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O líder sedutor: Uma leitura psicanalítica do fenómeno da liderança carismática

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Abstract(s)

Com o presente trabalho, pretende-se examinar a possível articulação entre o pressuposto básico de dependência, tal como Bion o formula, a liderança carismática e a sedução. Baseando-me sobretudo nos escritos de Freud sobre psicologia colectiva, que postulam a existência de laços libidinais entre o líder e os membros do grupo, como condição da manutenção do grupo como tal (capítulo I), e no trabalho de Bion com grupos que o levou a formular a teoria dos pressupostos básicos (Capítulo II), proponho que o líder carismático utiliza a sedução para persuadir e motivar os seus colaboradores. De acordo com Freud, é condição necessária para que o grupo se forme e se mantenha, que os seus membros se identifiquem entre si, o que conseguem colocando o objecto (no caso o líder) no lugar do ideal do Eu. Bion contrapõe a este modelo neurótico de introjecção do objecto, a tese de que o funcionamento dos grupos é sobretudo do tipo psicótico. Segundo Bion, fantasias e ansiedades primitivas emergem nos grupos, obstruindo o seu funcionamento como grupos de trabalho. Foram estas fantasias partilhadas, estas formas de actividade mental, estes estados emocionais arcaicos, avessos à aprendizagem e ao contacto com a realidade, que Bion designou por "pressupostos básicos" (Capítulos II e III). A literatura organizacional, nomeadamente a que utiliza o modelo clínico (o chamado "clinical approach"), tem vindo a explorar o papel da ansiedade nos grupos, na esteira das teorias de Klein e Bion, assim como dos mecanismos de defesa a que os membros do grupo recorrem, designadamente as estruturas sociais defensivas. Nos grupos a operar em pressuposto básico, tal como Bion os definiu, emergem, a partir de um nível protomental em que o psicológico e o fisiológico não estão diferenciados, emoções poderosas que vão dominar a actividade mental no momento. No pressuposto básico de dependência as emoções dominantes são de impotência, dependência e frustração; Bion observou que o líder deste grupo é normalmente o indivíduo mais doente, ou um génio, cujo prestigio contém (esta é uma das fantasias partilhadas pelo grupo) a promessa de "cura", A hipótese de trabalho é a de que este líder usa a sedução para manipular as necessidades de dependência e os sentimentos de frustração existentes entre os membros do grupo, reforçando a assim a actividade mental e emocional dominantes. À proposta desenvolvida no capítulo V é a de que será num grupo a operar no pressuposto básico de dependência que mais facilmente emergirá um líder cujo estilo de liderança assente no carisma e na sedução. Com efeito, o líder carismático parece ter uma capacidade acrescida para manipular as fantasias e emoções dos seus seguidores — os capítulos V e VI fornecem uma série de exemplos que ilustram este ponto. Este tipo de líder tem, na terminologia usada por Bion, uma especial valência para "combinar" com o estado emocional do grupo, reforçando simultaneamente a sua autoridade e o estado de dependência dos membros do grupo — desde que estes lhe reconheçam ou lhe atribuam essa qualidade carismática. Teria assim lugar um processo de reforço contínuo entre as organizações psíquicas internas e grupais, numa espiral em que as patologias emergem, e interagem, ao nível do indivíduo, família e comunidade.

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Dissertação de Mestrado em Psicopatologia e Psicologia Clínica

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Instituto Superior de Psicologia Aplicada

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