Browsing by Author "Deus, Alberto Manuel Sequeira Afonso de"
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- Alcoolismo no femininoPublication . Deus, Alberto Manuel Sequeira Afonso de; Marques, Maria Emília; Santos, António JoséEste trabalho visa contribuir para um maior esclarecimento sobre os processos psicológicos associados ao alcoolismo na mulher. Partimos do pressuposto de que o alcoolismo corresponde a um processo de alienação resultante da impossibilidade de construção de novas perspectivas sobre a realidade individual, mantendo-se no entanto as capacidades de crescimento mental que permitem ultrapassar a crise em que se encontram. A revisão bibliográfica centrou-se no campo psicanalítico, o que vai ao encontro dos nossos interesses pessoais, e nos permite clarificar estes processos inerentes à expansão mental dos sujeitos. Destacamos o pensar e a simbolização, com os seus processos implícitos (reparação, formação simbólica, PSD, função-alfa e transformação) que correspondem aos pontos essenciais da investigação sobre as capacidades de crescimento mental em mulheres alcoólicas. O instrumento utilizado para o estudo destes processos psíquicos foi o Rorschach, o qual foi descrito nas suas características e modo de utilização, no contexto do modelo dinâmico proposto pela Escola Francesa (Rausch de Traubenberg e Chabert) e ampliado por Emília Marques, concluindo com a pertinência desta técnica projectiva no estudo das potencialidades de crescimento mental dos sujeitos. Com o objectivo de se identificarem os padrões da realidade subjectiva, foi aplicada a todas as participantes uma entrevista clínica semi-estruturada. Seleccionámos 100 mulheres internadas na Clínica de Alcoologia da Casa de Saúde do Telhal. O critério de escolha residiu fundamentalmente no facto de terem o diagnóstico atribuído pelas Psiquiatras Assistentes, de Síndrome de Dependência Alcoólico e não apresentarem outras patologias psíquicas. A amostra inicial foi dividida em dois grupos com base na forma como descrevem o seu percurso de vida e a dependência do consumo de bebidas alcoólicas. A análise dos resultados recolhidos dos protocolos foi feita segundo os procedimentos da Escola Francesa, introduzindo uma expansão no sentido de se poderem captar mais especificamente os processos psíquicos seleccionados por nós. Cada um dos processos psíquicos foi decomposto em vários componentes, e operacionalizando vários factores, de modo a poder ser facilmente identificado: modelo continente-conteúdo, vínculos, movimento PS↔D, função-alfa e teoria das transformações. Em relação à análise da forma como é pensada a realidade, estudamos os mitos individuais, e a sua expressão nos dois grupos de participantes. A análise dos resultados relativa aos protocolos e às entrevistas foi realizada em duas etapas: em primeiro lugar, procedeu-se a uma análise quantitativa, elaborando quadros relativos a cada factor previamente definido e a sua expressão em cada grupo de participantes e, em segundo lugar, qualitativa, através da análise dinâmica de excertos das entrevistas e da captação dos processos psíquicos em questão. Concluímos que a possibilidade de saída da crise existencial em que se encontram estas mulheres é possível quando o pensamento é suficientemente flexível, capaz de permitir a coexistência de períodos de integração e de dispersão, permitindo então o acesso a um registo simbólico. A flexibilidade criativa, dependente da qualidade da função continente, permite a criação de novas verdades e de novos sentidos sobre a realidade interna e externa, permitindo em última instância a escolha de novas formas de vida. ----------- ABSTRACT ----------- This work aims to contribute to a greater insight into the psychological processes associated with alcoholism in women. We assume that alcoholism is a process of alienation resulting from the impossibility of constructing new perspectives on individual reality, keeping however the capacity of mental growth which may allow them to overcome the crisis. The bibliographic revision carried out is centered in the psycho-analytical field, which reaches out to our personal interests, and allows us to clarify these mental processes inherent to the mental expansion of the subjects. We highlight the thinking and symbolism, with its implicit processes (reparation, symbol formation, PSD, the alpha function and transformation) that correspond to the essential points of research on mental expansion in alcoholic women. The instrument used to study these mental processes was the Rorschach, which was described in its characteristics and usage in the context of the dynamic model proposed by the French School (Rausch Traubenberg, Chabert) and extended by Emilia Marques. It ends with the relevance of this projective technique in the study of the subject’s capacity of mental expansion. With the aim of identifying patterns of subjective reality, every participants was applied a semi-structured clinical interview. We chose 100 women admitted to the Alcohological Center (Casa de Saúde do Telhal). The criteria for the choice lay basically in the fact that they were diagnosed, by assigned psychiatrists, as alcoholics without any further psychiatric diseases. The initial sample was divided into two groups based on how they described their life paths and how they had become dependent on alcohol consumption. The protocols were analyzed in accordance to the French School procedures, introducing an extension so that we might be able to capture more specifically the psychic processes we had selected. Each mental process was decomposed into several components, thus dealing with various factors, in order to be able to identify: reparation, symbol formation, PSD, the alpha function and transformation. Regarding the analysis of how reality is thought, we studied the individual myths, and their expression in both groups of participants. The results analysis concerning the protocols and interviews was conducted in two steps: firstly, we conducted a quantitative analysis, by drawing up individual frameworks showing results for each factor, and its expression in each group of participants. Secondly, qualitative - through analysis of excerpts from the interviews and the collection of the mental processes in question. We have concluded that these women may be capable of leaving their current existential crisis when their thought is flexible enough, able to allow the coexistence of integration periods and dispersion periods, thus allowing access to a symbolic register. Creative flexibility, dependent on the quality of the containing function, allows the creation of new truths and new meanings for the inner and outer reality, ultimately allowing the choice of new life forms. Alcoholism can be seen as a "palliative" to a greater psychological distress, enabling each individual to create an individual myth, a source of greater consistency to his identity. Challenging the myth that is metaphorically referred to as the "removal of the mask," depends on the ability to face the new and the unknown, reporting this possibility to each subject’s creative capacity.
- Comportamentos de consumo de haxixe e saúde mental em adolescentes: Estudo comparativoPublication . Silva, Ana Sofia; Deus, Alberto Manuel Sequeira Afonso deO presente estudo teve como objectivos avaliar a situação acerca dos comportamentos de consumo de haxixe, em adolescentes inseridos em meio escolar, estudar a influência de variáveis como, a situação famíliar, o grau de influência do grupo de pares nas decisões e as expectativas, no início e na manutenção do consumo daquela substância. Pretendeu-se ainda avaliar a existência ou não de relações entre este consumo e a saúde mental dos adolescentes. Os participantes foram 221 adolescentes de ambos os sexos, com idades compreendidas entre os 13 e os 17 anos e que frequentavam entre o 8.º ano e o 10.º ano de escolaridade, do ensino regular diurno, em escolas dos arredores de Lisboa. Como instrumentos de medida, construiu-se um questionário (Questionário sobre Comportamentos de Consumo de Haxixe), baseado num já existente para avaliar o consumo de álcool, que depois de ser sujeito a pré-teste, foi administrado juntamente com a adaptação para a população portuguesa do Mental Health Inventory,o Inventário de Saúde Mental. Os resultados mostraram que a maioria dos jovens não consome haxixe (n=181; 81,9%). Daqueles que o fazem (n=40; 18,1%), 42,5% são consumidores experimentais, 27,5% são ocasionais, 20% são habituais e 10% são abusivos. A maioria (27,5%) afirma ter tido a sua primeira experiência com o haxixe aos 13 anos, sendo os motivos principais do consumo a procura de relaxamento (31,3%) e de diversão (36,8%). Os amigos da mesma idade são os principais companheiros de consumo (62,0%), sendo a rua o local eleito pela maioria para o mesmo (51,0%). Quando comparados os dois grupos de participantes (consumidores versus não consumidores), verificou-se que, no grupo de consumidores existe uma tendência para a escolaridade se apresentar afectada (40% reprovaram), com as reprovações a surgirem em maior número a partir do 9.º ano de escolaridade (12,5%; 16,7% no 10.º ano). Quanto à situação familiar verificou-se a existência de uma maior percentagem de pais de consumidores que se encontram separados (15,0%) ou divorciados (25,0%). Expectativas de maior descontração com consequente aumento da diversão (p=.000), de menor nervosismo (p=.000) e de o haxixe ser menos prejudicial do que o tabaco (p=.005), foram altas nos consumidores. Este grupo classifica o haxixe como uma droga leve (72,5%) ou como não sendo uma droga (27,5%), sendo o principal motivo que apresentam para se consumir, a diversão (55.0%). As diferenças entre os dois grupos quanto à influência da idade e do grupo de pares nas decisões e/ou actos, foram estatisticamente significativas (p=.007 e p=.042, respectivamente). Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os dois grupos quanto à saúde mental. De tudo isto se conclui que a frequência de utilização desta substância e o significado que ela tem, difere de jovem para jovem. Torna-se importante levar em consideração este facto e, nesta base, delinear programas de prevenção que promovam o diálogo entre os pais e o adolescente, a resiliência deste e as suas competências sociais, com direcção ao bem-estar e a um crescimento saudável.
- Perfis de personalidade, sintomas depressivos e risco suicidário nos alcoólicosPublication . Deus, Alberto Manuel Sequeira Afonso deO autor compara um grupo de 39 alcoólicos com uma mostra da população geral com o objectivo de encontrar diferenças que nos permitam destacar alguns aspectos psicológicos subjacentes à dependência alcoólica. As mudanças nos últimos anos nos grupos de alcoólicos – grupos mais jovens, com um beber abrupto, idêntico ao dos toxicodependentes, por comparação com os alcoólicos «clássicos», em que o alcoolismo evolui lentamente, geralmente integrado num contexto sócio-cultural, levaram-nos a pensar que estas duas formas de alcoolismo correspondem a perturbações psicológicas distintas. Para avaliarmos estas diferenças ao nível da estrutura de personalidade aplicámos o Teste de Szondi. O alcoolismo é uma «caminhada patética» para a morte, pelo que colocamos a hipótese que este tipo de comportamento tem subjacente um estado depressivo em que os alcoólicos viram a agressividade contra si próprios. Uma das formas de expressão da auto-agressão reflecte-se no número de acidentes de viação. A depressão nos dois grupos de alcoólicos foi avaliada através do Inventário Depressivo de Beck. A expressão da auto-agressividade nos dois grupos de alcoólicos, foi avaliada através da Escala de Risco Suicidário de Stork. Verificámos que não existem diferenças significativas entre os dois grupos de alcoólicos ao nível da depressão, no entanto, tal como esperávamos os alcoólicos mais jovens (tipo 2) apresentam um maior risco suicidário.