Browsing by Author "Neto, Sofia Moita"
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- Funcionalidade afectiva do pensamento contrafactual descendente : Acontecimentos negativos e variáveis de natureza pessoalPublication . Neto, Sofia Moita; Senos, JorgeO pensamento contrafactual é um processo cognitivo comum e universal, que todos encetamos no nosso dia-a-dia, e que consiste na tendência para considerar como resultados alternativos à realidade que, de facto, aconteceu, poderiam ter ocorrido se apenas algum dos elementos que precederam um dado desfecho - especialmente quando esse desfecho é negativo - tivesse sido diferente, se tivéssemos feito mais alguma coisa, ou, alternativamente, se não tivéssemos feito algo. Assume-se que é um processo funcional, que cumpre essencialmente duas funções: reparar o afecto negativo resultante de situações indesejadas e sugerir cursos de acção que possam evitar semelhantes desfechos, cumprindo assim funções quer de prevenção, quer de controlo da realidade. Uma primeira abordagem teórica partiu do princípio que estas funções seriam desempenhadas, a primeira por contrafactuais descendentes (formas como a situação poderia ter corrido pior) e a segunda por contrafactuais ascendentes (formas como a situação poderia ter corrido melhor). No entanto, resultados posteriores vieram a mostrar que focarmo-nos em como a situação poderia ter tido um desfecho mais trágico também pode amplificar o afecto negativo, e imaginarmos um melhor desenlace também pode conduzir a afecto positivo. Assim, o enquadramento teórico inicial tomava em linha de conta apenas efeitos de contraste, mas a evidência encontrada indica que ao pensamento contrafactual também podem estar associados efeitos de assimilação afectiva. Várias linhas de evidência indicam que acontecimentos negativos são o principal factor de activação da contrafactualidade, sendo que, por vezes, esta contribui não para um reequilibrar do afecto mas para um exacerbar do afecto negativo com um carácter disfuncional. Esta investigação procura determinar se acontecimentos com diferentes graus de gravidade influenciam os efeitos de contraste e assimilação afectiva, e averiguar se características de natureza pessoal influenciam essa relação e/ou podem ser, elas próprias, por si só, factores determinantes desses efeitos. Para tal, recorreu-se a inovadoras metodologias, baseadas na apresentação de contrafactuais previamente elaborados, por um lado, e na construção de novas opções de medida, por outro. Os resultados indicam que a funcionalidade da contrafactualidade descendente em termos de reposição do afecto se encontra muito ligada à magnitude de gravidade da situação original, seguindo uma distribuição curvilínea em que a mitigação do afecto negativo é negligenciável quando o acontecimento se caracteriza por marcada gravidade, cresce à medida que essa gravidade diminui reflectindo um maior contraste afectivo e volta a diminuir, tornando-se em assimilação afectiva quando a situação que a activou se encontra no limiar da positividade. Isto é, o pensamento contrafactual descendente parece desempenhar melhor a sua função de reparação afectiva em situações de negatividade moderada, mas em casos extremos, em que os acontecimentos sobre os quais os contrafactuais versam são ou muito negativos ou já positivos, essa função de compensação afectiva deixa de se cumprir. Diferentes níveis de assimilação e contraste foram também claramente encontrados para diferenciados graus de depressão e auto-estima, bem como, mais moderadamente, a nível do locus de controlo. A conclusão a tirar é que o pensamento contrafactual é funcional sim, mas nem sempre e não para todos da mesma maneira.
- Pensamento contrafactual e inferência causal: Efeito de facilitação e dissociação da ativaçãoPublication . Neto, Sofia Moita; Senos, JorgeA investigação sobre as relações entre pensamento contrafactual e raciocínio causal tem produzido evidência contraditória acerca da direção dos efeitos de facilitação de um processo sobre o outro. Este estudo investiga a possibilidade dessa influência ser recíproca e como diferentes níveis de impacto emocional negativo condicionam a acessibilidade do pensamento contrafactual. A 42 participantes foi apresentado um cenário com um de dois possíveis desfechos (um mais negativo, outro menos negativo), após o qual realizaram uma tarefa contrafactual e uma tarefa causal, estruturadas num paradigma de facilitação de tarefa. Os resultados indicam que a realização de qualquer das tarefas facilita a posterior realização da outra, revelando um efeito de ordem simétrico. Adicionalmente, verificou-se um efeito de interação entre a natureza do cenário e a ativação do processo contrafactual, refletido na maior acessibilidade da tarefa contrafactual no cenário de maior impacto emocional negativo. Estes dados coadunam-se com o postulado pelo Modelo de Facilitação Simétrica e Dissociação da Ativação (Senos, 2008).