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A patologia borderline a partir do negativo e através do Rorschach

dc.contributor.advisorMarques, Maria Emíliapor
dc.contributor.authorSampaio, Fernando de Almeida Leite de
dc.date.accessioned2011-09-20T19:12:45Z
dc.date.available2011-09-20T19:12:45Z
dc.date.issued2006
dc.descriptionDissertação de Mestrado em Psicopatologia e Psicologia Clínicapor
dc.description.abstractEste estudo tem como objectivo, usando o Rorschach como instrumento, observar as manifestações do negativo e do negativismo na patologia borderline. Tendo sido feita uma revisão bibliográfica -Kernberg, Brown, Bergeret, A. Dias, entre outros- considerou-se que a patologia borderline constitui um fenómeno complexo e plural situado entre as fronteiras da neurose e da psicose. Dá conta de um impasse no desenvolvimento que impediu o acesso à constância de objecto (Kernberg, 1975/2001) ou à posição depressiva (Brown, 1987), impossibilitando a integração das pulsões e do Eu, o acesso ao objecto total, à representabilidade. O sujeito revela, por isso, um vazio ruidoso, um narcisismo hemorrágico e destrutivo, uma doença do ideal, relações objectais anaclíticas e uma crispação constante com o meio. Na literatura -Guillaumin, Green, Missenard, Bion, A. Dias, entre outros- verificou-se ainda que uma grande negatividade afecta a patologia borderline. E no que se refere ao negativo, foram-lhe apontados dois destinos: um estruturante e outro destruturante, ou negativista. O negativo estruturante, promovendo as funções de ligação e vinculação, preside à integração das pulsões, do Eu e do objecto, conduzindo à genitalização, à simbolização; o negativismo, anulando o desejo e atacando as ligações e vinculações, as funções de síntese, provoca a destruturação psíquica. Neste sentido Green enfatizou a função ligante e negativante dos mecanismos primários e do recalcamento, sugerindo que regulam o desejo (impondo uma triagem implacável e silenciosa entre o aceitável e o não-aceitável) em função das exigências da realidade. Os mecanismos primários, contudo, quando são colonizados pela pulsão de morte, passam a desempenhar uma função desorganizante e destrutiva através de ataques sistemáticos às ligações e vinculações. Bion, por sua vez, tendo como modelo uma relação continente-conteúdo, falou do processo de estruturação mental. Enfatizou a capacidade negativa do sujeito, a (in)capacidade para modificar a frustração num pensamento a fim de simbolizar a ausên-cia. Esse trabalho de significação, quando conseguido, dá conta de um negativo estrutu-rante. No entanto, como acontece na situação borderline, pode ficar inacabado devido a uma perturbação da capacidade de simbolização. Neste caso, em vez de símbolos são produzidos objectos assimbólicos (A. Dias, 2004) ou pré-símbolos (Brown, 1987), portadores de preocupações pré-genitais. Dão conta de um negativo estruturante bloqueado. O problema, porém, surge quando, face à frustração, o sujeito realializa uma fuga psíquica pela negação da realidade. Os objectos bizarros produzidos, representantes do des-mentido, dão conta internamente da dor indomável do desamparo, sendo, por isso, eva-cuados. O Rorschach, de acordo com a literatura -Chabert e E. Marques, entre outros-, permite o acesso à realidade íntima do sujeito e à sua singularidade. Revela-se particularmente sensível às dificuldades de elaboração da perda/ausência pelo borderline, tornando possível a observação do negativo (estruturante) e do negativismo. Ao negativo estruturante estão associados dois modos de funcionamento: um pólo mais evoluído, corolário de um espaço psíquico criativo e ligado à simbolização, e um pólo menos evoluído e promotor de um espaço psíquico adaptativo e conformista associado à produção de assimbolos. O negativo estruturante é expresso no Rorschach através de imagens bem vistas, dando conta da constituição de um continente separado (uma apreensão com boa qualidade formal) e do estabelecimento de uma relação continente-conteúdo positiva, O pólo mais evoluído, que conduz à simbolização, não se revela presente no protocolo analisado. O pólo menos evoluído, promotor de um espaço mental conformista, está presente no protocolo, mas não de forma significativa. Revela-se em imagens inteiras, mas estas são emocional e sexualmente neutras e revelam preocupações pré-genitais, consequência da pressão dos mecanismos dispersivos sobre os integrativos. Este pólo, apesar de ser o mais progrediente do sujeito, revela que a capacidade de simbolização está perturbada e, por isso, dá conta que não acedeu às identificações secundárias. O negativismo apresenta também dois modos de funcionamento: um evacuativo para o exterior e outro retraído e deprimido. Um e outro revelam-se no Rorschach por imagens mal vistas, dando conta da inexistência de um continente separado e uma relação continente-conteúdo negativa. Disso é testemunho imagens inquietantes, desvalorizadas, abandónicas, insificientes e narcísicas presentes em abundância no protocolo. Se o espaço evacuativo é insignificante, o espaço retraído e deprimido revela-se presente de forma significativa no protocolo, constituindo o funcionamento mais regrediente e desorganizado do sujeito. Dominado pelo ódio e pala culpa e gerido por mecanismos dispersivos e destruturantes, este espaço é produtor de objectos bizarros, representantes do desmentido e provocadores de sofrimento indomável, tomando o sujeito incapaz de viver na ausência. São de destacar ainda, como lugares de expressão do negativismo, as apreensões em detalhe branco(Dbl) e os determinantes cinestésicos de conteúdo humano projectivo (K e kp). Para terminar, O Rorschach revela-se um instrumento capaz de ser enriquecido com novos conceitos e com grandes potencialidades clínicas, pois fala a mesma linguagem e dá conta da singularidade do sujeito.por
dc.identifier.urihttp://hdl.handle.net/10400.12/886
dc.language.isoporpor
dc.publisherInstituto Superior de Psicologia Aplicadapor
dc.subjectPsicologia clínicapor
dc.subjectPersonalidadepor
dc.subjectTeste de Rorschachpor
dc.subjectEstudo de casopor
dc.subjectPsicopatologiapor
dc.subjectPersonalidade borderlinepor
dc.subjectRelação de objectopor
dc.subjectClinical psychologypor
dc.subjectPersonalitypor
dc.subjectRorschach testpor
dc.subjectCase studypor
dc.subjectPsychopathologypor
dc.subjectBorderline personalitypor
dc.subjectObject relationpor
dc.titleA patologia borderline a partir do negativo e através do Rorschachpor
dc.typemaster thesis
dspace.entity.typePublication
oaire.citation.conferencePlaceLisboapor
rcaap.rightsopenAccesspor
rcaap.typemasterThesispor

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