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Introdução: A Perturbação do Espetro do Autismo (PEA), atualmente é caracterizado por deficits na interação social, comunicação e comportamentos repetitivos, além disso ainda inclui respostas sensoriais atípicas, como hipersensibilidade e hipossensibilidade.
As alterações sensoriais em indivíduos com esta perturbação têm impactos a nível do seu processamento visual e auditivo, bem como na perceção do movimento, acabando por afetar habilidades como a integração das informações sensoriais e a comunicação social. Estudos evidenciam que indivíduos com PEA frequentemente mostram um foco excessivo em detalhes visuais, comprometendo a perceção global, levando a dificuldades a nível da interpretação das expressões faciais e os contextos sociais. No processamento auditivo, é frequente a hipersensibilidade a sons muito altos e dificuldades a nível da filtragem de estímulos relevantes, prejudica a comunicação e a
interação social. O processamento temporal, normalmente apresenta alterações em crianças com PEA, que leva a dificuldades em calcular durações e sequenciar ações. A ligação que existe entre o processamento espacial e temporal é complexa e demonstram que os deficits numa área podem influenciar a outra, levando ao prejuízo
na integração de informações tanto visuais como auditivas. Estas dificuldades prejudicam a compreensão e resposta a estímulos de diferentes modalidades sensoriais, prejudicando estes indivíduos em situações sociais e ambientes onde existam muitos estímulos. Por fim, a carência na integração sensorial pode ter diversas origens, mostrando que os deficits espaciais e temporais, interagem mutuamente para moldar as dificuldades que são características da PEA.
Metodologia: Com o objetivo de perceber se as dificuldades de processamento sensorial se manifestam tanto em tarefas visuoespaciais de processamento de quantidade de espaço (modalidade visual) como em tarefas de processamento de
quantidade de tempo (modalidades visual e auditiva), desenvolvemos um protocolo experimental constituído por três tarefas apresentadas numa tela de computador a noventa e duas crianças entre os 4 e 6 anos de idade divididas em três grupos: PEA (n = 32); GC emparelhado por idade cronológica (n = 28); e GC emparelhado por idade
desenvolvimental (n = 32). As Tarefas tinham uma duração aproximada de 20/30 minutos e as crianças respondiam pressionando um de dois botões do rato. Recolhemos dados sobre a precisão e tempo de reação das respostas.
V Resultados: Os resultados mostram que existem diferenças significativas tanto quando comparamos os grupos entre si, como quando comparamos em duas das modalidades dentro de cada grupo de estudo, com exceção da tarefa de modalidade visuoespacial.
O grupo PEA foi onde existiu uma maior proporção de respostas corretas, mas também foi o grupo onde teve um tempo de resposta mais elevado. Tanto na tarefa de modalidade visual, como na tarefa de modalidade auditiva as crianças com PEA mostraram uma maior precisão de desempenho e mais tempo de processamento. Já na
tarefa de modalidade visuoespacial, mostraram um desempenho semelhante aos do Grupo de Controlo.
Conclusão: Este estudo mostrou que indivíduos com PEA têm uma maior precisão nas tarefas de processamento temporal visual e auditivo, mas apresentam tempos de resposta mais longos, sugerindo que o processamento é mais detalhado, priorizando a precisão em vez da rapidez. Por outro lado, as semelhanças entre os três grupos no
desempenho da tarefa visuoespacial demonstram uma possível área de preservação das capacidades de processamento sensorial na PEA. Parece então que a modalidade visual ou auditiva não é o fator preponderante, já que é o processamento temporal que mostra alterações na estratégia de tomada de decisão (com mais respostas certas e mais tempo de processamento). Estes resultados reforçam a importância de procurar programas que respeitem as estratégias de tomada de decisão desta população, implicando um ritmo de processamento mais lento e uma maior precisão, de modo a
tornar a interação social mais eficaz e contribuindo para a diminuição do stress e uma melhoria na sua qualidade de vida das crianças com PEA
Background: Autism Spectrum Disorder (ASD) is currently characterized by deficits in social interaction, communication, and repetitive behaviors, alongside atypical sensory responses, such as hypersensitivity and hyposensitivity. Sensory alterations in individuals with ASD significantly impact visual and auditory processing as well as motion perception, affecting skills like sensory integration and social communication. Research indicates that individuals with ASD often demonstrate an excessive focus on visual details, which impairs global perception, leading to difficulties in interpreting facial expressions and social contexts. In auditory processing, hypersensitivity to loud sounds and challenges in filtering relevant stimuli commonly hinder communication and social interaction. Temporal processing also tends to be altered in children with ASD, resulting in difficulties with duration estimation and action sequencing. The link between spatial and temporal processing is complex, and deficits in one area may influence the other, impairing the integration of both visual and auditory information. These difficulties reduce the ability to comprehend and respond to stimuli across different sensory modalities, disadvantaging individuals with ASD in social settings and environments with abundant sensory stimuli. Finally, the deficits in sensory integration may stem from various origins, showing that spatial and temporal impairments interact to shape the core challenges characteristic of ASD. Methodology: To investigate whether sensory processing difficulties manifest in both visuospatial tasks involving spatial quantity processing (visual modality) and temporal quantity processing tasks (visual and auditory modalities), we developed an experimental protocol consisting of three tasks displayed on a computer screen. The study included ninety-two children aged 4 to 6, divided into three groups: ASD (n = 32), a chronological age-matched control group (Chron; n = 28), and a developmental agematched control group (Mental; n = 32). The tasks had an approximate duration of 20/30 minutes, and children responded by pressing one of two mouse buttons. Data were collected on response accuracy and reaction times. Results: The results show significant differences both when comparing the groups with each other and when comparing two of the modalities within each study group, with the VII exception of the visuospatial task. The ASD group had the highest proportion of correct responses but also the longest response times. In both the visual and auditory modality tasks, children with ASD demonstrated higher performance accuracy and longer processing times. However, in the visuospatial modality task, their performance was similar to that of the Control Group. Conclusion: This study showed that individuals with ASD exhibit higher accuracy in visual and auditory temporal processing tasks but demonstrate longer response times, suggesting that processing is more detailed, prioritizing accuracy over speed. In contrast, the similarities in visuospatial task performance across the three groups indicate a potential area of preserved sensory processing capabilities in ASD. It appears that neither the visual nor auditory modality is the key factor; rather, temporal processing seems to drive changes in decision-making strategies (with more correct responses and longer processing times). These findings emphasize the importance of developing programs that accommodate the decision-making strategies of this population, incorporating a slower processing pace and greater accuracy, ultimately enhancing social interaction, reducing stress, and improving the quality of life for children with ASD.
Background: Autism Spectrum Disorder (ASD) is currently characterized by deficits in social interaction, communication, and repetitive behaviors, alongside atypical sensory responses, such as hypersensitivity and hyposensitivity. Sensory alterations in individuals with ASD significantly impact visual and auditory processing as well as motion perception, affecting skills like sensory integration and social communication. Research indicates that individuals with ASD often demonstrate an excessive focus on visual details, which impairs global perception, leading to difficulties in interpreting facial expressions and social contexts. In auditory processing, hypersensitivity to loud sounds and challenges in filtering relevant stimuli commonly hinder communication and social interaction. Temporal processing also tends to be altered in children with ASD, resulting in difficulties with duration estimation and action sequencing. The link between spatial and temporal processing is complex, and deficits in one area may influence the other, impairing the integration of both visual and auditory information. These difficulties reduce the ability to comprehend and respond to stimuli across different sensory modalities, disadvantaging individuals with ASD in social settings and environments with abundant sensory stimuli. Finally, the deficits in sensory integration may stem from various origins, showing that spatial and temporal impairments interact to shape the core challenges characteristic of ASD. Methodology: To investigate whether sensory processing difficulties manifest in both visuospatial tasks involving spatial quantity processing (visual modality) and temporal quantity processing tasks (visual and auditory modalities), we developed an experimental protocol consisting of three tasks displayed on a computer screen. The study included ninety-two children aged 4 to 6, divided into three groups: ASD (n = 32), a chronological age-matched control group (Chron; n = 28), and a developmental agematched control group (Mental; n = 32). The tasks had an approximate duration of 20/30 minutes, and children responded by pressing one of two mouse buttons. Data were collected on response accuracy and reaction times. Results: The results show significant differences both when comparing the groups with each other and when comparing two of the modalities within each study group, with the VII exception of the visuospatial task. The ASD group had the highest proportion of correct responses but also the longest response times. In both the visual and auditory modality tasks, children with ASD demonstrated higher performance accuracy and longer processing times. However, in the visuospatial modality task, their performance was similar to that of the Control Group. Conclusion: This study showed that individuals with ASD exhibit higher accuracy in visual and auditory temporal processing tasks but demonstrate longer response times, suggesting that processing is more detailed, prioritizing accuracy over speed. In contrast, the similarities in visuospatial task performance across the three groups indicate a potential area of preserved sensory processing capabilities in ASD. It appears that neither the visual nor auditory modality is the key factor; rather, temporal processing seems to drive changes in decision-making strategies (with more correct responses and longer processing times). These findings emphasize the importance of developing programs that accommodate the decision-making strategies of this population, incorporating a slower processing pace and greater accuracy, ultimately enhancing social interaction, reducing stress, and improving the quality of life for children with ASD.
Description
Dissertação de Mestrado rapresentada no ISPA – Instituto Universitário para a obtenção de grau de Mestre na especialidade de Neurociências Cognitivas e Comportamentais
Keywords
Perturbação do Espetro do Autismo Espaço Tempo Processamento Autism Spectrum Disorder Space Time Peocessing