PCLI - Tese de doutoramento
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Browsing PCLI - Tese de doutoramento by Sustainable Development Goals (SDG) "03:Saúde de Qualidade"
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- Apoio entre pares e mediação intercultural - Uma leitura psicanalítica das reorganizações identitárias com migrantes marcados pela experiência de deslocamento forçado por conflitos armadosPublication . Duarte, Mariana Bassoi; Marques, Maria EmíliaA presente proposta de investigação para o Programa de Doutoramento em Psicologia Clínica tem como objetivo principal explorar e discutir a prática de intervenção Peer Support/Apoio entre Pares e os processos intersubjetivos com migrantes marcados pela experiência de deslocamento forçado consequentes de conflitos armados, e seus efeitos nas identidades. Para tal pretende-se analisar, a partir dos conceitos da psicanálise e da etnopsicanálise, o dispositivo Peer Support ou Apoio entre Pares e perceber como é que os elementos compartilhados entre os pares se integram na próprias identidades dos sujeitos que vivenciam transformações sociais, psíquicas e físicas. Este dispositivo pretende privilegiar o cuidado centrado no paciente em contextos de guerra e/ou conflito. Com esse propósito, propõe-se como metodologia um estudo longitudinal qualitativo que utiliza o instrumento FANI – Free Association Narrative Interviewpara a recolha e análise de dados. Este instrumento permite aceder a processos de intersubjetividade priorizando a observação e análise do conteúdo trazido pelo próprio participante, ao invés de um tema pré estabelecido pelo investigador. A recolha de dados foi feita a partir de entrevistas com os participantes e coordenadores dos grupos Peer Support. Os participantes na investigação são migrantes marcados por experiências de deslocamento forçado no decorrer de conflitos armados, guerras ou ocupação militar, alguns apresentam trauma físico e/ou queimadura no corpo decorrentes dos ambientes de conflito e ocupação. A análise dos dados pretende convocar reflexões da prática clínica vinculada a contextos transculturais em articulação com a psicanálise, política e cultura. A partir da análise das entrevistas emergiram cinco grandes temas para a discussão dos resultados: Identidades Roubadas; Cronologia e Trauma: sintoma ou criação?; Tornando-se um Peer: deparar-se com sua própria história, criar pontes e se reabitar; O Apoio entre Pares e o re-enlace social: os (des)encontros e suas (im)possibilidades; O Apoio entre Pares: potencialidades e desafios. Como resultado da investigação, o Apoio entre Pares pode ser compreendido como um recurso terapêutico, funcionando como um instrumento de acolhimento para o sofrimento psíquico, moldado pelas influências culturais e sociais. O Peer Support surge como uma intervenção possível, facilitada pela via da identificação. Os aspectos identificatórios são a base desse encontro e, ao longo do processo, podem gerar efeitos em ambas as partes envolvidas, remodelando subjetividades nesse processo de transformação. As pontes estabelecidas pela linguagem e escrita, dirigidas ao outro como testemunho de histórias pessoais e coletivas, possuem um valor rehumanizador, atuando como suturas que amenizam as fraturas cronológicas. Novos aspectos identificatórios são incorporados a partir do encontro com o outro, enriquecendo a experiência e o vínculo estabelecido.
- Fatores psicológicos e familiares nos comportamentos autolesivos dos adolescentes: Da compreensão à intervenção em contexto escolarPublication . Candeias, Maria de Jesus Canelas; Pereira, Maria GouveiaOs comportamentos autolesivos são um grave problema de saúde pública, especialmente entre adolescentes e jovens adultos, necessitando de intervenções preventivas eficazes. Estes comportamentos são influenciados por variáveis sociodemográficas, individuais e relacionais, sendo fundamental compreender melhor o papel dessas variáveis na promoção deste comportamento e desenvolver programas preventivos, particularmente em contextos escolares. Esta tese analisou como é que variáveis sociodemográficas (sexo e idade), individuais (perturbação de personalidade borderline, impulsividade e ideação suicida) e relacionais (funcionamento familiar) contribuem para os comportamentos autolesivos, bem como explora os mecanismos que ligam o funcionamento familiar a estes comportamentos. Para além disso, foi desenvolvido e avaliado um programa de intervenção escolar para adolescentes, professores e auxiliares educativos, com o objetivo de reduzir a prevalência de comportamentos autolesivos. O primeiro estudo validou a versão original da escala Borderline Personality Features Scale for Children para adolescentes, resultando na versão BPFSC-12, composta por 12 itens organizados em quatro fatores de primeira ordem (Instabilidade Afetiva, Problemas de Identidade, Relacionamentos Negativos e Autoagressão) e um fator de segunda ordem, "Características de Personalidade Borderline". Esta versão revelou-se uma medida válida e fiável para a deteção precoce de perturbação de personalidade borderline em adolescentes. O segundo estudo explorou, a contribuição de variáveis sociodemográficas, relacionais e individuais para os comportamentos autolesivos. Observou-se que o género e a idade são preditores significativos, com as raparigas apresentando maior risco. No entanto, fatores intrapessoais, como a perturbação de personalidade borderline e a ideação suicida, mostraram um impacto mais forte na predisposição para estes comportamentos do que o funcionamento familiar. O terceiro estudo investigou se a perturbação de personalidade borderline e a ideação suicida atuam como mediadores entre o funcionamento familiar e os comportamentos autolesivos. Verificou-se que ambos desempenham papéis mediadores significativos, com a ideação suicida como mediador total e a perturbação de personalidade borderline como mediador parcial. A mediação em série indicou que a relação entre o funcionamento familiar e os comportamentos autolesivos é totalmente mediada pela perturbação da personalidade borderline e pela ideação suicida. No âmbito das intervenções, o programa “Healthy Minds” foi desenvolvido para prevenir comportamentos autolesivos em adolescentes em contexto escolar. O programa mostrou-se eficaz na redução das taxas destes comportamentos, na correção de crenças erradas, e na promoção da procura de ajuda profissional, embora sem impacto significativo no reconhecimento de sinais de alerta e na ideação suicida. Adicionalmente, foi implementado um programa de formação para professores e auxiliares educativos, capacitando-os para identificar e intervir em casos de comportamentos autolesivos. A intervenção mostrou-se eficaz na redução de falsas crenças, no aumento da capacidade de reconhecer sinais de alerta e na promoção de atitudes mais adaptativas em relação a estes comportamentos. Em conclusão, esta tese contribui para a compreensão dos comportamentos autolesivos, destacando a importância de considerar tanto variáveis intrapessoais (como a perturbação de personalidade borderline e a ideação suicida) quanto relacionais (como o funcionamento familiar). Reforça a necessidade de estratégias preventivas contínuas e integradas para reduzir a prevalência destes comportamentos e promover o bem-estar dos adolescentes, sublinhando a importância de programas eficazes em contexto escolar.
- PortNE - Representações da negligência em Portugal: Contributos para uma abordagem preventiva da violência nos idososPublication . Jesus, Joana Raquel Correia de; Von Humboldt, SofiaO envelhecimento populacional é um fenómeno global que requer respostas eficazes para assegurar o bem-estar e a segurança das pessoas idosas. Dos múltiplos desafios associados a esta realidade, a negligência nos idosos destaca-se como um tipo de violência de difícil identificação, comprometendo a qualidade de vida desta população. Esta problemática tem raízes multifatoriais, incluindo fatores individuais, relacionais, comunitários e sociais, que interagem de forma complexa ao longo do ciclo de vida. A compreensão destes fatores é fundamental para a implementação de estratégias de intervenção preventivas e eficazes. O projeto PortNE teve como objetivo principal analisar a violência por negligência em idosos em Portugal, explorando os fatores psicossociais associados e as representações sociais deste fenómeno. Com um desenho metodológico misto, esta investigação foi desenvolvida em duas fases: uma quantitativa e outra qualitativa. Na primeira fase, a quantitativa (capítulos 3 e 4), foram realizadas análises com uma amostra de 1101 idosos portugueses, com o intuito de estudar a vulnerabilidade à violência e aos indicadores de exposição à negligência, bem como o impacto de variáveis ecológicas associadas, como resiliência, solidão, suporte social, sentido de comunidade e idadísmo. Os resultados revelaram que aproximadamente 27% dos participantes apresentavam sinais de vulnerabilidade à violência. Para além disso, fatores como baixo suporte social e baixa perceção de sentido de comunidade demonstraram estar significativamente associadas aos indicadores de exposição à negligência. Na segunda fase, a qualitativa (capítulo 5), foram conduzidas entrevistas com 52 idosos com o propósito de aprofundar a compreensão das perceções sobre a negligência nos idosos. A análise temática identificou fatores etiológicos proximais, tais como dinâmicas familiares e dificuldades económicas, mas também identificou fatores distais, isto é, a sobrecarga emocional dos cuidadores e a desvalorização social dos idosos. As medidas preventivas identificadas nesta fase incluem estratégias ativas, como o fortalecimento da autonomia dos idosos, e estratégias passivas, como a capacitação de cuidadores e campanhas de sensibilização para o idadísmo. Os resultados demonstram que a negligência nos idosos resulta da interação de diversos fatores, destacando-se a influência negativa da solidão, do idadísmo e da falta de suporte social. Adicionalmente, verificou-se que idosos com maior resiliência apresentavam menor perceção de exposição à negligência, sugerindo que esta competência pode desempenhar um papel de fator protetor. A nível prático, estes resultados salientam a necessidade de implementar programas comunitários de inclusão social e políticas de apoio ao cuidador informal.