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Representações sociais dos direitos do homem entre os quadros da Guiné-Bissau

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Para Doise (1996) o estudo das representações sociais dos Direitos do Homem é um dos contributos mais válidos que a psicologia social pode trazer ao debate, ainda necessário, sobre aqueles direitos. Em África, este debate reveste-se de grande importância, devido ao que pode acrescentar a um outro debate em curso sobre a questão da identidade dos povos e da sobrevivência dos Estados. Os quadros, pela influência social que podem exercer, constituem um estrato da população em que assume particular interesse o estudo daquelas representações. A população da Guiné-Bissau é composta por um número elevado de etnias que, embora convivendo há séculos num território de 36 125 Km2, mantêm ainda a sua diferenciação, que se manifesta por costumes e línguas diferentes. Nem o desenvolvimento de uma língua veicular comum - o Kriol -, nem a unificação conseguida em função da luta de libertação nacional nos anos 60/70, conseguiram ainda superar o poder étnico que é um dos 3 poderes que se entrecruzam no país. Entre os quadros técnicos e superiores da Guiné-Bissau existem muitas diferenças. Não só as de origem étnica, religiosa e social e as de formação, mas também as que derivam das diferentes experiências de vida por longos períodos em países estrangeiros, durante o período em que obtiveram as formações. O estudo das semelhanças e diferenças baseadas nas variáveis demográficas e nos valores, por um lado, e nas mesmas variáveis e as representações sociais de alguns dos direitos proclamados na Declaração Universal dos Direitos do Homem, por outro lado, irá permitir-nos algum grau de esclarecimento para as seguintes questões: Apesar de todos os factores que podem admitir-se como geradores de diferença, os quadros da Guiné-Bissau constituem um grupo em que é possível identificar uma hierarquia de valores e encontrar um núcleo organizador das Representações dos Direitos do Homem. As representações sociais dos direitos do homem entre os quadros da Guiné-Bissau variam em função da sua hierarquia de valores, que por sua vez variará de acordo com as influências étnicas, religiosas e com determinadas experiências de vida. Isto é: sujeitos com hierarquias de valores idênticas tenderão a ter posições idênticas relativas aos principais grupos de direitos humanos em estudo: vida, liberdade e trabalho; sujeitos com experiências de vida semelhantes mostrarão tendência a manifestar semelhanças nas suas posições relativamente aos direitos considerados; A variância inter-individual nas representações sociais dos direitos do homem organiza-se em tomo daquele núcleo organizador e é ancorada nos valores, na pertença étnica e na posição que os sujeitos ocupam numa dada hierarquia relacionada com o desempenho do seu trabalho; As representações sociais dos direitos do homem relativas ao mundo do trabalho desenvolvem-se a partir do mesmo núcleo representacional que todos os outros aspectos dessas representações considerados neste trabalho; A componente étnica não é uma variável muito relevante nas representações sociais dos direitos do homem relativos a vida, liberdade e trabalho, para o grupo em estudo. Utilizámos um design metodológico que tem sido utilizado por Doise e colaboradores em estudos trans-culturais sobre as Representações Sociais dos Direitos do Homem. Daquela equipa obtivemos e adaptámos após a necessária autorização, um questionário composto por questões abertas e fechadas e, depois de efectuado um pre-teste, procedemos à recolha da informação por um método adaptado à realidade local. Foram distribuídos 450 questionários, recolhidos 250 e aproveitados 152. Os 98 foram rejeitados, na maior parte dos casos, devido à falta de elementos que constituem as variáveis independentes. Os sujeitos são uma amostra estratificada da população guineense para a categoria dos quadros técnicos e superiores, a trabalharem em todo o país em qualquer sector de actividade e em qualquer nível da hierarquia. Dentro desta categoria, a selecção dos sujeitos foi aleatória. Pensamos ter obtido uma amostra probabilística para o extracto, seleccionado dado que qualquer dos sujeitos desse extracto tinha uma probabilidade conhecida e não nula (aproximadamente 0,15) de ser incluído na amostra. Os dados foram recolhidos nas duas últimas semanas de Julho e na primeira de Agosto de 1996. Obtivemos respostas de 111 homens e 41 mulheres de idades compreendidas entre os 22 e os 58 anos, oriundos das principais etnias, pertencendo a quase todas as profissões e cargos presentes entre os quadros da Guiné-Bissau. No tratamento dos dados utilizámos a análise de conteúdo para as perguntas abertas. Procedemos ao agrupamento por categorias e anotámos a frequência e a ordem em que as mesmas apareceram. Procedemos depois à caracterização da amostra relativamente à escala de valores. Seguidamente pelo modelo (ANOVA) procedemos à análise de variação das médias das classificações para os valores e para as diferentes variáveis. Para confirmar a hierarquia de valores através das associações que estão implícitas nos dados, foi feito um agrupamento de valores usando a Análise de Grupos (Agglomerative Híerarchical Cluster Analysis) Ainda relativamente aos valores e para reduzir os elementos de análise do grupo relativamente a este aspecto, procedemos à associação dos valores de dimensão intra-pessoal, relacional e globalmente social (Vala, 1986) e procedemos igualmente ao agrupamento por domínios, com base no modelo de Schwartz. Utilizando de novo o modelo (ANOVA) procedemos análise de variância daquelas médias das classificações relativamente às variáveis independentes. Foram, depois, analisadas as respostas à primeira escala analisando as médias da frequência obtidas para cada um dos pontos da escala e à análise das diferentes escalas relativas às situações, utilizando procedimentos semelhantes aos já descritos, tendo verificado as influências das variáveis identificadas com diferença significativa (a = 10% entre as médias de cada situação). Fizeram-se depois as associações das pontuações obtidas em aspectos das situações concretas apresentadas, que eram identificáveis com o exemplo de Direitos Humanos enunciado na Segunda parte do questionário e aplicou-se o teste do X2 para detectar incoerências entre a valorização atribuída ao enunciado abstracto e à aplicação prática do mesmo direito. Associando aqueles procedimentos a uma análise qualitativa das diferenças, verificámos que os resultados apontam para o aspecto - a liberdade - como núcleo central da representação social dos Direitos Humanos para o grupo estudado. A análise das diferenças individuais significativas relativamente a algumas das variáveis independentes, nomeadamente as variáveis obtidas a partir das associações de valores, permitiu-nos identificar alguns aspectos indicadores do processo de ancoragem da representação, nos valores e na variância das experiências inter-individuais.

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Dissertação de Mestrado em Comportamento Organizacional

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Instituto Superior de Psicologia Aplicada

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