Browsing by Author "Ribeiro, Samara e Silva Amaral"
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- “De onde vem esse medo?” Duas Narrativas de Mulheres Indígenas a partir do Mito AkarandekPublication . Ribeiro, Samara e Silva Amaral; Marques, Maria Emília da SilvaA psicanálise de Freud foi pioneira ao identificar semelhanças entre a estrutura dos mitos e dos sonhos e ao compreender ambas as produções como vias privilegiadas de acesso ao inconsciente. Entre os povos que valorizam estas narrativas, destacam-se as sociedades indígenas. Além de preservar os conhecimentos e a identidade destes povos, os mitos desempenham uma importante função simbólica de contenção e nomeação de angústias primitivas, regulação social e delimitação de representações psíquicas, contribuindo, assim, para o estabelecimento dos papéis desempenhados por seus atores sociais. À luz da perspetiva etnopsicanalítica, proposta por Georges Devereux, este estudo tem o objetivo de explorar as ressonâncias psíquicas e fantasmáticas suscitadas pelo mito “A Cabeça Voadora, Akarandek, a Cabeça-Voraz” no imaginário de mulheres indígenas. Para a realização deste estudo, entrevistaram-se duas mulheres de diferentes etnias indígenas do Brasil, a Kuaracy (35 anos) e a Jací (37 anos), pertencentes ao povo Kalapalo e Tikuna, respetivamente. Para alcançar a dimensão subjectiva das participantes, foi utilizado o método FANI (Free Association Narrative Interview). As entrevistas foram analisadas de acordo com esta metodologia e, dos grandes temas evocados, destacaram-se questões de cariz identitário e associações relacionadas com as representações do feminino. Ademais, constatou-se que, apesar das distintas vivências e cosmovisões, ambas as participantes evocaram a existência de uma representação ambivalente (potente e terrífica) do feminino, corroborando com a literatura (etno)psicanalítica. Destacaram-se ainda questões relacionadas ao inconsciente étnico, aos tabus/interditos estabelecidos por ambos os povos, aos ritos de passagem das meninas pré-púberes e as relações de parentesco, reguladas pelo princípio da exogamia.