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A Organização Borderline de Personalidade na infância é uma das patologias com maior
severidade clínica, complexidade diagnóstica e desafio terapêutico. Diversas características
patognomónicas têm vindo a ser enumeradas, bem como factores etiopatogénicos,
encontrando-se entre eles as perturbações familiares e parentais. Fruto das lacunas de
investigação na área da infância, particularmente na fase de latência, e dada a ênfase
patognomónica nas primeiras relações objectais, foi objectivo desta investigação analisar a
etiopatogenia do funcionamento limite da criança e compreender a sua percepção acerca da
dinâmica familiar, bem como as representações parentais e os processos de parentalidade.
O presente estudo tem uma estrutura qualitativa e um carácter exploratório, partindo do
estudo de caso de três crianças e respectivas famílias, recorrendo a metodologias
projectivas e instrumentais, numa lógica de complementaridade, procurando alcançar um
conhecimento profundo dos casos analisados e, a um nível mais global, do funcionamento
interno e familiar das crianças com um funcionamento borderline. Verificaram-se padrões
de parentalidade problemáticos, inconsistentes e com falhas ao nível do cuidado, da função
reflexiva e do suporte afectivo, sendo a representação que estas crianças constroem acerca
da sua família percebida como emocionalmente intensa, instável, confusa, inconsistente e
pouco contingente, com fronteiras interpessoais disfuncionais, marcada por sentimentos e
representações ambivalentes em relação aos membros da família, nomeadamente face aos
imagos parentais (idealizados a rejeitantes). Na dinâmica interna destacam-se importantes
fragilidades narcísicas, núcleos depressivos significativos, dificuldades ao nível dos
processos de mentalização, angústias de abandono e perda do objecto e relações de objecto
de tipo anaclitico. ------ ABSTRACT ------ The Borderline Personality Organization in childhood is one of the pathologies with
greater clinical severity, complexity diagnostic and therapeutic challenge. Several
pathognomonic features have been listed, as well as etiopathogenic factors, laying among
them the familiar and parental disorders. As a result of the research gaps on childhood,
particularly in the latency phase, and given the pathognomonic emphasis in the first
objectal relationships, the goal of this investigation was to analyze the pathogenesis of
borderline personality of the child and understand their perception of family dynamics as
well as parental representations and processes of parenting. This study has a qualitative and
exploratory structure, based on the case study of three children and their families, using
complementarily projective and instrumental methods, in order to achieve a thorough
understanding of the particular cases, and, in a general framework, the individual and
familiar functioning of children with a borderline organization. The results demonstrated
patterns of problematic parenting, with inconsistencies and failures in care system,
emotional support and reflective function. The families are perceived by the children as
emotionally intense, unstable, confusing, inconsistent and with dysfunctional interpersonal
boundaries, marked by ambivalent feelings about family members, especially the parental
representations (both idealized and resentful). In internal dynamics of this children stands
out the important narcissistic weaknesses and significant depressive core, limited
symbolization-reflectiveness capacity, insecure attachment relationships, anguish of
abandonment and object loss, and anaclitic object relations.
Description
Dissertação de Mestrado apresentada ao ISPA - Instituto Universitário, na especialidade de Psicologia Clínica
Keywords
Borderline Latência Representações parentais Dinâmica familiar Borderline Latency Parental representations Family dynamics