PSAU - Tese de doutoramento
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Browsing PSAU - Tese de doutoramento by advisor "Figueiras, Maria João"
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- Fatores determinantes no ajustamento psicológico ao desfiguramento facial adquirido : Importância da autorregulação, representação cognitiva, emoções e autoconceitoPublication . Mendes, José Carlos da Silva; Figueiras, Maria João; Moss, Timothy PeterA face desempenha um importante papel no quotidiano de todos os indivíduos, e a presença de um desfiguramento facial (diferenças visíveis na face), pode encaminhar o indivíduo a comportamentos de evitamento social, sofrer de ansiedade, depressão, vergonha, raiva, humilhação e isolamento. Apesar de o desfiguramento facial adquirido ter sido alvo de várias investigações na última década, são desconhecidos estudos realizados em Portugal. Pretendeu-se com este estudo, contextualizar o desenvolvimento do desfiguramento facial adquirido causado por doença (cancro cabeça e pescoço) ou originado pelo trauma (queimados, agressão, outros), apontando as teorias e modelos com maior contributo na avaliação e intervenção em indivíduos com diferenças visíveis na face. Foi ainda objetivo deste estudo, apresentar as propriedades psicométricas da Escala de Avaliação da Aparência de Derriford (DAS-24), considerado um instrumento de elevada pertinência na avaliação do sofrimento e dificuldades sentidas com a aparência. Por fim, pretendeu-se compreender a possível influência dos traços de personalidade no investimento esquemático e autoconsciência da aparência em indivíduos sem diferenças visíveis e por último, investigar e contribuir para uma melhor compreensão do ajustamento às diferenças visíveis na face, considerando as características da personalidade (neuroticismo, extroversão, abertura à experiência, amabilidade, conscienciosidade, afeto negativo/positivo e otimismo); autoconceito; perceção da satisfação com o suporte social; investimento esquemático e autoconsciência da aparência. Uma amostra de 508 participantes com idades compreendidas entre os 17 e 89 anos, preencheram um questionário para recolha de informação sociodemográfica, investimento esquemático e autoconsciência da aparência, permitindo apresentar a DAS-24 como uma escala psicometricamente robusta na avaliação da autoconsciência da aparência. Uma amostra de 214 participantes, com idades compreendidas entre os 17 e 64 anos, responderam a um questionário para recolha de informação sociodemográfica, dimensões da personalidade, investimento esquemático e autoconsciência da aparência. Por último, uma amostra de 67 participantes sujeitos a uma intervenção cirúrgica na face, responderam a um questionário para recolha de informação sociodemográfica; características da personalidade; perceção com o suporte social; autoconceito; investimento esquemático e autoconsciência da aparência, em dois momentos distintos de avaliação (durante o internamento e 12 meses após a cirurgia). Os resultados apresentam uma relação entre as características da personalidade e o investimento esquemático e a autoconsciência da aparência, quer na amostra clínica como na não clínica, onde a autoconsciência da aparência se expressa como um atributo relevante no ajustamento ao desfiguramento facial. Considera-se ainda que o autoconceito sofre também uma alteração por influência das crenças relacionadas com as preocupações com a aparência. Observou-se que a autoconsciência da aparência é influenciada por diversas variáveis, onde o indivíduo perante as diferenças visíveis na face regula os seus pensamentos e emoções. Salientase que o otimismo tem um efeito direto sobre a autoconsciência da aparência quando surgem as diferenças visíveis, sendo esse efeito direto substituído pelo afeto negativo ao longo do tempo. Esta investigação permitiu concluir que as características da personalidade; alteração do autoconceito e a regulação dos afetos, influenciam o investimento esquemático e autoconsciência da aparência, confirmando-se a complexidade e a diversidade de fatores que influenciam o ajustamento psicológico ao desfiguramento facial.
- Impacto psicológico da prática dos bombeiros: Trauma, saúde mental e expressão emocionalPublication . Marcelino, Dália Silva; Figueiras, Maria JoãoEsta dissertação insere-se na área da Psicologia da Saúde (Ocupacional) que visa proteger e promover a saúde e bem-estar dos trabalhadores. O presente trabalho é composto por três estudos: o primeiro com uma metodologia transversal que pretende avaliar os efeitos e consequências psicológicas da exposição a situações traumáticas na saúde e bem-estar dos bombeiros; o segundo estudo de carácter longitudinal com o objectivo de avaliar os efeitos cumulativos da exposição ao longo do tempo; e o último estudo que pretende explorar se a utilização da escrita terapêutica é benéfica no alívio da sintomatologia destes operacionais de socorro. Os participantes foram bombeiros de todo o país, de ambos os sexos, com idade superior a 18 anos. Foram administrados questionários que incluíram medidas de perturbação pós-stress traumático (PPST), dissociação peritraumática, distress psicológico, queixas subjectivas de saúde, bem-estar psicológico e dados sócio-demográficos. Para a escrita terapêutica foi utilizada a metodologia descrita por Pennebaker (1999). Os resultados do estudo I indicaram que os bombeiros apresentam sintomas de PPST (12% com diagnóstico clínico de PPST), sintomas peritraumáticos, algum distress psicológico, queixas de saúde, e razoável bem-estar. Quanto maior a sintomatologia associada aos incidentes críticos menor é o nível de bem-estar psicológico. Foram identificadas diferenças de sexo, na exposição ao trauma e sobre a região geográfica de trabalho nas variáveis em estudo. A experiência prévia a um incidente ao longo da vida, a percepção de exposição ao trauma no trabalho, a avaliação acerca do incidente traumático, a dissociação, a percepção de trabalho stressante e a auto-avaliação da saúde foram predictores da PPST. Por sua vez, a PPST foi mediadora dos efeitos da experiência prévia a um acontecimento traumático ao longo da vida, da avaliação acerca do incidente traumático e da dissociação, sobre as queixas de saúde, o bem-estar e o distress psicológico. No estudo II verificou-se que ao longo do tempo os sintomas dissociativos e de PPST diminuíram, as queixas de saúde aumentaram e voltaram a diminuir, o distress manteve-se estável, e o bem-estar aumentou. O modelo de mediação obtido no primeiro estudo foi avaliado nos quatro momentos, verificando-se que a PPST fez a mediação total do efeito da avaliação do incidente crítico e da dissociação sobre as queixas de saúde, o distress e o bem-estar ao longo do tempo. O estudo III revelou que os bombeiros apresentaram descrições dos incidentes traumáticos com conteúdos essencialmente factuais. No grupo experimental verificou-se um alívio na sintomatologia associada ao trauma após a técnica da escrita terapêutica. Entre os dois grupos, verificou-se que o grupo experimental apresenta menos afecto positivo no segundo momento da pré-intervenção, do que o grupo de controlo. Consideramos que os resultados deste estudo contribuem para a compreensão das consequências psicológicas da exposição cumulativa a incidentes traumáticos ao longo do tempo. Nomeadamente, no que se refere ao desenvolvimento do modelo da perturbação pós-stress traumático e comorbilidade associada à exposição a incidentes críticos. Pretende-se assim, que os nossos resultados tenham reflexo na elaboração de medidas/intervenções de promoção da saúde ocupacional e bem-estar psicológico dos bombeiros portugueses.