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Abstract(s)
O presente estudo tem como pano de fundo a convicção de que um exercício maduro e consciente da cidadania na idade adulta poderá ser determinado pela qualidade das vivências experimentadas pelo sujeito em clima escolar. De facto, a educação para a cidadania tem sido, de há uns anos para cá, uma preocupação constante dos agentes educativos e da sociedade em geral, por ser basilar na aquisição de uma consciência democrática, apoiada em critérios de justiça.
Transversalmente subjacente a este estudo, está a crença de que o modelo da escola como comunidade justa, tal como proposto por Kohlberg, constituirá uma oportunidade fulcral para a vivência da democracia, da justiça e dos direitos e deveres cívicos, com incontornáveis ganhos para o desenvolvimento sócio-moral do indivíduo, com todas as consequências benéficas daí decorrentes para o próprio indivíduo, para os ambientes em que se insere e, inevitavelmente, para a sociedade em geral.
Assim, este trabalho assenta em pressupostos teóricos provenientes de dois grandes campos: do da Psicologia Social, nomeadamente da investigação na área das percepções de justiça e do da Psicologia do Desenvolvimento, em particular do modelo de escola como comunidade justa. Do primeiro subjaz a ideia de que o modo como os adolescentes avaliam a forma de tratamento dos seus professores poderá influenciar os seus comportamentos de cidadania, nomeadamente os de solidariedade e cooperação; do segundo, a ideia de que a vivência da comunidade justa poderá incrementar a qualidade das representações do sujeito sobre os direitos e deveres cívicos, favorecendo dimensões do comportamento sócio-moral que se prendem com o exercício maduro da cidadania democrática.
Este estudo teve as seguintes finalidades: a) aprofundar o conhecimento da experiência social da cidadania dos estudantes na escola, com base na análise da representação dos estudantes sobre a justiça dos professores e sobre a cidadania em contexto escolar; b) perceber a relação entre as percepções de justiça e as representações acerca da cidadania na escola aferindo, de igual modo, a moderação desta relação pelo índice de competência moral, o sexo, idade e ano de escolaridade; c) dar um contributo para o estudo da relação entre cognição e acção. Assim, a hipótese básica subjacente a este estudo é a de que a avaliação do carácter de justiça que os alunos fazem dos seus professores poderá influenciar as suas representações e comportamentos de cidadania, e de que essa relação poderá ser moderada pela competência moral, idade, ano de escolaridade e género dos sujeitos.
A amostra do estudo é constituída por 309 estudantes dos 8o e 11° anos de escolaridade, rapazes e raparigas, com idades compreendidas entre 12 e os 21 anos de idade. Utilizaram-se três instrumentos: um questionário sobre as percepções de justiça do comportamento dos professores (Gouveia-Pereira, 2004), um questionário sobre o exercício da cidadania em contexto escolar (Carita; Gouveia-Pereira, Marçal & Brites, 2004) e o MJT- Moral Judgement Test, questionário de avaliação da competência moral de Georg Lind na versão portuguesa de Patrícia Bataglia, adaptada por Ribeiro & Menezes (2000).
Os resultados obtidos permitem-nos ter uma imagem mais consistente das representações dos participantes sobre a justiça dos professores e sobre os seus próprios comportamentos de cidadania em contexto escolar e da relação entre as percepções de justiça e o exercício da cidadania.
Em primeiro lugar, os resultados deste estudo permitem-nos concluir que de uma forma geral prevalecem as avaliações favoráveis quanto à justiça da actuação dos professores com base em critérios relacionais e distributivos, sendo mais crítica a avaliação que diz respeito à equidade de actuação perante todos os alunos.
Os resultados permitem-nos também perceber que, de uma forma geral, o ensino ainda se encontra muito centrado no professor, havendo poucas oportunidades para os estudantes intervirem em aspectos relacionados com as dimensões mais académicas do currículo. Aliás, os estudantes afirmam reconhecer e pôr em prática comportamentos de cooperação e solidariedade na escola, embora o seu alvo preferencial seja claramente os seus pares, existindo um certo distanciamento face ao professor.
De igual modo, podemos compreender que a forma como os alunos percepcionam a justiça da actuação dos seus professores poderá ser determinante para as suas representações e comportamentos de cidadania na escola e, por extensão, para a criação de condições conducentes a um desenvolvimento sócio-moral do sujeito de maior qualidade.
As variáveis índice de competência moral, ano de escolaridade, idade e sexo mostraram exercer efeitos de moderação em alguns aspectos da relação entre as percepções de justiça e as representações acerca da cidadania na escola.
Description
Dissertação de mestrado em psicologia educacional
Keywords
Moral Justiça Cidadania Desenvolvimento Ambiente escolar Educational psychology Moral Justice Citizenship Development School environment
Citation
Publisher
Instituto Superior de Psicologia Aplicada