PBIO - Tese de Doutoramento
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- Córtex pré-frontal, funções executivas e comportamento criminalPublication . Seruca, Tânia Catarina Mira; Oliveira, Rui Filipe; Silva, Carlos Fernandes daOs comportamentos anti-sociais têm sido associados ao funcionamento pré-frontal, cuja disfunção pode levar a perturbações emocionais e/ou alteração das Funções Executivas relacionadas com a organização temporal do comportamento, planeamento, conceptualização e flexibilidade cognitiva. As disfunções executivas caracterizam-se, fundamentalmente, por impulsividade elevada, diminuição do controlo inibitório, perseveração, e perturbação da capacidade de planeamento, o que resulta num estilo de vida ocupacional e social disfuncional. Este trabalho foi desenvolvido através de três estudos que assentaram exclusivamente em técnicas psicométricas de exame neuropsicológico. O tema central do primeiro estudo, e objectivo principal deste trabalho, foi estudar as Funções Executivas numa amostra de reclusos através da análise das principais funções cognitivas frontais, relacionando-as com outras variáveis ligadas a este tipo de conduta, e que também podem resultar de disfunção pré-frontal, como os níveis de agressividade e as características de personalidade. Os estudos subsequentes foram desenvolvidos para abranger outros aspectos da relação das FE com a criminalidade, nomeadamente, a reincidência criminal e o tipo de crime cometido. Os resultados obtidos no primeiro estudo mostram que existem alterações do funcionamento executivo ao nível da flexibilidade mental e da planificação no grupo de reclusos, e que a perturbação da flexibilidade mental está relacionada com níveis elevados de expressão da ira e agressividade, assim como também apresenta uma relação com traços de personalidade impulsivos, caracterizados por acções irracionais e rigidez comportamental. Isto indica que uma fraca capacidade para alternar entre diferentes opções comportamentais, assim como a dificuldade em manter e executar um plano de acção de modo calmo e eficaz, podem promover manifestações de comportamentos agressivos e socialmente desajustados. A mesma tendência também se verificou no segundo estudo, onde se observou uma perturbação da flexibilidade mental associada à reincidência criminal. Isto remete para o facto de alteração da capacidade para alternar entre conceitos ou comportamentos, e respectivo aumento da perseveração em certos padrões comportamentais e respostas sociais, poderem estar na base da repetição de comportamentos criminais com consequências penais. Já em relação ao tipo de crime verificou-se um padrão diferente, visto que o grupo de crimes contra a propriedade apresenta alteração da memória de trabalho e da flexibilidade mental, enquanto que o grupo de crimes contra as pessoas tem um rendimento executivo dentro dos parâmetros normais excepto nas medidas da planificação. Deste modo, a avaliação neuropsicológica realizada permite concluir que existe alteração do funcionamento executivo associada ao comportamento criminal e indica que as manifestações anti-sociais e criminais verificadas podem ser uma consequência de disfunção pré-frontal.