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O presente estudo tem como questão de fundo a exploração da representação dos alunos do 12° ano e dos seus professores sobre a resolução de uma situação de conflito entre professor e aluno no espaço da sala de aula. Para além da exploração das suas representações, analisam-se os conteúdos dos seus discursos à luz das diferenças entre de rapazes e raparigas e entre alunos e professores.
Têm aqui papel de relevo as distinções conceptuais e teorias relativas ao conflito e à sua resolução, bem como as estratégias diferenciadas da sua implementação, sejam de âmbito comportamentalista, sejam de natureza competitiva ou cooperativa. Destaca-se igualmente o âmbito das representações e das investigações empíricas nessa área, com características semelhantes às do presente estudo ou em questões sobre as mesmas temáticas: conflito, resolução de conflito e a sua eficácia, justiça e bem-estar. Estes dois últimos domínios são enquadrados no âmbito da abordagem cognitivo-desenvolvimentista.
A amostra do presente estudo foi retirada aleatoriamente da população de uma
escola de ensino particular inserida em meio rural, a funcionar em regime de autonomia pedagógica e de gratuidade de ensino. Os alunos são de um nível sócio-económico-cultural médio e os professores leccionavam naquele ano lectivo ao 12° ano, ou haviam leccionado no anterior, numa distribuição consentânea com os agrupamentos da escola. Num primeiro momento a amostra foi constituída por 93 pessoas e por 60 numa segunda.
A cada fase correspondeu um instrumento; em primeiro lugar um questionário preliminar, de resposta fechada, onde eram elencados problemas e modos de resolução e se solicitava aos sujeitos que escolhessem um mais frequente e um que trouxesse mais
benefício/prejuízo à relação pedagógica.
A partir dos dados do questionário foi elaborada uma história com dois problemas mais frequentes e dois modos de resolver menos habituais. Essa história constituiu-se como o primeiro elemento do segundo instrumento, uma entrevista semi-directiva individual, onde se solicitava a opinião do sujeito sobre os modos de resolução implementados na história, aqueles que ele entendia como melhores para resolver a situação, como mais eficazes, como mais justos e como potenciadores do bem-estar.
Os dados da entrevista foram tratados através de análise de conteúdo, tendo como critério os "sujeitos". Foi elaborado uma grelha de análise e posteriormente realizada a análise qualitativa e quantitativa, recorrendo a métodos de estatística não paramétrica; teste de qui-quadrado de independência com correcção de continuidade de Yates e o teste de Fisher, tendo como nível de significância adoptado 0,05, para 1 grau de liberdade. Com o objectivo de mensurar a intensidade de associação, utilizou-se como medida o coeficiente de contingência, correspondendo 0,707 ao grau máximo de associação. Para análise estatística utilizou-se o programa Statistical Package Social Sciences, versão 7.5.
Os resultados finais do presente estudo, enquadrando-se na generalidade de resultados obtidos em outros estudos semelhantes, permitem perceber que a solução apontada na história apresentada aos sujeitos, de comunicar unilateralmente a decisão de resolução e de a remeter ou adiar para uma terceira instância parece não ter especial eco na presente amostra, que faz centrar as suas propostas de resolução na interacção entre o par relacional e, num segundo plano, na negociação. As estratégias de resolução surgem assim num quadro aparentemente mais cooperativo e de aproximação relacional e de interesses. No entanto e quando analisados com mais pormenor os critérios nos quais os sujeitos se centram para avaliar alguns âmbitos dessas propostas de resolução imaginada, é possível perceber que estas estratégias dependem ainda muito da pessoa que significa no par a maior autoridade - o professor - e que se centram sobremaneira no aluno, no
seu erro e na consideração dos seus motivos.
Todavia e por outro lado, parece igualmente clara a preocupação com a pessoa do outro, sobretudo por parte dos professores, e pela perspectiva do bem geral, derivada directamente da introdução da questão relativa ao bem-estar na resolução. Já a consideração dos motivos da outra parte, sobretudo do aluno, apesar de ainda ter alguma relação com a centração e subjacente culpabilização do aluno, parece ser um critério onde toma também forma a preocupação com a perspectiva do outro, o que de algum modo se coaduna com o grande número de propostas de interacção e negociação como melhores resoluções.
No que respeita às variáveis em estudo, foi possível perceber uma relação significativa e com um grau de associação quase sempre expressivo entre o estatuto e os critérios dos sujeitos para avaliação da resolução de conflito. É perceptível que o discurso dos docentes reflecte maior centração no par professor-aluno e nos critérios respeitantes à sua implicação na resolução, ao respeito e investimento na pessoa do aluno, à inoportunidade da intervenção e à adequação às características do aluno. Já os alunos centram-se de forma bastante mais significativa que os docentes na tarefa e nos efeitos da resolução nas suas motivações e comportamentos. No âmbito da variável género e sua relação com o universo de representações dos sujeitos, os dados apresentados revelam associações pouco significativas e graus de associação menos expressivos.
Sendo perceptíveis diversos níveis de cooperação, nomeadamente a atenção outro e à sua perspectiva, bem como o desejo de procurar plataformas de acordo e de se colocar a si mesmo em causa, este diálogo parece de base eivado de uma. conotação excessivamente culpabilizante e de uma dimensão mais reparadora e correctiva do que relacional e criativa. Esta dimensão da oportunidade dada ao aluno de assumir o seu erro, na medida em que nele está a fonte, quase única, dos problemas, toma assim proporções bastante grandes no referido diálogo entre as partes
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Dissertação de Mestrado em Psicologia Educacional
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Instituto Superior de Psicologia Aplicada