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Authors
Juhos, Csongor
Advisor(s)
Abstract(s)
Com o presente programa de investigação intentamos contribuir para o debate
teórico que se tem instalado em redor do raciocínio com afirmações condicionais na
forma ‘se , então q’. Apesar de o raciocínio a partir de afirmações condicionais, ou
simplesmente de condicionais, parecer intuitivo e fazer parte do nosso quotidiano
desde tenra idade, a sua explicação sistemática provou ser um complexo desafio
teórico.
As origens do estudo do raciocínio condicional enraízam-se na lógica
proposicional. Nesta disciplina, a relação entre duas proposições, ‘p’ e ‘q’ expressa
pela forma ‘se…, então…’, corresponde invariavelmente à implicação material
(Prior, 1990). Devido à manifesta inflexibilidade deste sistema interpretativo, a
abordagem oferecida pela lógica mostra-se insuficiente para dar conta da pluralidade
dos significados que o ‘se’ assume na linguagem natural.
A dificuldade de lidar com a natureza camaleónica das condicionais do
quotidiano não é exclusiva da lógica proposicional. Após aproximadamente meio
século de investigação psicológica, um dos poucos consensos que existem na
literatura do raciocínio condicional é a ideia de que se trata de um assunto
controverso. O estado de arte é marcado pela proliferação de explicações teóricas
destinadas a capturar o sentido do conectivo condicional (e.g., Braine & O'Brien,
1998; Cheng & Holyoak, 1985; Cosmides, 1989; Evans, 2007; Evans, Handley, &
Over, 2003; Johnson-Laird, 2008c; Johnson-Laird & Byrne, 2002; Rips, 1983).
Entre as diversas abordagens destaca-se a extensão da teoria dos modelos
mentais às condicionais. A principal vantagem desta abordagem consiste em ser
incorporada numa teoria que se aplica a uma vasta diversidade de tipos de raciocínio.
A teoria, com base num número restrito de princípio psicológicos, oferece uma
explicação da competência dedutiva, dos desvios do quadro normativo da lógica e da
influência de factores semânticos e pragmáticos sobre o raciocínio com condicionais
(Johnson-Laird, 2006, 2008c; Johnson-Laird & Byrne, 1991, 2002; Johnson-Laird,
Byrne, & Schaeken, 1992).
Johnson-Laird e Byrne (2002; Johnson-Laird, 2006, 2008) resolvem a
problemática das condicionais propondo uma interacção entre um significado nuclear
abstracto subjacente à forma condicional e um mecanismo de modulação que, em
função do significado das orações, das suas ligações co-referenciais e em função dos
conhecimentos activados, pode transformar o significado nuclear num número
indefinido de interpretações diferentes.
Esta hipótese sobre a componente interpretativa do raciocínio, que a partir
daqui será referida como a hipótese de modulação, até à data não foi devidamente
avaliada em termos empíricos. Com o presente programa de investigação
pretendemos colmatar esta lacuna. Adicionalmente, estendemos a hipótese de
modulação à componente inferencial do raciocínio e examinamos as suas
implicações sobre o raciocínio com afirmações condicionais indicativas e deônticas.
O nosso objectivo final era traçar um quadro explicativo com suporte
empírico sólido que contribuísse para a resolução do enigma das condicionais quer
ao nível interpretativo, quer ao nível inferencial.
À luz deste objectivo realizámos um programa de investigação composto por
quatro experiências. Os resultados destas experiências demonstram que (1) o
significado das orações de condicionais indicativas e deônticas modula a forma como
as pessoas interpretam a relação condicional entre elas; (2) os conhecimentos sobre
o tipo de conteúdo de condicionais (factual, deôntico) modula a representação mental
subjacente à interpretação da relação condicional; (3) a modulação semântica do
significado e a modulação pragmática dos conhecimentos sobre o tipo do conteúdo
têm um impacto poderoso e previsível sobre o desempenho inferencial com
condicionais, quer em situações em que as inferências são realizadas em tempo
ilimitado, quer em situações em que o tempo disponível é limitado.
A integração dos resultados corrobora a ideia de que as pessoas ao
compreenderem uma relação condicional pensam sobre um conjunto de
possibilidades. A composição deste conjunto depende do significado das orações e a
sua representação mental é influenciada pelos conhecimentos sobre o tipo do
conteúdo. Estas evidências corroboram a hipótese de modulação proposta no âmbito
da teoria dos modelos mentais e, juntamente com os resultados nas tarefas, permitem
avançar com refinamentos da actual teoria dos modelos mentais.
Description
Tese de Doutoramento em Psicologia Aplicada (Psicologia Cognitiva) apresentada ao Instituto Superior Psicologia Aplicada
Keywords
Psicologia cognitiva Modelos mentais Raciocínio Cognitive psychology Mental models Reasoning
Citation
Publisher
Universidade Nova de Lisboa : Instituto Superior de Psicologia Aplicada