Browsing by Author "Martins, Ana Cristina Carvalho"
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- A construção social dos maus tratos (I)Publication . Sousa, Elizabeth; Martins, Ana Cristina Carvalho; Fonseca, AlexandraEste artigo pretende iniciar uma discussão sobre a construção social dos maus tratos físicos. Um mesmo acto criminoso perpretado por um agente de estatuto social elevado ou de estatuto social baixo emerge como duas realidades distintas com impacte na decisão judicial. Colocou-se a hipótese de que com o tempo, com a experiência e com a crescente informação sobre o tema poder-se-iam esperar diferenças entre leigos e peritos. No entanto, os peritos no âmbito do Direito não diferem dos leigos nesta matéria. Ambos partilham teorias implícitas sobre os maus tratos que desafiam o princípio de igual tratamento para todos os cidadãos. Por fim, os dados são discutidos em termos de modelo das inferências correspondentes. Curiosamente, a intenção não tem um papel central na imputação de características disposicionais.
- A influência da informação acerca dos candidatos sobre o desempenho de leigos, iniciados e especialistas em selecção de pessoalPublication . Martins, Ana Cristina Carvalho; Jesuíno, Jorge CorreiaA presente dissertação analisa a influência da especialização académica em selecção de pessoal, quer técnica, quer sobre os enviesamentos passíveis de ocorrerem na formação de impressões, na atribuição causal e no teste de hipóteses (formação em cognição social) e do fornecimento de informação desfavorável acerca da personalidade de uma candidata a par de dados positivos relacionados com outras dimensões, sobre as teorias implícitas acerca dos requisitos de determinada função, a formação de impressões, as estratégias de recolha de informação durante a entrevista, o parecer final e a confiança com que este é emitido. Para tal, sujeitos academicamente leigos, iniciados, especialistas e especialistas com formação em cognição social foram distribuídos, aleatoriamente, por duas condições experimentais: uma, em que foram confrontados com informação desfavorável acerca da personalidade de uma suposta candidata a determinada função e, outra, em que esta informação era favorável. Os dados disponibilizados relativamente a outras dimensões (habilitações literárias, experiência profissional, interesses e aptidões) foram positivos em ambas as condições. Trata-se, pois, de um estudo experimental que assenta num plano factorial de 4 x 2. Porque se considera que a forma como as questões têm sido categorizadas em estudos realizados sobre teste de hipóteses acerca dos outros se reveste de algumas incorrecções, nesta dissertação pretende-se sugerir um procedimento melhorado para o fazer. Administrou-se um questionário aos sujeitos em que, uma vez apresentada a função, lhes foi solicitado que descrevessem os seus requisitos. Imediatamente a seguir, os sujeitos foram confrontados com a descrição da candidata, após o que avaliaram a sua adequação e formularam as questões que gostariam de lhe colocar numa entrevista de selecção, bem como o objectivo de cada uma delas. Por último, emitiram o parecer final a seu respeito e classificaram o grau de confiança com que o faziam. Relativamente à formação de impressões acerca da experiência profissional, dos interesses e das aptidões da candidata, ao formato das questões e ao parecer produzido, as diferenças encontradas abonam a favor dos especialistas, dado se ter verificado, consistentemente, uma distorção de positividade (Sears, 1983), também vulgarmente conhecida por efeito de brandura (Bruner & Tagiuri, 1954), no grupo dos leigos. Ainda assim, a segurança manifestada por estes quanto ao parecer por si produzido foi maior do que a dos especialistas. Apesar de os resultados relativos aos efeitos da especialização serem favoráveis aos especialistas, contrariamente aos estudos anteriores, a manipulação experimental realizada levou, especialistas, mesmo que com formação em cognição social, e não especialistas a cometerem distorções de negatividade (e.g., Anderson, 1965; Hamilton & Zanna, 1972; Van der Pligt & Eiser, 1980). A pretensão de adopção de um procedimento melhorado relativamente à operacionalização das estratégias de teste das hipóteses parece ter sido atingida, dado que não se encontraram questões irrelevantes e que não surgiram dúvidas quanto à favorabilidade da informação que era procurada pelos sujeitos. Os resultados são discutidos à luz da literatura e em termos das implicações para a formação em selecção de pessoal, bem como para futuros estudos, partilhando-se a opinião de autores como Binning, Goldstein, Garcia e Scattaregia (1988) e de Dougherty, Turban e Callender (1994) que consideram que os técnicos de selecção não devem ter acesso a informação prévia acerca dos candidatos que terão de entrevistar.
- A influência do estatuto social dos arguidos, dos autos dos crimes e do nível de especialização em direito sobre o julgamento jurídico: O caso dos maus tratos a menoresPublication . Martins, Ana Cristina CarvalhoEste estudo analisa a influência do estatuto social dos arguidos, da alusão à sua personalidade na descrição dos crimes e do nível de especialização em Direito sobre o julgamento de um caso de maus tratos físicos infligidos a um menor por sua mãe. Contrariamente a estudos anteriores, os resultados não evidenciaram quaisquer efeitos significativos do estatuto social da arguida sobre o julgamento do crime por si cometido. A alusão à sua personalidade desfavorável levou os sujeitos a, no caso da arguida de estatuto social baixo, colocarem um menor número de questões acerca da sua intenção ao executar o acto, facto interpretado a luz da distorção de negatividade. Em termos gerais, encontraram-se semelhanças entre os três níveis de especialização abordados, aspecto que abona a favor da convergência de perspectivas entre especialistas e não especialistas acerca desta problemática, tal como já evidenciado por outros trabalhos.------ ABSTRACT ------ This study analyses the influence of the defendants´ social status, of the alusion to the personality in the crimes´ descriptions, and of the level of expertise in Law on the judgment of child physical abuse. Contrarily to previous studies, results didn´t show no significant effects of the defendant´s social status on the crime´s judgment. The alusion to her desfavorable personality lead the subjects to formulate a fewer number of questions about her intention in the case where the defendant was of low social status, fact interpreted in the light of the negativity bias. In general, there were found similarities between the three levels of expertise, wich go in favour of the convergence of perspectives between experts and non experts about this problematic, as showed by other works.
- O julgamento dos maus tratos a menores no seio da família. Efeitos do nível de especialização em direito e do parentesco do agressorPublication . Martins, Ana Cristina CarvalhoEste estudo analisa a influência do nível de especialização em Direito e do parentesco do agressor sobre o julgamento de um caso de maus tratos físicos a um menor. Em termos gerais, encontraram-se semelhanças entre os dois níveis de especialização abordados (leigos e sub-especialistas), aspecto que abona a favor da convergência das suas perspectivas acerca desta problemática, tal como já evidenciado por outros trabalhos. Também o parentesco do agressor do menor (pai/padrasto) não produziu diferenças significativas quanto à forma como este foi julgado.
- “No pior dos mundos possíveis”: O pensamento contrafactual e a percepção do crime de violação contra as mulheresPublication . Martins, Ana Cristina CarvalhoA avaliação do desenlace de determinada situação, por nós experienciada ou observada, é realizada, boa parte das vezes, com base em alternativas imaginadas para a mesma, alternativas que concorrem para um outro remate final e que podem consistir em eliminar, substituir ou distorcer os seus antecedentes temporais ou causais (e.g., Nario- Redmond & Branscombe, 1996; Roese & Olson, 1993; Wells & Gavanski, 1989). Estas simulações mentais são designadas, na literatura, de pensamentos contrafactuais e decorrem da nossa propensão para gerar, espontaneamente, vários mundos possíveis nos quais os eventos se configuram com um desfecho diferente, principalmente, ainda que não só, quando esses eventos nos são adversos, provocando-nos, nomeadamente, reacções afectivas negativas (e.g., Kahneman & Miller, 1986; Miller, Turnbull, & McFarland, 1990). Desde o trabalho basilar de Kahneman e Tversky (1982a) que múltiplos estudos se têm desenvolvido, debruçando-se, em particular, sobre três vertentes distintas: As leis que governam esta forma de proceder à reversão do passado, as suas consequências e funções e a sua relação com a atribuição causal. Quanto à primeira, tem sido possível concluir que existem constrangimentos ao nível do pensamento contrafactual, ou seja, que o mesmo é regido por regras, as quais determinam a maior ou menor mutabilidade de uns antecedentes relativamente a outros. No que respeita à segunda, verifica-se que o processo referido não é psicologicamente inócuo pois, uma vez activado, afecta um vasto leque de julgamentos e sentimentos, servindo, paralelamente, várias funções (e.g., Galinsky et al., 2005; Johnson & Sherman, 1990; Kray et al., 2010; McMullen, Markman, & Gavanski, 1995; Markman et al., 1995; Markman & Tetlock, 2000; Markman & Weary, 1998; Roese, 1994; Roese & Olson, 1995a; Sanna, 1996; Sanna & Turley-Ames, 2000; Sherman & McConnell, 1995). À abordagem funcional do pensamento contrafactual veio juntar-se a asserção, e posterior comprovação empírica, de que este poderia ser nefasto para alguns sujeitos, nomeadamente para aqueles que se encontrassem deprimidos, como é o caso das vítimas de violação (e.g., Markman, Karadogan, Lindberg, & Zell, 2009; Markman & Miller, 2006; Markman & Weary, 1996; Quelhas, Power, Juhos, & Senos, 2008; Sherman & McConnell, 1995; Tykocinski & Steinberg, 2005). Por fim, os estudos dedicados à sua relação com o processo de atribuição causal têm defendido posições díspares, compondo uma controvérsia ainda persistente (para uma revisão da literatura e proposta de um modelo de integração ver, e.g., Senos, 2008) Na presente dissertação analisámos o pensamento contrafactual acerca da violação e a percepção deste crime, versando sobre as três vertentes enunciadas, com o objectivo de produzir um conhecimento mais aprofundado acerca do mesmo. Paralelamente, inspirados nos trabalhos de Byrne (2005) e de Mandel e Lehman (1996), estudámos o grau de mutabilidade dos comportamentos proibidos da vítima em termos do não cumprimento de normas de segurança, explorando, desta forma, uma variável escassamente abordada, a qual designámos de Factor prevenção. Foram realizados treze estudos, maioritariamente de natureza experimental e com recurso a cenários, agrupados em cinco séries de acordo com a lógica e propósitos subjacentes. Os resultados evidenciaram uma tendência preponderante e consistente para a focalização em comportamentos da vítima, mesmo perante outros antecedentes disponíveis. Estes são discutidos em termos da funcionalidade do pensamento contrafactual junto de observadores e de vítimas de violação, e das potenciais consequências daí decorrentes, nomeadamente no que respeita a um discurso que pode configurar uma situação de heterovitimização secundária e ao comprometimento do suporte social a ser prestado às mesmas. ----------- ABSTRACT ---------- The evaluation of the outcome of a given situation, experienced or observed by us, is done majorly by imagining alternatives to it. This alternatives tend to promote a different scenario and may consist in eliminating, substituting or distorting its' causal or temporal antecedents (e.g., Nario-Redmond & Branscombe, 1996; Roese & Olson, 1993; Wells & Gavanski, 1989). These mental simulations, designated, by the literature, as counterfactual thoughts emerge from our tendency to generate, spontaneously, several possible worlds in which events may conduct to different outcomes, especially when factual events are negative or adverse, inducing negative affective reactions (e.g., Kahneman & Miller, 1986; Miller, Turnbull, & McFarland, 1990). Since the seminal work of Kahneman and Tversky (1982a), several studies have been developed, focusing, particularly, on three different issues: The laws that govern this form of reversal of past events, their consequences and functions, and its relation with causal attribution. In a first place, it has been possible to conclude that there are some constraints to counterfactual thinking, that is, there are some rules that determine the level of mutability of the various antecedents of an event. The second plane of thought has stated that the referred process is not psychologically neutral given that once activated it affects a vast spectrum of judgements and feelings and serve several functions (e.g., Galinsky et al., 2005; Johnson & Sherman, 1990; Kray et al., 2010; McMullen, Markman, & Gavanski, 1995; Markman et al., 1995; Markman & Tetlock, 2000; Markman & Weary, 1998; Roese, 1994; Roese & Olson, 1995a; Sanna, 1996; Sanna & Turley-Ames, 2000; Sherman & McConnell, 1995). To the predominant functional approach to counterfactual thinking joins the empirical observed assertion that this kind of mental product could also carry severe disadvantages to subjects, namely to depressed people, as is the case of rape victims (e.g., Markman, Karadogan, Lindberg, & Zell, 2009; Markman & Miller, 2006; Markman & Weary, 1996; Quelhas, Power, Juhos, & Senos, 2008; Sherman & McConnell, 1995; Tykocinski & Steinberg, 2005). Finally, the works about the relationship between counterfactual thought and the process of causal attribution have produced antagonistic results, resulting in a controversial debate until today (for an updated literature revision and an integrative model see, e.g., Senos, 2008). Within this thesis we set ourselves to analyse counterfactual thought about rape and the perception of this crime, anchoring on this three lines of investigation, in attempt to produce a more profound knowledge about this scientific field. Also, based on the work of Byrne (2005) and on that of Mandel and Lehman (1996), we studied the level of mutability of the forbidden behaviours of the victim in the sense that do not respect security norms. Thus, we explore a still little studied variable that we designated by Factor of preventability. We have conducted thirteen studies, primarily of experimental nature and using scenarios, grouped in five series according with their logic and objectives. Results showed a preponderant and consistent tendency for participants to focalize on victim’s behaviours, even when in the presence of another antecedents. We discuss them in terms of the functionality of counterfactual thinking for observers and rape victims, and in terms of its potential consequences, namely in respect to a discourse that may be traduced in a secondary hetero-victimization and in respect to the probable failure of social support to be provided to these women.
- As questões irrelevantes e a categorização das estratégias de Teste de Hipóteses acerca dos outros: Um (novo) enviesamento do investigador? – Exemplo de aplicação do coeficiente KappaPublication . Martins, Ana Cristina CarvalhoEste artigo consiste na proposta de um procedimento alternativo ao usualmente adoptado na categorização das questões formuladas nos estudos de teste de hipóteses acerca dos outros. Em alguns deles (e.g., Devine, Hirt & Gehrke, 1990; Martins, 1996; Snyder & Swann, 1978; Swann & Giuliano, 1987), tal categorização tem oferecido dificuldades aos juízes codificadores, cuja solução adoptada se considera poder constituir uma fonte de enviesamentos. O procedimento utilizado por Martins (1995) é apresentado como uma alternativa aos das investigações anteriores, ao mesmo tempo que se discutem as suas desvantagens.
- O regime de horário de trabalho e a vida social e doméstica: Satisfação e estratégias de coping – Um estudo numa amostra de enfermeirosPublication . Martins, Patrícia; Martins, Ana Cristina CarvalhoO presente estudo compara trabalhadores com diferentes sistemas de horário de trabalho ao nível da sua satisfação com a vida social e doméstica e das estratégias de coping por si utilizadas para lidar com a vida social, com a vida doméstica, com o sono e com o trabalho. Foi administrado um questionário constituído por três das escalas do Standard Shiftwork Index (Barton et al., 1993) – Situação social e doméstica, 545 Coping e Informação biográfica – a dois grupos de sujeitos. Destes, 60 trabalhavam em sistema de turnos rotativo e 40 em regime de horário fixo diurno, todos enquanto enfermeiros de um mesmo Hospital Distrital Nacional. Os resultados obtidos revelam a existência de diferenças significativas somente no que respeita à adopção de algumas estratégias de coping, sendo discutidos à luz da literatura, da equivalência dos dois grupos e das implicações para futuros estudos e para a prática.