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- Retenção escolar no 1º Ciclo de Educação Básica: Aspetos académicos, cognitivos e socioafetivos envolvidos na tomada de decisãoPublication . Santos, Natalie de Nóbrega dos; Monteiro, VeraUma prática pedagógica controversa utilizada no apoio aos alunos que apresentam dificuldades académicas é a retenção escolar. No entanto, de acordo com a literatura científica, a retenção não melhora, a longo prazo, o desempenho académico dos alunos ou o seu funcionamento socioemocional. Por esta razão, de acordo com a legislação portuguesa, esta medida deveria ser aplicada “a título excecional”. Contudo, as taxas de retenção no 1.º ciclo de educação básica, especificamente no 2.º ano de escolaridade, são elevadas, indicando que a decisão de retenção é mais frequente do que um caráter de excecionalidade faria prever. Todavia, existe pouca informação sobre como a decisão de reter um aluno é tomada na prática educativa. A presente tese pretendeu compreender o processo de tomada de decisão relativamente à retenção de alunos no 1.º ciclo do ensino básico. Mais especificamente estudamos quais as crenças dos professores que estão subjacentes à tomada de decisão da retenção, quais as características académicas, cognitivas e socioafetivas dos alunos consideradas nessa decisão e quais as políticas educativas que as escolas desenvolvem para ajudar aos professores nesse processo decisório. Dois estudos foram desenvolvidos para cumprir com estes objetivos: um estudo correlacional que contou com a participação de 449 professores do 1.º ciclo do ensino público de Portugal Continental e da Região Autónoma dos Açores, e um estudo misto convergente, onde participaram 358 professores de 68 escolas públicas e privadas da Região Autónoma da Madeira (RAM). Para a recolha da informação foram utilizados dois questionários online que avaliavam os constructos em estudo e foi realizada uma análise documental dos instrumentos de autonomia das escolas da RAM. Os resultados destes dois estudos, apresentados ao longo de cinco artigos científicos, indicaram que os professores portugueses acreditam, na sua maioria, na efetividade da retenção para a prevenção do insucesso escolar dos alunos. Estas crenças são mantidas num complexo sistema de crenças psicopedagógicas, estando relacionadas com as crenças sobre o processo de ensino/aprendizagem, avaliação e desenvolvimento da inteligência, assim como com as crenças sobre a efetividade e dificuldade de implementação de outras intervenções para promover o sucesso escolar, como a diferenciação pedagógica e o apoio individualizado. As crenças sobre a efetividade da retenção são, para muitos professores, centrais, sendo defendidas com um elevado grau de convicção, estando influenciadas principalmente pelas crenças da comunidade educativa, pela formação académica, e pela sua experiência profissional. Os resultados também mostraram que as crenças sobre a efetividade da retenção estão relacionadas com o seu uso da retenção, funcionando também como filtros de informação, influenciando quais as características dos alunos que são consideradas relevantes na tomada de decisão. Finalmente, também observamos que as políticas educativas das escolas parecem trazer alguma coerência às ações dos diferentes professores, mas a maioria das escolas da RAM não definem critérios ou procedimentos que guiem aos seus professores no processo de tomada de decisão da retenção. São discutidas algumas implicações para a investigação na área da cognição dos professores, para a formação docente e para o desenvolvimento de políticas educativas sobre a retenção escolar.