PDES - Tese de doutoramento
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Browsing PDES - Tese de doutoramento by Author "Correia, João Carlos Verdelho"
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- As relações entre pares de jovens adolescentes socialmente retiradosPublication . Correia, João Carlos Verdelho; Santos, António JoséPela primeira vez, na realidade nacional, procurou estudar-se o fenómeno da retirada social na adolescência, isto é, da remoção própria, recorrente e consistente da interação social com os pares. Com base em amostras retiradas de um projeto de investigação longitudinal ainda em curso, procurámos atingir três grandes objetivos: validar um instrumento que permita a sua correta avaliação; caracterizar as relações sociais destes jovens, quer com o grupo de pares, quer com os seus melhores amigos; e, finalmente, analisar a influência de diferentes trajetórias desenvolvimentais de retirada social e de diferentes padrões de amizade no ajustamento psicossocial destes indivíduos ao longo de um ano. Os dados foram recolhidos com base em 3 instrumentos: o Extended Class Play (Burgess, Rubin, Wojslawowicz Bowker, Rose-Krasnor, & Booth-LaForce, 2003) — que permite captar as avaliações que os pares fazem do comportamento, funcionamento e reputação sociais dos colegas —, as Nomeações de Amizade (Bukowski, Hoza, & Boivin, 1994) e o Friendship Quality Questionnaire (Parker & Asher, 1993) — destinado a aceder às perceções que os sujeitos têm de vários aspetos qualitativos da sua melhor amizade. Uma Análise Fatorial Confirmatória permitiu concluir que o modelo hexafatorial do ECP revelou uma boa qualidade de ajustamento global e local, bem como fiabilidade compósita e validade fatorial, convergente e discriminante e, ainda, boa adequação para género e idade. No que diz respeito às relações sociais, verificámos que os jovens socialmente retirados eram descritos pelos pares como sendo significativamente mais isolados, excluídos e vitimizados, mas também mais prosociais do que os seus colegas. Por outro lado, não diferiam destes no número, nem na qualidade de amizade relatada, ainda que tendessem a ter amigos significativamente mais isolados e excluídos, bem como menos agressivos do que os adolescentes do grupo de controlo. Finalmente, observámos que os adolescentes, que no decurso de um ano deixam de ser considerados pelos pares como retirados, são significativamente menos retirados e excluídos num segundo momento avaliativo do que os que continuam ou passam a sê-lo, mesmo controlando os níveis iniciais destas dimensões. Por outro lado, os sujeitos sem amigos em nenhum dos momentos avaliativos considerados são mais excluídos e vitimizados, bem como menos prosociais do que os que têm sempre um amigo recíproco. Os resultados serão discutidos à luz do que tem sido reportado na literatura, refletindo-se sobre as dificuldades sociais que os jovens retirados enfrentam, bem como sobre o possível efeito protetor da participação numa melhor amizade.