Browsing by Author "Machado, Carla"
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- Abuso sexual na infância e adolescência : Resiliência, competência e copingPublication . Antunes, Carla; Machado, CarlaO presente trabalho reporta uma revisão crítica da literatura ao nível da resiliência no domínio do abuso sexual na infância e adolescência. Esta é uma área que tem sido pouco explorada, em certa medida, devido a problemas metodológicos e de conceptualização do constructo. Não obstante a diversidade e controvérsia de propostas conceptuais, é relativamente consensual que a resiliência não é sinónimo de invulnerabilidade mas que significa uma maior capacidade da criança/jovem para manter o curso desenvolvimental normativo face a uma situação de stress ou adversidade. Assim, no presente artigo é discutido o conceito de resiliência enquanto resultado desenvolvimental adaptativo na sequência de uma experiência adversa. Neste âmbito, são exploradas as principais linhas de investigação nas últimas décadas, e sistematizadas conclusões centrais neste domínio. Do mesmo modo, são ainda definidos desafios e direcções futuras em termos de investigação. As conclusões da presente revisão advertem para o papel interactivo e generativo da criança/jovem vítima e dos seus contextos de vida no percurso de mudança desenvolvimental. Neste sentido, a adaptação positiva não é uma tarefa individual da vítima mas de todos os intervenientes envolvidos, nomeadamente em termos de disponibilidade de condições e redes de suporte favoráveis a uma recuperação adaptativa.
- A construção mediática do tráfico de seres humanos na imprensa escrita portuguesaPublication . Couto, Dulce; Machado, Carla; Gonçalves, Rui AbrunhosaO crescente reconhecimento do tráfico de seres humanos ao longo da última década deveu-se, em grande parte, à acção dos órgãos de comunicação social, quer enquanto veículos transmissores de informação massificados, quer enquanto participantes activos no processo de construção da realidade. Este duplo papel justifica a necessidade de estudo dos seus produtos no sentido de melhor compreender os fenómenos sociais e, particularmente, aqueles que se associam ao desvio. Da análise das notícias publicadas por dois jornais diários de distribuição nacional emerge uma sobreposição frequente entre tráfico, prostituição e imigração ilegal, fruto de um predomínio de narrativas sobre exploração sexual de mulheres, contribuindo para a presença de estereótipos e mensagens de alarme social. No entanto, os actores principais das histórias são arredados da arena das narrativas, sendo os seus discursos subalternizados face à acção dos órgãos de polícia criminal, atribuindo-lhes o controlo do conhecimento difundido sobre o fenómeno. Sublinha-se, por fim, a necessidade da adopção de códigos de conduta por parte dos agentes dos meios de comunicação de massas que permitam evitar a emissão de mensagens que apelam ao estigma e ao pânico e que promovam a reconciliação das pressões comerciais com o interesse público, a responsabilidade ética e social.
- Crenças e atitudes dos atletas universitários face à violência sexual no namoroPublication . Peixoto, Judite; Machado, Carla; Matos, MarleneNos últimos anos tem aumentado o interesse da investigação empírica pelo papel dos atletas universitários na perpetração de atos de violência sexual contra as mulheres. Estudos internacionais apontam consistentemente para a sobre representação dos atletas universitários como perpetradores frequentes de agressões sexuais nas relações de namoro. Assim, a participação atlética parece desempenhar um papel significativo na adesão a mitos socioculturais e a atitudes estereotipadas de género, assumindo-se como um importante preditor para a prática de atos sexualmente abusivos. Com este estudo exploratório procurámos analisar as diferenças entre dois grupos de estudantes universitários do sexo masculino, atletas e não atletas, quanto ao grau e tipo de crenças de tolerância/aceitação face à violência sexual no contexto das suas relações amorosas não conjugais (namoro). Para tal, utilizámos a Escala de Crenças sobre a Violação, que foi administrada a uma amostra total de 100 participantes do sexo masculino (50 atletas - praticantes de modalidades desportivas de contacto -, e 50 não atletas). Os resultados obtidos indicam que os atletas universitários não apresentam níveis globais superiores de legitimação da violência sexual na intimidade, embora evidenciem, tal como os não atletas, um nível médio superior de legitimação da violência sexual em torno do fator consentimento feminino. Este dado corrobora a asserção de que há uma dificuldade significativa em se perceber os contactos sexuais ocorridos na intimidade como podendo ser não consentidos e em se culpabilizar as mulheres pela sua ocorrência, aumentando assim a probabilidade de perpetração de atos sexuais abusivos. É, assim, importante desenvolver-se, futuramente, programas educativos de prevenção da violência sexual no namoro focados nas dimensões cognitivo-atitudinais, dirigidos à população universitária atlética.
- Criminalidade feminina e construção do género : Emergência e consolidação das perspectivas feministas na criminologiaPublication . Matos, Raquel; Machado, CarlaNeste artigo, são analisadas as perspectivas feministas na criminologia, em particular, os discursos sobre criminalidade feminina e construção do género. Parte-se de uma visão ampla sobre feminismos e construção de conhecimento e apresenta-se uma revisão histórica da emergência e da consolidação das perspectivas feministas na criminologia. Discute-se em particular o argumento feminista de que a construção social do género pauta os percursos de vida das mulheres que transgridem, e se reflecte na resposta formal e informal a essas transgressões. São analisadas as principais críticas tecidas pelas autoras feministas ao que designam de ‘discursos tradicionais’ sobre mulher e crime e as propostas que apresentam de reconstrução desses discursos.
- Discursos sociais sobre a violência de Estado : Um estudo qualitativoPublication . Barbosa, Mariana Josefa de Azevedo; Machado, Carla; Matos, Raquel; Barbeiro, AnaAssistimos, na actualidade, a uma crescente preocupação com o papel das políticas de acção dos governos na perpetuação de ciclos de violência. No entanto, a violência de Estado (da guerra à tortura, ou à violência policial) foi, até recentemente, um tema negligenciado pela comunidade criminológica (Aas, 2007; Young, 2007). O presente estudo visa conhecer a real extensão da tolerância e legitimação da violência de Estado por parte dos cidadãos comuns. Apesar de este texto se focar apenas nos dados portugueses, este é um projecto que está a ser conduzido em quarenta e três países de todo o mundo através do Group on International Perspectives on Governmental Aggression and Peace (GIPGAP). Com o intuito de contribuir para o conhecimento dos processos de legitimação da violência de Estado por parte de cidadãos portugueses, procedeu-se a uma análise comparativa do posicionamento de 600 participantes face a diferentes tipos de violência de Estado. Partindo da identificação dos argumentos utilizados pelos participantes para legitimar ou rejeitar cada tipo de violência, procurou-se depois perceber em que medida estes posicionamentos se diferenciam em função do grau de normatividade do acto (percebido como legal ou ilegal), da sua natureza (por exemplo: agressão ou morte) e do alvo do mesmo (por exemplo: civis ou prisioneiros de guerra).
- O envolvimento na luta armada política em Portugal : A perspectiva dos seus actoresPublication . Raquel, Beleza Pereira da Silva; Machado, CarlaEste estudo analisa o envolvimento em movimentos de luta armada política em Portugal, através da perspectiva dos seus participantes. Assim, explorou-se a iniciação/entrada no grupo; as dinâmicas interpessoais dentro do grupo; a vida dentro do grupo versus vida quotidiana; a gestão da clandestinidade; o papel das mulheres no movimento; as justificações de ordem ética, moral, psicológica, ideológica para as acções empreendidas; a gestão de momentos e acções percebidos como desconfortáveis; a gestão da dúvida e questionamento; o suporte popular; e o sentido das acções e do envolvimento, no passado e no presente. Recorreu-se a uma metodologia de natureza qualitativa, realizaram-se entrevistas semiestruturadas a participantes em movimentos de luta armada política em Portugal no passado, permitindo, deste modo, uma apresentação e discussão dos resultados que espelham o posicionamento e a opinião daqueles aos tópicos supracitados, comparados, quando possível, com os dados recolhidos na literatura.
- Escala de crenças sobre violência sexual (ECVS)Publication . Martins, Sonia; Machado, Carla; Gonçalves, Rui Abrunhosa; Manita, CelinaA incorporação e partilha das concepções culturais dominantes acerca da sexualidade, da violência, da violação e de outras formas de violência sexual têm consequências tanto para a vida dos indivíduos como para a vida em sociedade. Atitudes sexistas e crenças legitimadoras da violação têm consistentemente sido associadas com uma maior probabilidade de agressão e violência sexual. As atitudes face à violência sexual parecem também estar associadas com os papéis tradicionais de género, sobretudo os que se prendem directamente com o comportamento sexual. A ECVS mede o grau de tolerância/aceitação do sujeito quanto ao uso de violência desta natureza. Quanto mais elevada for a pontuação total da escala, mais elevado será o grau de tolerância/aceitação do sujeito quanto ao uso de violência sexual. A ECVS foi administrada a uma amostra nacional de 1000 estudantes universitários, analisando-se as suas características psicométricas. A análise factorial de componentes principais (com rotação varimax) permitiu obter cinco factores. A consistência interna da escala, obtida através do coeficiente alpha de cronbach, é de 0.91. Discutem-se as implicações dos resultados obtidos, quer em termos da análise da capacidade da ECVS para detectar atitudes e crenças associadas com a violência sexual, quer em termos da análise do seu contributo na construção e implementação de programas de intervenção e prevenção.
- Género e violência conjugal: Uma relação culturalPublication . Dias, Ana Rita Conde; Machado, CarlaO presente artigo destaca a necessidade de atender às questões de género na análise do fenómeno da violência contra a mulher, considerando que a construção social do género é constitutiva da vivência cultural deste fenómeno. Partindo de uma breve revisão de como a diferença entre homens e mulheres tem sido abordada, da análise da forma como a noção de “género” tem sido conceptualizada e, com base na abordagem construcionista social, defende-se a sua natureza não só social mas também cultural. Seguidamente, procede-se a uma análise do modo como a relação violência conjugal e género tem sido equacionada na comunidade científica e nas diferentes abordagens teóricas. Face às controvérsias existentes, às limitações das várias abordagens e, partindo da conceptualização do género enquanto construção sócio-cultural, propomos uma abordagem cultural da relação violência/género. Sob esta abordagem, consideramos que a violência conjugal e o género não devem ser analisados isoladamente, mas que estão interligados, sendo o género uma parte integrante e constitutiva do enquadramento cultural do fenómeno da violência.
- Intervenção em grupo com vítimas de violência doméstica : Uma revisão da sua eficáciaPublication . Matos, Marlene; Machado, Andreia; Santos, Anita; Machado, CarlaApós o reconhecimento social, a violência doméstica tem adquirido progressivamente uma expressão significativa nas estatísticas criminais no nosso país. Paralelamente, atendendo aos elevados custos que habitualmente estão associados a esta experiência (e.g., saúde física e psicológica), a actuação de profissionais especializados nesta área foi assumindo cada vez mais relevância, constituindo-se a mulher vítima como um dos principais alvos da intervenção. Nesse contexto, assistiu-se nos últimos anos ao desenvolvimento de diferentes modalidades psicoterapêuticas dirigidas a essa população, entre as quais a intervenção em grupo. O objectivo deste trabalho consiste, pois, em sistematizar o conhecimento actual sobre a eficácia da intervenção em grupo com mulheres vítimas desse tipo de violência, reflectindo criticamente sobre as suas potencialidades. Após uma revisão da literatura internacional (e.g., Cox & Stolberg, 1991; McBride, 2001; Rinfret-Raynor & Cantin, 1997; Tutty, Bidgood, & Rothery, 1993), constata-se que essa é uma das mais comuns modalidades de intervenção facultadas às vítimas, revelando-se útil e com grande impacto junto dessas mulheres (e.g., Trimpey, 1989, citado por McBride, 2001; Tutty et al., 1993). Finalmente, a partir dos estudos disponíveis, apontamos os principais desafios no desenvolvimento de estudos empíricos neste contexto, bem como algumas implicações práticas para a implementação de intervenções em grupo com esta população.
- Práticas de prevenção da violência nas relações de intimidade juvenil : Orientações geraisPublication . Caridade, Sónia; Saavedra, Rosa; Machado, CarlaA prevenção da violência nas relações de intimidade juvenil foi, durante muito tempo, negligenciada no âmbito da intervenção e investigação sobre este tema. Todavia e não obstante o adiamento na proliferação destes esforços, o quadro científico internacional apresenta-nos hoje programas de prevenção exemplares, dirigidos à população juvenil, numa óptica de prevenção primária do problema, e com resultados muito promissores. Com este artigo, pretendemos precisamente analisar o estado da arte em termos das práticas internacionais e nacionais, em matéria de prevenção da violência nas relações de intimidade juvenil. Pretendemos ainda, e tendo por base aquele que é o conhecimento científico nesta área, esboçar algumas recomendações gerais neste âmbito e mais especificamente, as componentes a privilegiar na elaboração dos programas de prevenção. Por último, procuraremos ainda debater sobre os desafios futuros em matéria de prevenção.