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Abstract(s)
O trabalho por turnos Ă© um problema para a maioria dos trabalhadores e constitui um problema de saĂșde muitas vezes ignorado. Os enfermeiros pertencem a um grupo de profissionais particularmente sujeito a este tipo de regime de trabalho. A escolha deste tema recaiu sobre o facto de praticar o trabalho por turnos hĂĄ vĂĄrios anos e de ter vivenciado os diversos problemas relatados por vĂĄrios autores, nomeadamente perturbaçÔes gĂĄstricas, do sono, do humor e fadiga. Assim, a nossa experiĂȘncia profissional associada aos conhecimentos adquiridos ao longo do mestrado em PsicossomĂĄtica, encaminharam-nos para a realização de um estudo mais aprofundado nesta ĂĄrea.
Para este trabalho aplicamos uma metodologia de tipo exploratĂłrio/descritivo, transversal e comparativo. Estabelecemos como objectivo geral descrever o impacto do trabalho por turnos nos enfermeiros a desempenhar funçÔes no serviço de Medicina e Unidade de Cuidados Intensivos Polivalentes (UCIP) do hospital de Santa Marta, em Lisboa, Como objectivos especĂficos foram delineados os seguintes:
- Identificar as principais perturbaçÔes somåticas nos enfermeiros que trabalham em
regime de horĂĄrio rotativo e fixo.
- Comparar a incidĂȘncia das alteraçÔes somĂĄticas entre os enfermeiros com horĂĄrio
rotativo e fixo.
- Descrever as caracterĂsticas do sono nos trabalhadores por turnos e em horĂĄrio fixo.
- Comparar os aspectos do ritmo sono-vigĂlia entre enfermeiros com regime de
horĂĄrio rotativo e fixo.
- Conhecer a vida onĂrica dos enfermeiros.
- Identificar as diferenças que possam existir entre os indivĂduos que trabalham em
esquema rotativo ou fixo.
Este estudo pretende fazer correlaçÔes entre a alteração do ritmo sono-vigĂlia, com o aparecimento de alteraçÔes somĂĄticas, e as alteraçÔes psĂquicas traduzidas em perturbaçÔes especĂficas dos sonhos nos enfermeiros a trabalharem por turnos. Ao longo do trabalho pretendemos testar as seguintes hipĂłteses:
PH
- Espera-se encontrar mais perturbaçÔes na saĂșde fĂsica e mental nos enfermeiros da
nossa amostra, contrariamente aos enfermeiros em horĂĄrio fixo.
- Espera-se encontrar um sono mais perturbado nos enfermeiros que trabalham por
rumos, em comparação com os enfermeiros em horårio fixo.
- Espera-se encontrar uma vida onĂrica mais perturbada nos indivĂduos que trabalham
por turnos.
A amostra do nosso estudo Ă© constituĂda pela população de enfermeiros a trabalhar por turnos Ă mais de seis meses nos serviços de Medicina (11 indivĂduos) e UCIP (14 indivĂduos). Como se pretende fazer uma comparação entre os dois regimes de horĂĄrio, foi utilizado como grupo de testemunha os enfermeiros a trabalhar na consulta externa do mesmo hospital, em horĂĄrio fixo (manhĂŁs).
Como instrumentos de recolha de dados foi utilizada uma bateria de questionĂĄrios denominada "Estudo Padronizado do Trabalho por Turnos" (ETTP). Deste conjunto de questionĂĄrios, utilizamos as seguintes secçÔes: questionĂĄrio do sono, questionĂĄrio de saĂșde fĂsica e questionĂĄrio geral de saĂșde e situação domĂ©stica Foi elaborado ainda um novo questionĂĄrio sobre a temĂĄtica sono e sonho em colaboração com o Professor Mendes Pedro, com o objectivo de complementar a informação obtida.
A recolha de dados recorreu entre Setembro e Dezembro de 2004. Foi solicitada a colaboração dos enfermeiros, assegurando a confidencialidade e o anonimato. ApĂłs tratamento estatĂstico, as conclusĂ”es encontradas sĂŁo:
- Os enfermeiros que trabalham por turnos não apresentam mais perturbaçÔes na
saĂșde fĂsica e mental, em comparação com os enfermeiros em horĂĄrio fixo.
- As perturbaçÔes mais sentidas sĂŁo a nĂvel gastro-intestinal, nomeadamente a
perturbação do apetite, azia/dores de estÎmago, sensação de inchaço, cólicas e
dispepsia, e afectam ambos os grupos.
- Os enfermeiros que trabalham em horĂĄrio fixo apresentam tendencialmente um
Ăndice de perturbação psicolĂłgica mais elevado que os enfermeiros que trabalham
por turnos, traduzido por um discurso mais deprimido e com baixa da autoÂŹ
confiança.
- Foram encontradas mais perturbaçÔes do sono nos enfermeiros que trabalham por
turnos, comparativamente com os enfermeiros em horĂĄrio fixo.
- O sono dos enfermeiros que trabalham por turnos Ă© menos reparador e de menor
qualidade.
- Os enfermeiros que trabalham por turnos nĂŁo apresentam uma vida onĂrica mais
perturbada, quando comparados com os enfermeiros em horĂĄrio fixo.
- A maioria dos enfermeiros (65.7%) nĂŁo se conseguem recordar de nenhum sonho,
sendo que os enfermeiros que trabalham em horĂĄrio fixo se recordam menos (cerca
de 16.6%).
- Os enfermeiros que trabalham em horĂĄrio fixo responderam menos afirmativamente
Ă questĂŁo "as pessoas nos meus sonhos tĂȘm rosto".
- Não foram encontradas correlaçÔes entre a presença de perturbaçÔes somåticas e a
recordação dos sonhos.
Espero que este estudo ajude no futuro a elaborar formas de pensar sobre o problema do trabalho por turnos, segundo o modelo psicossomĂĄtico, de modo a permitir uma visĂŁo mais globalizante do trabalho por turnos e de quem o pratica.
Description
Dissertação de Mestrado em Psicossomatica
Keywords
PsicossomĂĄtica Enfermeiros Trabalho por turnos Ritmos biolĂłgicos Sono Sonho Psychosomatic Nurses Workday shiffs Biological rhythms Sleep Dreems
Citation
Publisher
Instituto Superior de Psicologia Aplicada