Name: | Description: | Size: | Format: | |
---|---|---|---|---|
71.46 KB | Adobe PDF |
Authors
Advisor(s)
Abstract(s)
Começo por enunciar três características (sem prejuízo de alguém poder encontrar mais) do médico de família (MF) que fazem dele um dos técnicos de saúde com maior responsabilidade pela Literacia em Saúde (LS).
Em primeiro lugar, se considerarmos o continuo saúde-doença, o MF trabalha no polo da saúde enquanto os restantes especialistas trabalham no polo da doença. Isto faz do MF especialista da saúde enquanto os especialistas hospitalares são especialistas da doença. Assim o MF tem oportunidade de partilhar informação sobre saúde em condições de saúde e em condições de doença, mesmo nas circunstâncias de doença ele tem a oportunidade, vocação e formação para abordar a “parte saudável” do doente, fazendo expandir o lado saudável em desfavor da doença em vez da abordagem dos especialistas da doença que, focados na doença, “comprimem” o lado saudável que qualquer doente têm. Aliás, basta alguém ter uma doença que logo é designado de doente e reduzido à sua doença (“o diabético”, “o alcoólico”, etc.), independentemente do que têm de saudável.
A segunda característica é a pluralidade de agentes de saúde com quem interage e com quem tem interface. Ele contacta com todos os restantes especialistas, hospitalares ou não. Tem interfaces comunicacionais com enfermagem e outros técnicos de saúde como nutricionistas, psicólogos, terapeutas da fala, fisioterapeutas, farmacêuticos, etc. Mas, para além disso, contacta com autarcas, padres, estruturas comunitárias (lares, centros de dia). Contacta com a Segurança Social, familiares de doentes, amigos e até vizinhos. Então o MF tem oportunidade de influenciar não só o doente, mas também o seu contexto micro e macrossocial. Finalmente, o MF presta cuidados em continuidade que vão desde a conceção até à morte. Portanto, partilha informação sobre saúde nas diversas fases da vida pessoal, do ciclo familiar, nas diversas etapas da vida, nos momentos de felicidade e nos de tristeza, na austeridade e na abundância, na saúde na doença.
Por consequência, o MF deve, por excelência, um profissional de comunicação e da relação.
Deixem que lembre o que se entende por LS. É a capacidade das pessoas em obter, processar, compreender/integrar, usar e poder usar informação (sobre saúde) necessária para tomar decisões sobre problemas de saúde, defesa da saúde e escolha de estilos de vida saudáveis (Sørensen, Van Den Broucke, Fullam, Doyle, & Pelikan, 2012).
Description
Keywords
Literacia em saúde Politicas Pós-graduação em Literacia em Saúde Capacitação dos profissionais de saúde Medicina geral e familiar
Citation
In C. Lopes & C. V. Almeida (Coords.), Literacia em saúde na prática (pp. 33-41). Lisboa: Edições ISPA [ebook].