Authors
Advisor(s)
Abstract(s)
Apesar do progresso científico e tecnológico verificado na genética e na biologia,
continua a não ser evidente a existência de uma raiz neurobiológica para a irrequietude, que
carece, no contexto atual, de uma abordagem compreensiva. São descritos três casos de
crianças irrequietas entre os 5 e os 7 anos de idade, sendo exploradas as suas histórias
familiares, em conjunto com observações dos seus movimentos durante as sessões. Procura-se
relacionar a irrequietude com as suas trajetórias de vida, enquadrando as dinâmicas familiares
e relacionais, em modelos teóricos. São referidos, entre outros, conceitos de Serge Lebovici,
Melanie Klein, Wilfred Bion, Donald Winnicott, Margaret Mahler, e Emílio Salgueiro. A
irrequietude é entendida no contexto de uma insuficiente organização pessoal, com
fundamentos no período pré-natal. Fases relevantes para o desenvolvimento psíquico e para a
organização corporal, são relacionadas com desentendimentos nas interações precoces,
nomeadamente na relação primária mãe-bebé, e na emergência da dinâmica triangular. As
dificuldades escolares surgem como consequência de uma capacidade simbólica bloqueada,
que impede a capacidade de abstração e de contenção, restando a via motora para a descarga
das ansiedades. A intervenção terapêutica é perspectivada no sentido de promover um espaço
contentor, capaz de conferir significado simbólico ao movimento da criança irrequieta. A
utilização da palavra, atribuindo significado aos momentos de jogo, ajudará a criança a pensar
o movimento, organizando pensamento e corpo, diversificando os recursos para lidar com as
suas ansiedades. ------- ABSTRACT ------ Despite the scientific and technological progress on genetics and biology, it still remains
elusive the existence of a neurobiological root for restlessness, which lacks, on the actual
context, a comprehensive approach. Three cases of restless children between 5 and 7 years old
are described, from which are explored their family histories, along with observations
regarding the movements seen in session. We try to relate the restlessness with their life
trajectories, framing their familiar and relational dynamics in theoretical models. Amongst
others, we approach concepts of Serge Lebovici, Melanie Klein, Wilfred Bion, Donald
Winnicott, Margaret Mahler, and Emílio Salgueiro. The restlessness is understood in the
context of an insufficient personal organization, with foundations in the pre-birth period.
Relevant phases for psychic development and body organization, are related with
misunderstandings in early interactions, especially regarding the mother-baby relationship,
and the emergence of the triangular dynamic. School difficulties come up as a consequence of
a blocked symbolic capacity, which prevents the ability for abstraction and to contain,
remaining the motor path for the discharge of anxieties. Therapeutic intervention is conceived
as to promote a container space, capable of attributing a symbolic significance to the
movement of the restless child. The use of word, in giving meaning to play moments, will
help the child to think its own movement, organizing thought and body, and diversifying the
resources in order to deal with anxieties.
Description
Dissertação de Mestrado apresentada ao ISPA - Instituto Universitário, na especialidade de Psicologia Clínica
Keywords
Hiperatividade Desenvolvimento Relação Intervenção Hyperactivity Development Relationship Intervention