PSOC - Tese de doutoramento
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- Experiências de (in)justiça com os professores e comportamentos de desvio na adolescênciaPublication . Sanches, Ana Cristina Pires; Pereira, Maria Gouveia; Carugati, FeliceApesar da extensa literatura na área do desvio juvenil, as evidências empíricas sobre a relação entre as experiências e julgamentos de (in)justiça procedimental relativos aos professores e o envolvimento dos adolescentes em comportamentos desviantes são escassas. Os estudos empíricos aqui apresentados pretendem contribuir para o preenchimento desta lacuna na literatura. Os adolescentes passam grande parte do seu tempo na escola e com os professores, que são a única figura de autoridade formal com quem têm um contacto direto e diário. Dado que as perceções e experiências de (in)justiça procedimental têm fortes implicações identitárias (Lind & Tyler, 1988; Tyler & Blader, 2003), é expectável que a qualidade e a justiça do tratamento recebido da parte dos professores tenha um forte impacto emocional e comportamental nos adolescentes. Conjugando a teoria da delinquência juvenil proposta por Emler e Reicher (1995, 2005) com os Modelos Relacionais de Justiça (Lind & Tyler, 1988; Tyler & Lind, 1992), no primeiro artigo apresentamos um estudo correlacional no qual analisámos a hipótese da relação entre os julgamentos de (in)justiça acerca dos professores e os comportamentos de desvio dos adolescentes ser mediada pela avaliação das autoridades institucionais. Os resultados confirmaram a nossa hipótese, indicando que quanto mais os adolescentes percecionam os seus professores como justos do ponto de vista procedimental e relacional, mais positivamente avaliam também outras autoridades institucionais. Por sua vez, quanto mais positiva é a avaliação dessas autoridades, menor é o seu envolvimento em condutas desviantes, mesmo depois de controlado o efeito do insucesso escolar. No segundo artigo apresentamos o desenvolvimento e o estudo das qualidades psicométricas da Escala de Variedade de Comportamentos Desviantes (EVCD), dada a inexistência de escalas portuguesas desta natureza publicadas e validadas. Os resultados confirmaram a validade fatorial, convergente e discriminante da EVCD, bem como a sua elevada consistência interna, indicando que este é um recurso válido e fiável de auto relato para avaliar a variedade de comportamentos desviantes cometidos por adolescentes portugueses. Dado que a investigação realizada com adultos indica que nem sempre as perceções e experiências de injustiça com as autoridades provocam reações desviantes (e.g. Aquino, Tripp, & Bies, 2006; Hershcovis, et al., 2007), o terceiro artigo apresenta os resultados de dois estudos experimentais que analisaram a influência de duas variáveis moderadoras da relação (in)justiça procedimental-desvio: os julgamentos prévios dos adolescentes acerca das autoridades institucionais (estudo 1) e as preocupações com a pertença e a aceitação pelos colegas de turma (estudo 2). Os resultados do primeiro estudo confirmaram a hipótese colocada, mostrando que os adolescentes têm uma maior tendência para se envolverem em condutas desviantes em resposta ao tratamento injusto do professor mas apenas quando os seus julgamentos prévios são negativos. Os resultados do segundo estudo confirmaram também as nossas hipóteses, mostrando que a injustiça procedimental do professor provocou sentimentos de zanga e de exclusão social independentemente das preocupações dos adolescentes com a pertença e a aceitação pelos colegas de turma, mas apenas aqueles cujas preocupações eram baixas apresentaram uma maior tendência para reagir envolvendo-se em condutas desviantes.
- Percepções de justiça na adolescência: A escola e a legitimação das autoridades institucionaisPublication . Pereira, Maria Gouveia; Vala, JorgeEste trabalho tem como objectivo analisar os efeitos da percepção de justiça do comportamento dos professores sobre a legitimação da autoridade escolar e a avaliação da autoridade institucional. Pretendemos também analisar a reputação social enquanto variável mediadora da relação entre a percepção de justiça dos comportamentos dos professores e a legitimação da autoridade escolar. Esta investigação estrutura-se em três partes. Na Parte I, composta por 2 capítulos, abordámos a literatura que nos permite contextualizar a problemática da investigação. No primeiro capítulo, procedemos à descrição das tarefas de desenvolvimento da adolescência e abordámos algumas perspectivas teóricas que se centram na análise da relação do indivíduo com a autoridade. O segundo capítulo desta parte analisa a relação entre a experiência escolar e as atitudes dos adolescentes face à autoridade institucional. A Parte II é constituída por 5 capítulos, nos quais se pretende dar conta do enquadramento teórico no âmbito da justiça social, nomeadamente no âmbito do Modelo do Valor do grupo e do Modelo Relacionai da Autoridade. No primeiro capítulo desta parte discorremos sobre uma revisão global da literatura referente aos aspectos distributivos, procedimentais e interaccionais da justiça e sua inter-relação bem como sobre os estudos fenomenológicos que analisam o significado que as percepções de justiça assumem em situações justas e injustas. O segundo capítulo desta parte dá conta da evolução do Modelo do Valor do Grupo e da dinâmica psicológica da justiça procedimental e dos estudos empíricos que ilustram o significado expressivo e relacional do factor voz. O capítulo três debruça-se sobre as explicações teóricas relativas ao efeito da interacção entre as dimensões de justiça - distributiva, procedimental e interaccional. O quarto capítulo dedica-se a rever os estudos sobre a justiça no contexto da escola. O capítulo cinco aborda o Modelo Relacional da Autoridade, que articula os julgamentos de justiça e a legitimação da autoridade; e, finalmente, o sexto capítulo desta parte aborda a dimensão dos julgamentos comparativos no âmbito da justiça distributiva e da justiça procedimental. A Parte III da tese, composta por cinco capítulos, apresenta os estudos empíricos desta investigação. O primeiro capítulo desta parte centra-se na análise dos factores críticos da experiência escolar - percepções de justiça - na legitimação dos professores e na avaliação da autoridade institucional extra-escolar. A nossa hipótese principal, de que a qualidade da relação com os professores é transposta para a avaliação das autoridades extra-escolares, é confirmada pelos resultados obtidos. O segundo capítulo desta parte é constituído por um estudo sobre a relação entre a percepção de justiça dos adolescentes relativamente às figuras parentais e a avaliação destes acerca da autoridade institucional. Os resultados obtidos confirmam a nossa hipótese de que a percepção de justiça do comportamento dos professores influencia mais a avaliação da autoridade institucional do que a percepção de justiça do comportamento dos pais. O capítulo três desta parte apresenta a validação do Modelo do Valor do Grupo, com adolescentes portugueses, em escola secundárias. No capítulo quatro desta parte apresentamos um estudo experimental, cujos resultados mostram a relevância dos julgamentos comparativos na legitimação dos professores em situações de injustiça, bem como confirmam e reforçam a importância dos aspectos relacionais de justiça na legitimação dos professores, em situações justas. Finalmente, o capítulo cinco desta terceira parte, analisa o impacto da percepção de justiça na reputação social, bem como o papel mediador da reputação da relação entre a percepção de justiça e a legitimação dos professores. Os resultados obtidos mostram que a percepção de justiça do comportamento dos professores influencia a construção da reputação dos adolescentes. Por sua vez, a reputação é um dos mecanismos psicológicos subjacentes à relação entre a percepção de justiça e a legitimação dos professores. Com efeito, experiências de qualidade com os professores (julgamentos relacionais de justiça) levam a que os adolescentes construam a sua reputação com base em categorias prototípicas da escola e assumem, também, uma função de socialização na aquisição de valores sociais e morais. ------ ABSTRACT ------ The objective of this work is to analyse the effects of perception of justice of teachers' behaviour on the legitimacy of school authority and the evaluation of institutional authority. We also intend to analyse social reputation as a mediating variable in the relationship between the perceptions of justice of teachers' behaviour and the legitimacy of school authority. This investigation is made up of three parts. In part I, consisting of three chapters, we approach the literature that allows us to contextualize the problem of the investigation. In the first chapter, we go on to describe adult development tasks and some theoretical perspectives centered on the analysis of the individuals relationship with authority. The second chapter in this part analyses the relationship between school experience and adolescents' attitudes towards institutional authority. Part II is made up of 5 chapters, in which we aim to fit in successfully the theoretical framework in the scope of social justice, namely in the remit of the Group Value Model (Modelo do Valor do Grupo) and the Relational Authority Model (Modelo Relacional da Autoridade). In the first chapter of this part, we talk at length about globaily revising literature referring to distributive, procedural and interactive aspects of justice and its inter-relation and about phenomenologist studies that analyse the meanings that perceptions of justice assume in just and unjust situations. The second chapter of this part reports on the evolution of the Group Value Model and the psychological dynamic of procedural justice and empiric studies that illustrate the expressive and relational meaning of the voice factor. Chapter three examines the theoretical explanations relative to the effects of interaction among the dimensions of justice - distributive, procedural and interactive. Chapter four is dedicated to reviewing studies on justice in a school context. Chapter five brings up the Relational Authority Model, which speaks about judgments of justice and the legitimacy of authority. Finally, chapter six of this part broaches the dimension of comparative judgments in the scope of distributive justice and procedural justice. Part III of this thesis, comprising 5 chapters, presents this investigation's empirical studies. The first chapter of this part is centered on the analysis of critical factors in school experience - perceptions of justice, in teachers' legitimacy and in the evaluation of extra-school authority. Our main hypothesis, that the quality of the relationship with teachers is transposed in the evaluation of extra-school authorities, is confirmed by the results obtained. The second chapter m this part is made up of a study of the relationship between the adolescents' perceptions of justice relative to parental figures and their evaluation of institutional authority. The results obtained confirm our hypothesis that the perception of justice of teachers' behaviour influences more the evaluation of institutional authority than the perception of justice of parents' behaviour. Chapter three of this part validates the Group Value Model, with Portuguese adolescents, in secondary schools. In chapter four of this part we present an experimental study, whose results show the relevance of comparative judgments of teachers' legitimacy in situations of injustice and confirm the importance of relational aspects of justice in teachers' legitimacy in just situations. Finally, chapter five of this part analyses the relationship between perception of justice and construction of social reputation, as well as the mediating role of reputation in the relationship between perception of justice and teachers' legitimacy. The results obtained show that the perception of justice of teachers' behaviour influences the construction of adolescents reputations. In turn, reputation is one of the underlying psychological mechanisms in the relationship between perception of justice and teachers' legitimacy. In fact, quality experiences with teachers (judgments related to justice) lead adolescents to construct their reputation based on the school's prototypical categories and take on a role of socialization in the acquisition of social and moral values.