PCOG - Tese de doutoramento
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Browsing PCOG - Tese de doutoramento by advisor "Byrne, Ruth M. J."
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- Contraexemplos e raciocínio dedutivoPublication . Couto, Marta Barley de La Cueva; Quelhas, Ana Cristina; Byrne, Ruth M. J.Este trabalho foi desenvolvido com o objectivo de contribuir para uma compreensão mais alargada do modo como os sujeitos utilizam os contraexemplos no raciocínio condicional, quando são utilizados conteúdos que remetem para situações comuns do quotidiano. Não existem dúvidas de que as pessoas são capazes de recuperar contraexemplos, vários estudos atestam esta capacidade (e.g. Couto, Quelhas & Juhos, 2010; De Neys & Everaerts, 2008; De Neys, Schaeken & D’ydewalle, 2002; Neys, Schaeken & d'Ydewalle, 2003b;Verschueren, Schaeken, De Neys & d'Ydewalle, 2004). No entanto, a forma como os sujeitos recuperam e utilizam contraexemplos, carece ainda de esclarecimentos. Para cumprir este objectivo geral, construímos dois conjuntos de experiências que incidem em dois factores importantes. Em primeiro lugar investigámos a recuperação de contraexemplos e aceitação de inferências, com avisos e conselhos. Na experiência 1, verificámos que os sujeitos são capazes de gerar contraexemplos para ambos os tipos de frase, mas não o fazem com igual frequência para avisos e conselhos. Em seguida, nas Experiências 2 e 3 investigámos o impacto da disponibilidade (Experiência 2) e da recuperação (Experiência 3) de contraexemplos, nas inferências que os sujeitos fazem, tendo concluído com alguma surpresa que este impacto é muito pequeno ao contrário do que se sabe acontecer com condicionais causais (e.g. Byrne, Espino & Santamaria, 1999; Couto, Quelhas & Juhos, 2010; Cummins, 1995; Cummins, Lubart, Alksnis & Rist, 1991). Ainda no primeiro no conjunto de experiências, avaliámos os padrões de interpretação que os sujeitos fazem com base nestas condicionais (Experiência 4), tendo concluído que existe uma variabilidade grande das interpretações que os sujeitos fazem. No segundo conjunto de experiências, recorremos a frases causais para estudar o impacto da recuperação de contraexemplos adicionais. A Experiência 5 demonstra que a recuperação de contraexemplos é um processo pouco fluente e que esta sensação de falta de fluência afecta o valor que os sujeitos atribuem aos contraexemplos, conduzindo a um padrão de supressão de inferências contrário à informação que foi recuperada. A Experiência 6 esclarece que o padrão de supressão reportado na Experiência 5 se deve às dificuldades de recuperação dos contraexemplos. Quando estes são fornecidos aos sujeitos, em vez de recuperados da memória, o padrão de supressão corresponde ao conteúdo que foi apresentado, ou seja, mais contraexemplos conduzem a maior supressão. Na Experiência 7 confrontámos contraexemplos e a frequência de Excepções, tendo concluído que os sujeitos parecem preferir a informação probabilística, à informação que decorre dos contraexemplos. No geral, os nossos resultados mostram três factos importantes. Em primeiro lugar que o conhecimento que é recuperado durante o raciocínio tem diferentes funções para diferentes tipos de condicionais, isto é, os contraexemplos recuperados para Advice têm uma função diferente dos contraexemplos recuperados para condicionais causais. Além disto, mostra ainda que o processo de recuperação de contraexemplos é pouco fluente e as pessoas parecem preferir utilizar a informação probabilística. Por fim, esclarece que os dois factores acima mencionados ajudam a explicar as diferenças que têm sido encontradas na literatura sobre o peso que cada contraexemplo adicional tem na aceitação de inferências.
- Dever fazer ou querer fazer, eis a questão : Como as crianças raciocinam sobre as intenções: Inferências de falsas crenças e contrafactuaisPublication . Rasga, Célia Maria Batalha Silva; Quelhas, Ana Cristina; Byrne, Ruth M. J.O nosso trabalho propõe explorar a compreensão das crianças acerca das razões que os outros têm para as acções. Trabalhos anteriores mostraram que as pessoas tendem a pensar sobre as acções de forma diferente quando têm conhecimento sobre as razões para uma acção. Um passo importante para a compreensão das acções de outras pessoas é o raciocínio sobre as suas intenções (Walsh & Byrne, 2007; Juhos, Quelhas & Byrne, 2015). Ao longo de seis experiências, pretendemos explorar este efeito do conhecimento sobre as razões para as acções, aquando de raciocínios contrafactuais e de falsas crenças, ampliando-o ao desenvolvimento das crianças.Transversal a todas as experiências, as crianças foram testadas com uma nova tarefa:a tarefa de mudança de intenções, a qual analisou cenários onde um actor tem uma razão inicial (desejo ou obrigação) para uma acção, que é posteriormente alterada. A primeira experiência demonstrou que crianças de 6 anos não compreendem que os outros podem ter falsas crenças sobre as razões de um actor para uma acção, enquanto aos 8 anos evidenciam uma compreensão de falsas crenças sobre intenções. Adicionalmente, a experiência mostrou que aos 6 anos as inferências contrafactuais são mais precisas sobre as razões para as acções. A experiência mostrou ainda que as crianças mais novas tendem a centrar-se nas obrigações quando sustentam o seu raciocínio em falsas crenças.A segunda experiência, com crianças de 7 e 9 anos, mostrou que esta compreensão continua a desenvolver-se ao longo destes anos. A terceira experiência reforça o padrão encontrado na primeira experiência, mesmo quando a tarefa é simplificada, ou seja, quando não existe um conflito entre razões para a acção. A quarta experiência explorou os resultados encontrados anteriormente num contexto socioeconómico baixo. Esta experiência mostrou que as crianças de 6 anos cometem mais erros nas inferências de falsas crenças do que nas inferências contrafactuais, no entanto, estas crianças tendem a centrar-se mais nos desejos aquando de inferências de falsas crenças, contrariamente às experiências anteriores. A experiência cinco, analisou um contexto de um planeta distante, e os resultados foram consistentes com os anteriores. As crianças mais novas fazem menos inferências de falsas crenças que contrafactuais, e estas crianças tendem a centrar-se mais nas obrigações aquando de inferências de falsas crenças, mesmo num contexto desconhecido e distante, e na ausência de uma figura parental. A última experiência explorou este efeito em crianças com diagnóstico de autismo de alto funcionamento. Os resultados revelaram que as crianças mais novas, de 6 e 8 anos tendem também a centrar-se nas obrigações e fazem menos inferências correctas de falsas crenças do que contrafactuais, quando comparadas a um grupo de crianças em desenvolvimento normal. Estes resultados contribuem para a discussão aberta sobre a relação entre o pensamento contrafactual e a teoria da mente, como também traz alguma luz sobre como as crianças pensam as diferentes razões para as acções.