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Abstract(s)
SerÔ que um mal passou a banal, foi a questão de partida para analisarmos diferentes perspectivas sociais sobre a SIDA, doença que coloca um amplo espectro de inquietações, mas com a qual convivemos jÔ quase pacificamente.
Esta dissertação procura encontrar nos discursos sociais sobre a doenƧa, em particular nos discursos religioso, cientĆfico e psicológico, a evolução do pensamento social, bem como as invariantes que lhe sĆ£o próprias. A metodologia utilizada fundamenta-se na teoria psicanalĆtica como procura de compreensĆ£o de um facto social, seguindo os passos da anĆ”lise de conteĆŗdo.
Começamos por abordar o significado psicológico da doença para nos centrarmos na temÔtica da SIDA, numa breve história, caracterização e seu significado no plano individual e social.
Na triangulação teórica Freud, Melanie Klein e Bion, desenvolvemos os fundamentos conceptuais que servem de base Ć nossa interpretação. Com Freud retomĆ”mos os aspectos essenciais do narcisismo e da fragilidade narcĆsica. Seguidamente com Klein revisitĆ”mos os conceitos de ansiedade paranóide / depressiva, clivagem e identificação projectiva. Por Ćŗltimo, com Bion seguimos as particularidades da sua teoria dos grupos.
O Ćŗltimo capĆtulo constitui o nosso objecto de reflexĆ£o. Refere-se Ć interpretação dos artigos de jornal, publicados no perĆodo compreendido entre 1990 e 1999, que nos foram facultados pela ComissĆ£o Nacional de Luta Contra a SIDA. Os textos foram sistematizados nos trĆŖs discursos base: psicológico, cientifico e religioso, constituindo cada um deles uma categoria da nossa anĆ”lise. Seleccionadas as expressƵes
significativas, procedemos à sua anÔlise elegendo em cada um dos discursos, as
invariantes interpretativas (as sub-categorias).
A sistematização dos dados obtidos mostra a evolução das atitudes sociais face Ć SIDA ao longo dos anos em estudo e sĆ£o sobretudo reflexo da reprodução de um discurso que se mantĆ©m quase imutĆ”vel em cada um deles. A reflexĆ£o crĆtica, permite-nos afirmar que as inferĆŖncias feitas sĆ£o plenamente justificadas Ć luz dos conceitos interpretativos
que seguimos.
De facto, o "racional" do discurso cientĆfico, onde as sub-categorias dominantes sĆ£o o conhecimento e limitação, parece nĆ£o saber lidar com o irracional, ou seja, o lugar aonde o limite (cientĆfico) se gera Ć© o mesmo onde o fantasma se produz. JĆ” o discurso religioso se paradoxaliza face Ć SIDA, pois ao mesmo tempo que culpabiliza procura a integração e o cuidado ao doente. O discurso produzido ou Ć© de negação (desmentido da realidade), ou de triunfo e/ou desprezo sobre a própria realidade. Quanto ao discurso psicológico, dominando a fragilidade narcĆsica, revela-nos que nem o cientismo dominante consegue iludir os problemas próprios Ć espĆ©cie humana (a dor mental, o desamparo). Por outro lado, o predomĆnio de ansiedades confusionais nos sujeitos com SIDA nĆ£o surpreende, uma vez que o lugar do sujeito desejante Ć© radicalmente o mesmo onde se condena Ć morte.
Description
Dissertação de mestrado em Psicopatologia e Psicologia ClĆnica
Keywords
Psicologia clĆnica SIDA Atitudes face Ć sida PsicanĆ”lise Ansiedade Bion Grupos sociais Comunicação AnĆ”lise do discurso Clinical psychology AIDS Attitudes toward AIDS Psychoanalysis Social groups Anxiety Bion Communication Discurse analysis
Citation
Publisher
Instituto Superior de Psicologia Aplicada