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Este estudo tem como objectivo compreender como o simbolismo do feminino se expressa em mulheres homossexuais, feminino enquanto "Identidade Primária" e "Identidade Secundária", enquanto Ser, Ser Como e Ser Com…, através do trabalho do Aparelho de Pensar os Pensamentos enquanto processo que deriva das estruturas psíquicas do materno e do feminino, enquanto relação masculino-feminino.
Como base do presente estudo, partimos essencialmente das conceptualizações associadas ao pensamento psicanalítico Kleiniano e pós-Kleiniano acerca do feminino e do materno enquanto estruturas ou qualidades psíquicas evolutivas e transformadoras (sem no entanto descurar a perspectiva longitudinal e mitológica do simbolismo do feminino ao longo da História do Homem, bem como o pensamento psicanalítico de Freud e dos seus seguidores), bem como do pensameno psicanalítico sobre a homossexualidade feminina, em que autores tais com Florence Guignard, Green, Jean Bergeret, Stoller, Joyce McDougall e Socarides… constituem referências fundamentais, que frisam a importância do papel do materno-paterno ou da "bissexualidade psíquica" no devir feminino-masculino, da complementaridade entre estes.
Como forma de podermos corresponder aos objectivos a que nos propusemos neste estudo, recorremos ao instrumento Rorschach, enquanto método e técnica, utilizando os fundamentos defendidos por Nina Rausch de Traubenberg, Catherine Chabert e por Emília Marques, em quem o Rorschach surge enquadrado nos modelos do pensamento e no modelo transformacional, que viabilizam a extrapolação do conteúdo manifesto da resposta Rorschach para o conteúdo latente - "O" (logo espaço viável para a compreensão da construção do feminino enquanto dinâmica flexível), abrindo a possibilidade de aceder à transição na acepção Winnicottiana - comunicação, reformulação, re-significação e simbolização das relações, das experiências e vivências internas fantasmáticas do sujeito, dando-nos conta da dinâmica de funcionamento mental do mesmo; à "mudança catastrófica" entre dicotomias segundo Bion, à caesura ou à transitoriedade - relação ente o Eu VS Outro, entre o Interno VS Externo, entre o passado VS presente VS futuro, dando espaço a um novo objecto, a novas vivências, enriquecidos, renovados, elementos infinitos e expansivos da mente; processo sempre pautado por movimentos regressivo-progredientes numa acepção supostamente adaptativa.
Para facilitar a compreensão da dinâmica anteriormente referida construimos um quadro síntese dos eixos de análise no Rorschach.
Efectuamos o estudo dos protocolos de três mulheres homossexuais, os quais nos permitem aceder à compreensão do feminino enquanto processo radicado nas relações objectais primárias, em que o materno e o feminino assumem um papel estruturante enquanto relação ?? ou "função ?", assim como o paterno e o masculino - elementos de continuidade e expansão, de diferenciação, sexuação e complementaridade; e em que a estruturação do feminino se verifica progressivamente numa lógica de "circularidade interna", que supõe que a menina num primeiro momento se distancie do objecto primário para se afirmar enquanto Eu diferenciado - construção da Identidade do Eu, do "Ser" e do "Ser Como" (o Outro enquanto similaridade, mas não enquanto Igual), espaço do "materno primário", para mais tarde, seguir no sentido da construção e consolidação da sua Identificação sexual feminina adulta e supostamente heterossexual, espaço do "feminino primário" e do "Ser Com" (espaço do Diferente e Complementar).
A relação está pautada por determinados mecanismos de defesa, donde se destaca o da "Identificação Projectiva" como um processo de vinculação e de comunicação empáticas, dinâmica que veicula a significação e interpretação da vivência e experiência emocional no seio da relação objectal precoce, reactivada no devir da construção da Identificação sexual feminina adulta e no contexto da resposta Rorschach.
Desse modo, foi-nos possível verificar que o feminino, a "identidade secundária", o "Ser Com" dos sujeitos se encontram frustremente construídos e consolidados, distantes da lógica do diferente e complementar, pois encontram-se pautados essencialmente por um registo narcísico de relação, marcado pela espelhagem e duplicidade, encerrado no "materno primário", sem movência de circularidade, em que o objecto primário exerceu precariamente a sua funcão continente, tendo tendencialmente o objecto paterno se mantido afectivamente à distância e numa atitude passiva, com a conivência materna - falência da "bissexualidade psíquica".
Assim, se os primórdios da vivência do sujeito, a sua "identificação primária", o "Ser" e o "Ser Como" se encontram atingidos, estes irão inevitavelmente interferir no devir da "identidade secundária", no "feminino primário", fazendo transparecer registos mais esquizóides e orais, próprios a uma "homossexualidade manifesta", em que brotam angústias maçicas, a "angústia corporal" e a "angústia de morte", ou registos mais anais ou de oscilação oral-anal/anal-oral, associados a uma homossexualidade menos arcaica, a "homossexualidade proto-edipiana", em que a conflitiva se encontra ao nível da intensa "angústia de castração".
Description
Dissertação de Mestrado em Psicopatologia e Psicologia Clínica
Keywords
Psicologia clínica Lesbianismo Teste de Rorschach Feminilidade Homossexualidade Identidade sexual Género Identificação Clinical psychology Rorschach test Femininity Homosexuality Sexual identity Gender Identification
Citation
Publisher
Instituto Superior de Psicologia Aplicada