examinar as consequências psicológicas de curto prazo para as vítimas em cada tipo de contexto (intrafamiliar vs. extrafamiliar). Para este fim, foram analisados processos e acórdãos judiciais dos tribunais de Lisboa e Almada, resultando numa amostra total de 206 casos. Os resultados evidenciaram maior gravidade nas práticas abusivas em contexto intrafamiliar, associadas também a uma maior frequência de episódios de abuso. Foi ainda observada uma variação nas estratégias de aliciamento e segredo utilizadas pelos abusadores, com diferenças significativas nas consequências psicológicas apresentadas pelas vítimas de acordo com o tipo de contexto de abuso. Em suma, o estudo identificou características distintas do abuso sexual infantil em contextos intrafamiliares e extrafamiliares, sublinhando a importância de intervenções direcionadas às especificidades de cada contexto para o apoio e proteção das vítimas.
- Autismo e o sistema de justiça: O impacto da empatia nas decisões de atribuição de penaPublication . Santos, Cláudia Filipa Machado; Almeida, Telma SousaO presente estudo teve como objetivo investigar o impacto da empatia dos jurados e do conhecimento sobre a identificação de condição de Perturbação do Espetro do Autismo (PEA) na sua tomada de decisões sobre a severidade da pena atribuída a um ofensor acusado de violação. Participaram, no total, 202 indivíduos, que foram divididos em dois grupos: um que foi informado sobre a identificação de condição de autismo do réu, enquanto o outro não recebeu essa informação. Adicionalmente, todos os participantes completaram uma escala de empatia. Os resultados indicaram que a empatia foi significativamente associada à atribuição de penas menos severas, enquanto a informação sobre a identificação de condição de autismo não impactou significativamente a severidade da pena. Além disso, não foi observada interação significativa entre empatia e identificação de condição de autismo nas decisões de pena. Estes resultados sugerem que, em casos de alta carga moral, como crimes sexuais, a empatia dos jurados pode moderar a severidade da pena, contribuindo para a compreensão de como a empatia e informações sobre saúde mental influenciam resultados judiciais, destacando implicações para práticas judiciais mais justas.
- Impacto das estratégias de estabelecimento de relação nos relatos de crianças vítimasPublication . Barbosa, Inês Monteiro; Almeida, Telma SousaO presente estudo investigou a influência do estabelecimento de relação (rapport-building) na quantidade de detalhes fornecidos por crianças vítimas, durante entrevistas realizadas no âmbito do procedimento das Declarações para Memória Futura (DMF), uma medida específica do sistema judicial português. A literatura enfatiza a importância do estabelecimento de relação em entrevistas investigativas como facilitador da comunicação, especialmente em contextos de vulnerabilidade. Este estudo centrou-se em analisar o impacto de diferentes estratégias de estabelecimento de relação na quantidade de detalhes fornecidos pelas crianças, assim como a influência de fatores individuais e relacionais, incluindo a idade e sexo da criança, e a sua relação com o alegado ofensor (intrafamiliar vs. extrafamiliar). A amostra foi composta por 146 entrevistas de crianças entre os 3 e os 17 anos de idade, conduzidas em vários Tribunais Criminais Portugueses. Os resultados indicaram que o reforço positivo e o apoio emocional foram preditores significativos no aumento dos detalhes reportados, enquanto variáveis como a idade e o sexo da criança, assim como a sua relação com o alegado ofensor não demonstraram efeitos significativos na quantidade de informações fornecidas. Estes resultados sugerem que algumas estratégias de estabelecimento de relação parecem contribuir para uma maior riqueza de detalhes nos testemunhos infantis, independentemente de variáveis demográficas e relacionais. Este estudo reforça assim a importância do uso estruturado de estratégias de estabelecimento de relação em entrevistas investigativas com crianças, com implicações para o desenvolvimento de práticas de entrevista e políticas que garantam o apoio adequado a testemunhas infantis em contextos judiciais.
- O impacto do diagnóstico de autismo na credibilidade do testemunhoPublication . Júlio, Daniela Alexandra Bastos; Almeida, Telma SousaO presente estudo investigou o impacto do diagnóstico de autismo na credibilidade atribuída ao testemunho de uma alegada vítima de violação, analisando a influência da informação do diagnóstico e do sexo de jurados fictícios. O estudo contou com 261 participantes, distribuídos em três condições experimentais, onde leram vinhetas com relatos de vítimas com e sem diagnóstico de autismo e com e sem informação adicional acerca dessa condição. A análise de variâncias revelou que a condição “Sem Autismo” resultou numa maior credibilidade atribuída à vítima por parte dos participantes, e que a presença de informação diagnóstica apesar de ter tido um efeito positivo na credibilidade, não foi estatisticamente significativa. Além disto, verificou-se que as mulheres atribuíram uma maior credibilidade ao testemunho da vítima de uma maneira geral, em comparação com os homens, mas estas diferenças também não foram estatisticamente significativas. Os resultados evidenciam que comportamentos alinhados com expectativas sociais de reação à violação influenciam a perceção de credibilidade do testemunho da vítima de violação.
- As características psicossociais em função da natureza das condenações criminaisPublication . Lopes, Diogo Filipe Cavaco; Pereira, Miguel BastoO comportamento criminal é um fenómeno com características heterogéneas em termos de perpetuação e das necessidades de intervenção para a prevenção da reincidência. Nesse sentido, diferentes estudos apontam para a pertinência da exploração das características psicossociais e individuais em sujeitos com comportamentos criminais, de forma a compreender que fatores predispõem a atividade criminal e promovem a manutenção deste comportamento. Neste sentido, o presente estudo procura analisar e comparar as competências socias e emocionais e o autocontrolo em quatro grupos com diferentes condenações, consoante a sua tipologia e gravidade. A amostra foi constituída 367 indivíduos do sexo masculino, com idades entre 18 e 83 anos, a cumprir pena em 12 Estabelecimentos Prisionais de Portugal continental. Os participantes foram distribuídos por quatro grupos, segundo a natureza do crime cometido: 1) crimes não violentos; 2) crimes violentos (excluindo homicídio e crimes sexuais), 3) crimes sexuais e; 4) homicídios. Os resultados sugerem não existirem diferenças significativas nas competências sociais e emocionais entre os grupos de condenados. No entanto, foram encontradas diferenças nos níveis de autocontrolo. Indivíduos condenados por crimes violentos (excluindo homicídio e crimes sexuais) apresentaram um menor autocontrolo em comparação com os outros grupos. Esta investigação reforça a importância de uma avaliação e intervenção individualizada dos reclusos, tendo em consideração o tipo e natureza do crime cometido, e a necessidade de desenvolver programas de promoção do autocontrolo e regulação emocional.
- “Defeito ou feitio?” O sexismo e a personalidade de estudantes universitários e a sua relação com crenças de violência sexualPublication . Franco, Rita Canteiro da Gama; Rodrigues, Andreia de CastroA Organização Mundial de Saúde define a violência sexual como um leque de ações, com vários graus, que pode variar deste o assédio verbal até à penetração forçada. Pode ocorrer a partir do uso de força física, intimidação, incapacidade da vítima para consentir, pressão social e coerção. A violência sexual trata-se de uma problemática de saúde pública, pode incorrer em qualquer contexto e tem como principal vítima, as mulheres. A presente investigação foi desenvolvida na tentativa de contribuir para a literatura desta temática a partir de um método quantitativo e foi conduzida com uma amostra de estudantes universitários (n = 166). Tem como objetivo entender os níveis de Sexismo Ambivalente, Traços de Personalidade e Crenças de Violência Sexual neste grupo, e a maneira como estas duas primeiras variáveis se podem relacionar com a terceira. Para tal, os dados utilizados foram recolhidos através da aplicação, via online, do Inventário de Personalidade de 10 Itens – Versão Portuguesa (TIPI-P), da Escala de Crenças de Violência Sexual (ECVS) e Inventário de Sexismo Ambivalente (ASI). Os resultados obtidos demonstraram que, houve diferenças entre sexos e cursos universitários, em todas as variáveis. Os homens apresentaram níveis superiores em todos os tipos de Sexismo, comparativamente às mulheres. Relativamente aos cursos, existem diferenças significativas, verificando-se que Economia apresenta níveis superiores de Sexismo Ambivalente, comparativamente a Psicologia e que Engenharia apresenta níveis superiores de Sexismo Hostil, comparativamente a Psicologia. Nos Traços de Personalidade, existem diferenças significativas entre sexos, sendo que as mulheres apresentaram níveis superiores de Amabilidade e os homens níveis superiores de Neuroticismo. Nos cursos, Psicologia apresentou níveis inferiores de Extroversão, comparativamente a Direito. No que toca às Crenças de Violência Sexual, os homens apresentaram mais crenças legitimadoras de violência sexual. No que concerne aos cursos, foram encontradas diferenças significativas em vários cursos, tanto no score total como nos cinco fatores da escala. Por fim, tanto o Sexismo Ambivalente como os Traços de Personalidade apresentaram relação com as Crenças de Violência Sexual. No entanto, a variável do Sexismo Ambivalente foi a única que revelou capacidade preditiva para as mesmas.
- The impact of early sexual initiation among male inmatesPublication . Lopes, Maria Frederica Peixoto de Sousa Mouga; Basto-Pereira, MiguelABSTRACT: Several studies have addressed the impact of early sexual initiation during adulthood, but it remained unclear how this experience might impact male inmates. The current study expanded on Ahmed et al.’s (2006) research by examining the impact of early sexual initiation on different health and antisocial outcomes among male inmates. Four hundred and one adult male inmates currently serving their prison sentences in Portugal completed questionnaires to evaluate the impact of early sexual initiation. Participants who reported early sexual initiation were likely to report more substance abuse behaviors, violent behavior, and having friends who had also been arrested. Contrary to expect, early sexual initiation appeared to have only a marginally significant impact on condom use during the last intercourse and self-control, and no relationship was observed with suicidal ideation. Different socioeconomic and psychosocial factors might increase the likelihood of early sexual initiation among male inmates and affect the impact this experience has on adulthood. These findings highlight the need for adequate screening, interventions, and sex education policies. Future scientific directions and recommendations are discussed.
- As atitudes de guardas prisionais face a comportamentos delinquentesPublication . Antunes, Beatriz Correia Rodrigues; Rodrigues, Andreia de CastroDevido à forte presença de Guardas Prisionais dentro dos Estabelecimentos Prisionais, estes detêm um importante papel naquele que é o processo de reabilitação de reclusos. Assume-se assim, a importância em entender as variáveis que influenciam a forma como estes profissionais interagem com os/as reclusos/as. Uma das mais estudadas são as atitudes. Este estudo explora as atitudes de Guardas Prisionais face a reclusos/as, tendo como principal objetivo perceber se existem diferenças significativas nestas tendo em conta o sexo de delinquente e, ainda, tendo em conta a idade, sexo, anos de serviço e nível de escolaridade de Guardas, assim, entender o tipo de atitudes e crenças desenvolvidas por estes em relação à reabilitação e, consequentemente, em relação aos reclusos/as. Para tal foi utilizada a “Escala de Atitudes em Relação a Delinquentes” (EARD) e ainda a mesma escala numa outra versão, onde os itens foram reescritos no feminino, para se comparar as atitudes entre Guardas de acordo com o sexo do/a delinquente. Foram inquiridos/as 132 Guardas Prisionais, no entanto, apenas 102 questionários foram considerados válidos, devido à falta de respostas por parte de participantes. Os resultados revelaram que Guardas de ambos os sexos demonstraram atitudes mais positivas em relação às mulheres delinquentes; Guardas mais velhos/as demonstraram atitudes mais positivas do que os mais novos/as, sendo estas também mais positivas face às mulheres delinquentes; e, Guardas com mais anos de serviço também demonstraram atitudes mais positivas do que aqueles com menos anos de serviço. Estes resultados reforçam a importância em promover formações contínuas de forma a assegurar atitudes equitativas e imparciais de Guardas Prisionais para com delinquentes
- Relação entre a exposição a violência doméstica e as diferentes formas de problemas comportamentais internalizantes e externalizantes durante a infânciaPublication . Mendes, Inês Baião; Pereira, Miguel BastoInvestigações prévias sugerem que, durante o desenvolvimento, a exposição a violência doméstica poderá representar um impacto significativo ao nível comportamental. Neste sentido, a literatura propõe que crianças expostas a este tipo de violência têm consequentemente um risco mais elevado de manifestar problemas comportamentais e ao nível da saúde mental. A presente investigação teve como objetivos avaliar se a exposição a violência doméstica é um fator de risco para problemas externalizantes (e.g. comportamento agressivo, comportamento externalizante, comportamento delinquente e problemas de atenção) e internalizantes (e.g. ansiedade e depressão) em crianças entre 2 e 11 anos. Para a realização deste estudo foi utilizada uma amostra composta por 158 crianças residentes em Portugal, 55.7% (n=88) do sexo masculino e 44.3% (n=70) do sexo feminino, com uma média de idades de 6.16 anos (DP=1.83). Os pais das crianças preencheram o Questionário Sociodemográfico e o Child Behavior Checklist (CBCL). Os resultados do presente estudo sugerem que a exposição de crianças a violência doméstica é um fator de risco para problemas externalizantes, mas não é um fator de risco para problemas internalizantes. Estudos futuros deverão aprofundar estas questões de investigação com uma amostra mais ampla e devem utilizar múltiplas fontes de informação em simultâneo. Implicações clínicas e sociais são discutidas.
- Cada um vê mal ou bem, conforme os olhos que tem: A relação entre os traços de personalidade de guardas prisionais, os seus níveis de burnout e as suas atitudes face a indivíduos que cometeram crimesPublication . Infante, Inês Pinto Resende; Rodrigues, Andreia de CastroGuardas Prisionais detêm funções extremamente complexas e exigentes que passam por garantir a segurança de toda a população prisional, bem como contribuir eficazmente na ressocialização da população reclusa. O presente estudo tem como finalidade compreender a relação entre os traços de personalidade de Guardas Prisionais, os seus níveis de burnout e as suas atitudes face a delinquentes. Para o efeito, recorreu-se aos instrumentos “Escala de Atitudes em Relação aos Delinquentes” (EARD), ao Inventário Breve de Personalidade (TIPI-P) e à medida de burnout de Shirom-Melamed (MBSM), aplicados a uma amostra de 108 Guardas Prisionais do contexto português. Os resultados do estudo revelaram que apenas o traço da abertura evidenciou uma correlação positiva com a idade. Ao nível da personalidade, os traços da amabilidade, estabilidade emocional e abertura estão significativamente correlacionados de forma negativa com o burnout. A estabilidade emocional está significativamente correlacionada de forma negativa com a dimensão do burnout fadiga física, e a amabilidade, a abertura, a conscienciosidade e a estabilidade emocional estão significativamente correlacionadas negativamente com a fadiga cognitiva. Ainda, os traços da amabilidade, abertura à experiência e estabilidade emocional encontram-se significativamente relacionadas negativamente com a dimensão exaustão emocional. Nenhum dos traços de personalidade evidenciou nenhuma correlação com as atitudes de Guardas Prisionais face aos delinquentes. Este estudo salienta a importância dos traços de personalidade enquanto fatores protetores do desenvolvimento de burnout em Guardas Prisionais, e a necessidade de um conhecimento mais aprofundado dos fatores de risco para o mesmo. Salienta, ainda, a necessidade de formações adequadas para fomentar atitudes mais favoráveis de Guardas Prisionais face à população reclusa, com vista ao sucesso da reabilitação e ressocialização da mesma.