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Abstract(s)
A Tilápia Moçambicana, Oreochromis mossambicus, é um ciclídeo incubador bucal africano no
qual os machos se organizam em densas agregações de ninhos -Arenas- durante a época
reprodutiva. Nestas estabelecem territórios e escavam locais de postura para os quais atraem as
fêmeas. Nesta espécie hierarquias de dominância são de grande importância uma vez que estas
influenciam o número de acasalamentos conseguidos pelo macho (McKaye et al, 1990;
Oliveira e Almada, 1998).
Muitas espécies animais formam grupos nas quais existem hierarquias de dominância devido a
interacções agonísticas entre os indivíduos. Dois modelos têm sido propostos para o
estabelecimento de hierarquias de dominância entre os animais.
O modelo diádico, ou do torneios, no qual a relação de dominância é o resultado de encontros
entre pares de indivíduos (competição diádica), e o modelo correlacionai que afirma que as
hierarquias emergem de diferenças existentes entre os indivíduos, que actuam como preditoras
de dominância hierárquica.
Enquanto o modelo diádico não explica a formação hierárquica em grupos pequenos, pois sendo
a interacção diádica após algum tempo a maioria dos animais teria ganho um número idêntico
de encontros, resultando que a hierarquia formada não seria linear ou quase-linear (Chase,
1974); o modelo correlacionai não tem mecanismos específicos para o estabelecimento das
hierarquias. Este apenas admite que existe uma elevada correlação entre as características
morfológicas dos indivíduos e o seu estatuto social, e que estas podem ser tidas como preditoras
da hierarquia formada, assim como da posição de cada indivíduo.
Recentemente Chase (1982) propôs um modelo alternativo para o estabelecimento de
hierarquias lineares em grupos pequenos - o modelo do "Jigsaw Puzzle". De acordo com este as
hierarquias emergem como o resultado de interacções triádicas entre os indivíduos.
Com o presente estudo pretende-se investigar quais os mecanismos utilizados pela tilápia no
estabelecimento de relações ou hierarquias de dominância.
Os dados mostram que à semelhança de outros estudos (p.e. Oliveira e Almada, 1996), houve o estabelecimento de relações de dominância. Mais, pode-se observar que estas tenderão a ser do tipo despótica uma vez que um reduzido número de indivíduos domina um elevado número de indivíduos subordinados, e que para além disso estes participam num maior número de interacções agonísticas. Os resultados parecem indiciar que nenhum dos modelos melhor explica o estabelecimento de relações de dominância social em tilápia, uma vez que existe uma característica morfológica que é preditora do estatuto social dos indivíduos — o comprimento do corpo -, assim como parece ser igualmente relevante o processo dinâmico que surge da análise das sequências de interacções agonístiscas - dupla dominância.
Ou seja, ambos os modelos parecem contribuir para o estabelecimento das relações de dominância social, podendo cada um dos factores ser mais ou menos importante durante esse estabelecimento, dependendo da fase em que o processo se encontra, admitindo-se que por exemplo no inicio da formação dos grupos o tamanho relativo dos indivíduos poderá, ou deverá, ser de grande importância na aquisição do estatuto social, e que posteriormente o modo dinâmico como os indivíduos interagem entre si seja o responsável pela manutenção desse estatuto.
Description
Dissertação de mestrado em Etologia
Keywords
Pedagogical Context
Citation
Publisher
Instituto Superior de Psicologia Aplicada