PBIO - Dissertações de Mestrado
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Browsing PBIO - Dissertações de Mestrado by advisor "Almada, Vítor Carvalho"
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- Alguns aspectos do comportamento social do tritão-verde triturus marmoratus (latreille, 1800) em cativeiroPublication . Robalo, Joana Isabel; Almada, Vítor CarvalhoDescrevem-se os comportamentos sociais observados em grupos mistos de T. marmoratus da Serra de Sintra, mantidos num cativeiro de grandes dimensões durante várias semanas. Reconhecem-se padrões de comportamento descritos para esta espécie e para outras do género Triturus. Descrevem-se, aparentemente pela primeira, vez os seguintes comportamentos: Walk I, Land-over, Stand-on, Show, Erect-body, Yawn, Circle e Dig. As fêmeas parecem ter um papel mais activo na côrte do que se considera habitualmente, nomeadamente através de iniciativas como Walk I, Land-over e Show. As frequências dos comportamentos para cada sexo e as principais interacções entre os indivíduos, foram analisadas utilizando uma estatística de simulação. Alguns padrões, habitualmente classificados como comportamentos sexuais masculinos, ocorrem em ambos os sexos e têm possivelmente outras funções sociais. Alguns comportamentos desencadeiam respostas diferentes de acordo com o sexo dos indivíduos intervenientes na interacção.
- Breves considerações sobre a eco-etologia de Lypophrys trigloides (Pisces : Blenniidae)Publication . Almada, Frederico José Oliveira de; Almada, Vítor Carvalho
- Comportamento e atribuição de personalidade: Estudo em chimpanzes comuns, pan troglodytesPublication . Gaspar, Augusta; King, James; Almada, Vítor Carvalho
- Distribuição vertical e ocupação diferencial do habitat de Lipophrys pholis (blenniidae), Coryphoblennius galerita (blenniidae), Gobius cobitis (gobiidae) e Gobius paganellus (gobiidae), na plataforma rochosa da costa do EstorilPublication . Faria, Cláudia Barreiros Macedo de; Almada, Vítor CarvalhoNeste trabalho apresenta-se uma abordagem eto-ecológica das espécies Lipophrys pholis (Blenniidae), Coryphoblennius galerita (Blenniidae), Gobius cobitis (Gobiidae) e Gobius paganellus (Gobiidae) na plataforma rochosa da Costa do Estoril. Analisaram-se concretamente os problemas referentes à caracterização dos habitais preferenciais de cada espécie, ao estudo da distribuição dos indivíduos de cada espécie segundo a sua dimensão, à caracterização dos locais de nidificação, ao estudo do comportamento de selecção do substrato que cada espécie apresenta em aquário, ao estudo dos padrões de organização social e dos comportamentos agonísticos que afectam a competição intraespecífíca e finalmente ao estudo da importância dos comportamentos agonísticos interespecífícos como mecanismo de separação de habitat entre as espécies. Verifícou-se que nas populações estudadas, ocorre uma diferenciação nítida do habitat ocupado pelas espécies de cada família estudada, Gobiidae e Blenniidae, quer no que se refere aos locais de nidificação (pedras/abrigos na rocha), quer ao habitat utilizado pelos juvenis e adultos (canais/poças e abrigos na rocha), que poderá resultar de uma série de constrangimentos morfológicos, comportamentais, alimentares e provavelmente fisiológicos, característicos das espécies de cada família. Constatou-se que em habitais frequentados por mais do que uma espécie, ocorre também uma diferenciação do microhabitat utilizado, quer ao nível dos locais de nidificação, quer ao nível do habitat utilizado pelos juvenis e adultos, o que poderá estar relacionado com a dimensão típica de cada espécie, os diferentes hábitos alimentares e com a capacidade que cada espécie apresenta em tolerar diferentes graus de exposição à turbulência e acção das ondas. Relativamente às duas espécies de biénios estudadas, constatou-se que C.galerita é uma espécie altamente especializada, tanto ao nível alimentar como ao nível do microhabitat, recrutando para as mesmas poças onde permanece mesmo depois de atingir a maturidade sexual, ao contrário de L.pholis que é uma espécie mais generalista, a ambos os níveis considerados, sofrendo uma distribuição diferencial segundo a dimensão dos indivíduos, coexistindo com C.galerita apenas na fase de imaturo (de 3 a 7cm de dimensão). Os dados obtidos em aquário, sugeriram que apesar de em grupos monoespecífícos, a ordem de dominância ser determinada pelo tamanho dos indivíduos, em grupos heteroespecífícos, é o factor espécie a assumir essa função (dentro de certos limites de tamanho), sendo C.galerita a espécie dominante, seguida de L.pholis e por último G. cobitis. Enquanto que G.cobitis apresenta logo à partida uma preferência distinta por substrato de areia, ambas as espécies de biénios (com dimensões entre 3 a 7cm), apresentam preferências semelhantes entre si, por substrato de rocha e abrigos na rocha, o que sugere a existência de competição interespecífica, entre estas duas espécies. Observou-se que L.pholis altera radicalmente as suas preferências, quando em presença de C.galerita, sendo "empurrado" para o substrato de maior exposição (areia), o que poderá sugerir que, na natureza, a competição interespecífica actue ao nível da separação do microhabitat entre estas duas espécies. Ainda do estudo em aquário, verificou-se que cada espécie apresenta um reportório comportamental específicos e bem adaptado ao tipo de microhabitat em que vive, observando-se uma maior semelhança entre as duas espécies de biénios, ao nível dos comportamentos agonísticos estudados. Foi sugerido que a pressão de selecção que estas duas espécies sofreram, no sentido de diminuírem a agressividade nos encontros agonísticos, foi semelhante entre si, e mais acentuada que no caso de G.cobitis. Finalmente, verificou-se que em Portugal todas as espécies estudadas se reproduzem mais cedo e durante mais tempo, que em zonas de maior latitude, o que aliado à ocorrência de um crescimento mais rápido, observado em ambas as espécies de biénios, parece permitir que em Portugal estas espécies atinjam a maturidade sexual mais cedo que em países de maior latitude, maximizando assim o seu potencial reprodutor
- Estudo da eco-etologia de diplodus vulgaris (pisces: sparidae)- padrões agonísticos e estruturação socialPublication . Henriques, Paulo Jorge Chaves dos Santos; Almada, Vítor CarvalhoOs principais desideratos deste trabalho baseiam-se no estabelecimento do reportório comportamental básico e organização social de Diplodus vulgaris, como forma de resposta às pressões ambientais, que podem favorecer ou inibir, em maior ou menor grau, as várias modalidades do comportamento agonístico. O sistema agonístico de D. vulgaris é constituído por padrões comportamentais que envolvem sinais de intimidação, fuga e submissão. Alguns destes elementos implicam confrontação física directa, enquanto outros envolvem manobras no sentido de uma aparente redução do potencial atacante dos oponentes. Salienta-se a grande plasticidade alimentar da espécie - diversos padrões alimentares e alimentação em cardume - como forma de adaptação às condições adversas do meio, no sentido de uma máxima rentabilização energética ( associada à busca e procura de alimentos ), com a redução dos riscos de predação. Realizaram-se observações na natureza e em condições controladas, de juvenis em cativeiro, de modo a registar o efeito dos factores densidade e tamanho relativo dos indivíduos, na frequência e duração dos comportamentos agonísticos. Os resultados evidenciam que uma diminuição da densidade, conduz a um aumento da frequência dos comportamentos agonísticos ( embora apenas o padrão de mostra de dorsal apresente diferenças significativas ), e das durações de investidas, perseguições e fugas. A permanência de um indivíduo de tamanho relativo superior, aos restantes elementos do grupo, conduz a um aumento significativo das investidas, perseguições, fugas e cargas, bem como uma maior duração de mostra de dorsal, investida, perseguição e fuga. A análise de sequências de comportamentos agonísticos traduz uma certa padronização nas suas interacções agonísticas, realçando o papel fulcral na avaliação entre os indivíduos, desempenhado pelo padrão comportamental de mostra de dorsal ( que funciona como sinal ofensivo, mas não imediatamente agressivo ). Quando se registam assimetrias de tamanho entre os peixes, verifica-se que os de maior porte tendem a evoluir para padrões agonísticos associados a uma superioridade crescente: investida —> perseguição —> carga ou mordida, enquanto que os indivíduos de menores dimensões executam comportamentos de fuga e de submissão. A vivência em grupo indicia-se como o padrão geral de estruturação social da espécie, assente sobretudo na defesa de uma área ( abrigo ), associada a zona de protecção, repouso e reprodução, no interior da qual se observa uma diferente ocupação do espaço por parte dos indivíduos, expressa em termos agonísticos. Destacam-se as estruturas biológicas envolvidas na coordenação dos actos agressivos, garantes da adaptação da espécie ao meio, mediante o desenvolvimento de mecanismos que permitem minimizar os confrontos físicos directos e/ou os danos subsequentes.
- Estudo do efeito da administração de um androgenio nao aromatizavel e de um inibidor da aromatase nos comportamentos agonisticos e sexuais em mlly negra (Pisces, Poeciliidae)Publication . Baptista, Maria Céu; Almada, Vítor CarvalhoNo presente trabalho, pretendeu-se determinar a importância da aromatização e dos 11-cetoandrogénios nos comportamentos agonísticos e sexuais de uma espécie de Poecílideos, a molly negra. Para o efeito utilizou-se um androgénio não-aromatizável (11-cetotestosterona) e um inibidor da aromatase (hidroxiandrostenediona). Na realização deste trabalho foram usados apenas indivíduos adultos: 120 machos e 60 fêmeas. Diariamente eram testadas três situações (controlo, 0.5 mg/l e 1.0 mg/l) para uma das substâncias, ou seja para cada série existiam três ensaios, tendo-se efectuado 8 séries para a substância 11-cetotestosterona e 12 séries para a substância hidroxiandrostenediona. Todas as observações foram gravadas em vídeo e posteriormente descodificadas. Durante a descodificação foram contabilizadas as frequências dos comportamentos ocorridos nas interacções entre macho-macho e entre macho-fêmea. Temporizou-se igualmente a duração da latência e de alguns comportamentos. Neste trabalho, verificou-se que os machos tratados tanto com a 11-cetotestosterona como com a hidroxiandrostenediona apresentam uma maior predisposição para iniciarem as interacções macho-macho. Por outro lado, os machos tratados com a 11-cetotestosterona manifestam com maior frequência os comportamentos considerados como característicos de interacções agonísticas em outros Poecílideos. Mas a inibição da enzima aromatase não provocou quaisquer diferenças significativas nas frequências médias dos comportamentos agonísticos dos machos tratados em relação aos controlo. Estes dados indicam portanto, que para esta espécie, a 11-cetotestosterona é um dos esteróides que influencia os comportamentos agonísticos. Em relação às interacções macho-femea não se verificaram diferenças estatisticamente significativas relevantes, nas frequências dos comportamentos ocorridos durante estas interacções. Desta forma, neste trabalho, nada se pode concluir acerca da importância da 11-cetotestosterona e da aromatase para os comportamentos considerados caracteristicamente sexuais.
- Influência de estímulos sociais no comportamento e níveis urinários de esteróides sexuais de machos de Oreochromis Mossambicus Peters (Pisces: Cichidae)Publication . Borges, Rita Alexandra; Almada, Vítor CarvalhoA primeira parte do presente trabalho teve como objectivo o estudo da influência de estímulos sociais sobre aspectos comportamentais de machos de O. mossambicus. Tentou-se clarificar que tipo de canais sensoriais estão envolvidos na percepção desses estímulos. Para tal, foram sujeitos 13 machos a três situações experimentais com diferentes graus de acesso (total, visual e químico) a uma fêmea e a um macho da mesma espécie. Estímulos visuais parecem ser importantes no reconhecimento sexual e na estimulação da actividade locomotora, escavação de ninho, proximidade e coloração apresentados pelo macho. No entanto as respostas observadas tiveram sempre maior amplitude quando o acesso era total. Embora não tenha sido detectada a influência de estímulos químicos libertos pelas fêmeas, não se eliminou essa hipótese. Na situação de acesso total, estudou-se a interacção entre os dois indivíduos. Apenas se observaram comportamentos sexuais e escavação de ninho na presença de uma fêmea; a frequência de comportamentos agonísticos foi superior na presença de um macho intruso. A segunda parte deste trabalho teve como objectivo o estudo da influência de estímulos sociais nos níveis urinários de esteróides sexuais dos machos de O. mossambicus. Na presença de uma fêmea, apenas se verificou um aumento dos níveis de androgénios, Testosterona (T) e 11-Cetotestosterona (11-KT), tendo sido esse aumento mais rápido no último caso. Houve um aumento das correlações entre os níveis desta hormona e a frequência de comportamentos sexuais e a coloração do macho (positivas) e a frequência de comportamentos agonísticos (negativa); na presença de um macho não houve aumento dos níveis hormonais, embora se tenha verificado um aumento da correlação (positiva) entre os níveis de 11-KT e a frequência de comportamentos agonísticos. Propõe-se que a 11-KT poderá activar respostas comportamentais diferentes na presença de estímulos sociais diferentes. Os níveis de progestinas (17,20 αP e 17,20 β-P) não variaram, ao contrário do que seria de esperar com base em trabalhos anteriores, o que poderá dever-se ao estado de maturação dos indivíduos. As fracções mais representativas dos níveis de progestinas eram as glucuronizadas; estes compostos poderão funcionar como sinalizadores das arenas reprodutivas para as fêmeas conspecíficas.
- Interacções de limpeza em peixes com especial referência para centrolabrus exoletus (pisces: labridae)Publication . Santos, Fernando Miguel; Almada, Vítor CarvalhoA interacção de limpeza em peixes é um dos exemplos mais notado e difundido, dos fenómenos classificados como "simbiose" entre vertebrados. Os peixes limpadores alimentam-se de ectoparasitas, tecidos mortos, escamas e muco que encontram na superfície do corpo, boca e cavidade branquial dos seus peixes cliente. Perto de uma centena de peixes marinhos e de água-doce têm sido descritos como limpadores tanto em regiões tropicais como temperadas. Os casos melhor conhecidos pertencem às famílias Labridae, Embiotocidae, Cichlidae e Gobiidae. Alguns destes limpadores são bastante coloridos e recebem os seus clientes em "estações de limpeza". Os clientes pertencem a quase todas as famílias que habitam nas áreas com limpadores. Em algumas áreas estas interacções de limpeza parecem constituir verdadeiros casos de mutualismo, ambas as partes beneficiando - o limpador com o alimento removido dos clientes que solicitam limpeza, e estes vendo-se livres da acção dos ectoparasitas ou tecidos infectados. Mas noutras áreas, onde os ectoparasitas poderão ser pouco significativos, os limpadores poderão alimentar-se basicamente de escamas e muco, o que torna a relação um caso de comensalismo ou mesmo de parasitismo. Paradoxalmente os clientes parecem solicitar e colaborar em qualquer destes casos de simbiose. A resposta parece dever-se ao facto dos limpadores recompensarem continuamente os seus clientes por intermédio de suave estimulação táctil através dos toque da boca e/ou barbatanas. Desta forma a interacção de limpeza pode continuar sob quaisquer condições, só revelando o seu carácter mutualista quando e onde os peixes de uma área apresentarem grande infestação por ectoparasitas. Os aspectos que modelam a origem e evolução das interacções de limpeza mostram como pode ser heterogéneo este fenómeno, com notáveis variações entre diferentes regiões da área de distribuição das espécies limpadoras e clientes. O comportamento de limpeza encontrado em Portugal na costa da Arrábida revelou bem esta situação, onde Centrolabrus exoletus é o único peixe limpador enquanto Symphodus melops e Ctenolabrus rupestris conhecidos como limpadores noutras áreas ou em cativeiro, não apresentaram este comportamento. A ocorrência do fenómeno de limpeza em peixes costeiros, nesta área, foi estudada em mergulho com a realização de 50 horas de observação directa. Observou-se um total de 12 espécies a serem limpas por C. exoletus que no entanto se revelou um limpador facultativo. Apenas 7% dos actos alimentares foram dirigidos a peixes cliente, mas estes receberam uma incidência de actos de limpeza idêntica (llhora-1) aos clientes nos recifes de coral tropical onde os limpadores podem ser obrigatórios; facto atribuível à abundância dos limpadores na .Arrábida. O estudo das interacções de limpeza na comunidade de peixes da Arrábida permite uma reapreciação do fenómeno das limpezas em peixes.
- Padrões de actividade e distribuição espacial: Reprodução e desenvolvimento embrionário e larvar em chondrostoma lusitanicum Collares-Pereira,1980Publication . Carvalho, Vera Susana Dias; Almada, Vítor CarvalhoO presente trabalho pretendeu dar um contributo para o conhecimento de alguns aspectos biológicos, e nomeadamente, comportamentais em Chondrostoma hisitanicum, um pequeno ciprinídeo endémico nas nossas águas continentais, o qual possui o estatuto de raro e cujas populações em algumas das áreas da sua distribuição se encontram em declínio. Entre outros, foram caracterizados os padrões de distribuição espacial e actividade em indivíduos pertencentes a diferentes classes de tamanho, descritos os comportamentos básicos envolvidos na reprodução desta espécie, bem como o seu desenvolvimento nos primeiros estádios da ontogenia. Os exemplares utilizados neste estudo foram capturados na Ribeira da Samarra, local onde esta espécie ainda é relativamente abundante, e colocados em aquários sujeitos a diferentes condições de temperatura e fotoperíodo. Verificaram-se no decurso deste estudo, diferenças na ocupação do espaço entre os juvenis e os indivíduos adultos desta espécie. No aquário mantido no exterior e sujeito a condições de temperatura e fotoperíodo naturais, os adultos apresentam uma clara preferência pela proximidade do substrato, enquanto os juvenis tendem a ser encontrados com maior frequência do que seria de esperar numa distribuição ao acaso, junto à superfície. A ocupação da superfície e a utilização da vegetação aí existente parecem ser uma resposta à predação, apesar de não terem sido observados ataques dirigidos aos juvenis, por parte dos adultos. O facto de à temperatura de 10° C, os indivíduos adultos apresentarem uma menor mobilidade, um maior confinamento junto ao fundo e uma associação clara com a vegetação rasteira aí existente, a qual os torna pouco visíveis, deve ser a razão para uma maior ocorrência dos juvenis a meia água, o que vem apoiar a hipótese de que a predação será o principal factor a determinar as diferenças de ocupação do espaço, por parte dos indivíduos de diferentes dimensões. Apesar da inexistência de estudos que caracterizem a ocupação do habitat natural por parte desta espécie, pensa-se que a um leque mais variado de locais disponíveis na natureza, deverá corresponder uma ocupação diferente, sendo a maior ocorrência dos juvenis à superfície, um constrangimento das condições de cativeiro. Estas observações permitiram ainda verificar a formação de agregações por parte dos indivíduos de Ch. lusitanicum, as quais estão associadas a uma diminuição na temperatura. Como a esta diminuição corresponde também um decréscimo na actividade dos indivíduos, os quais tendem a manter-se em locais com vegetação no substrato (que constitui um recurso limitado), leva a crer que neste caso particular, as agregações que se estabeleceram nestas condições de cativeiro, não têm qualquer função óbvia. Foram analisados os comportamentos básicos que ocorrem durante a reprodução desta espécie em cativeiro. A reprodução destes animais caracteriza-se por uma enorme actividade e interacções entre os indivíduos, sendo as sequências de acasalamento extremamente rápidas, não excedendo os 60 seg. Não se observaram diferenças entre os sexos na ocupação do espaço (pelo menos nestas condições), nem o estabelecimento de territórios por parte dos machos. Durante o acasalamento, os machos aproximam-se das fêmeas, efectuando com o focinho toques sucessivos na região urogenital e flancos das fêmeas. Este comportamento é frequentemente realizado por vários machos em simultâneo, não se tendo verificado comportamentos agonísticos óbvios entre eles. A libertação dos gâmetas ocorre com a realização de um estremecimento simultâneo por parte dos indivíduos, tendo-se verificado a tentativa de fertilização dos ovos por parte de machos que não tinham estado envolvidos na corte. Um facto a salientar nesta espécie, é a exibição das fêmeas durante a época de reprodução, a qual se caracteriza por uma movimentação constante da região posterior da fêmea e parece ter uma função de atracção para os machos. Com base na Teoria Saltatória da Ontogenia, foram descritos os diferentes passos do desenvolvimento embrionário e larvar de Ch. lusitanicum. Os ovos desta espécie são esféricos com um diâmetro médio de 1,9 mm. Neste estudo, a eclosão da maioria dos embriões deu-se 6 dias após a activação e parece ter sido influenciada por um aumento súbito na temperatura. Ao eclodirem os embriões apresentavam um vitelo de grandes dimensões, o corpo quase desprovido de pigmentação e rodeado por uma prega média. Ainda durante o período embrionário, ocorreu o enchimento da bexiga gasosa, o qual se deu 10 dias após a activação. A fase larvar teve início 11 dias após a activação com o início da alimentação exógena e o segundo passo ocorre 2 dias depois com o desaparecimento completo do vitelo. A formação dos primeiros raios da dorsal marcam o início do 3o passo desta fase, a qual ocorreu 23 dias após activação. O passo seguinte inicia-se 35 dias depois da fertilização, quando se dá o enchimento da câmara anterior da bexiga gasosa. O último passo que foi possível distinguir no desenvolvimento desta espécie foi o aparecimento das primeiras escamas na região ventral das larvas e a diferenciação das barbatanas dorsal e anal, as quais atingem o número final de raios, que ocorreu 55 dias após a activação dos ovos. São discutidos entre outros, os problemas no estabelecimento dos passos do desenvolvimento, a comparação entre diferentes espécies e os constrangimentos destas fases iniciais da ontogenia dos indivíduos. De uma forma geral, é defendida a importância destes estudos para um conhecimento mais profundo da biologia destas espécies e para a tomada de medidas de conservação, as quais começam a ser prementes dado o estado actual em que muitas das espécies nativas do nosso país se encontram.
- Sobre o comportamento das toupeiras-de-agua, galemys pyrenaicus geoffroy e desmana moschata L. (desmaninae, talpidae, insectivora)Publication . Queiroz, Ana Isabel; Almada, Vítor CarvalhoAs toupeiras-de-água (Galemys pyrenaicus Geoffroy e Desmana moschata L.) são pequenos mamíferos semi-aquáticos da ordem INSECTIVORA, família Talpidae e sub-família Desmaninae. As duas espécies ocorrem em áreas geográficas distintas; Galemys pyrenaicus no Norte da Península Ibérica e Pirinéus; Desmana moschata na grande planície aluvial russa e na Sibéria. São consideradas ameaçadas por todos os Livros Vermelhos nacionais dos seus países de ocorrência. A IUCN atribui-lhes o estatuto de Vulnerável. As principais causas de ameaça relacionam-se com as alterações dos seus habitats de ocorrência. Este trabalho teve como objectivos: (1) reconhecer e descrever alguns padrões básicos de comportamento destas espécies, observados em cativeiro; (2) comparar padrões equivalentes nas duas espécies, interpretando-os numa perspectiva evolutiva; (3) proceder a um estudo mais detalhado dos padrões de natação, como ponto de partida para o conhecimento dos mecanismos de adaptação ao modo de vida aquático; (4) fornecer indicações comportamentais úteis para a conservação in situ de Galemys pyrenaicus; (5) contribuir paar o conhecimento dos requisitos de manutenção em cativeiro de Galemys pyrenaicus, capazes de assegurar a sobrevivência, bem estar e reprodução dos animais cativos. Os dados foram obtidos a partir de 4 exemplares de Galemys pyrenaicus e 5 de Desmana moschata filmados em vídeo em diferentes condições de cativeiro. Amostras de filmes foram analisadas em câmara lenta e imagem-a-imagem (25 imagens/seg.) Foram descritas diferentes categorias de padrões de comportamento: repouso, movimentos e posturas fora de água, movimentos e posturas dentro de água, mergulhos e alimentação dentro de água, alimentação fora de água, cuidados com a pelagem, emissões sonoras, interacções sociais e outros comportamentos de significado incerto. Alguns padrões foram encontrados apenas no estudo de uma ou de outra espécie e evidenciaram-se algumas variações dos mesmos padrões. A análise fina do comportamento de natação mostrou que, em Galemys pyrenaicus, a propulsão do movimento é essencialmente produzida pelas patas posteriores. Apenas num padrão de comportamento denominado "mergulhos superficiais" se observou uma significativa intervenção da musculatura do tronco, através de movimentos ondulatórios. Em Desmana moschata, a propulsão conferida pelas patas posteriores é auxiliada por movimentos ondulatórios da cauda quando os animais se deslocam no fundo. Compararam-se as durações dos ciclos de movimento das patas posteriores decompostos nas sua fases de propulsão e recuperação. Estudaram-se ainda as durações dos tempos de mergulho, discriminando cada uma das suas fases ("submersão", "natação no fundo" e "ascensão"); não se verificaram diferenças significativas entre as duas espécies para os tempos totais, mas apenas para as durações das submersões e ascensões. Diferenças significativas ocorrem também entre as durações dos intermergulhos. A condição de semi-aquático, que os Desmaninae e outros insectívoros representam em diferentes estádios evolutivos, traduz-se em compromissos que revelam a ancestralidade terrestre e a secundária adaptação ao modo de vida aquático. O seu reportório comportamental é constituído por um conjunto de padrões comuns em toda a linhagem dos mamíferos. As maiores diferenças identificadas parecem relacionar-se com os padrões de locomoção e procura de alimento.