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- Efeitos da familiaridade em julgamentos de duraçãoPublication . Fernandes, Alexandre; Garcia-Marques, TeresaA familiaridade tem o efeito de dilatar a nossa experiência subjetiva da duração de um estímulo ou evento. Este efeito tem sido essencialmente associado a dois níveis de alterações no processamento de propriedades não-temporais do estímulo: a eficiência no processamento dessas informações, e a experiência subjetiva de fluência desse mesmo processamento. Os trabalhos desenvolvidos nesta tese tiveram como principal objectivo contrastar as duas explicações teóricas que se sustentam nessas vias de processamento, mas até aqui sem fundamentação empírica. Nomeadamente, uma hipótese atencional, enquadrada em modelos dedicados de processamento de informação (i.e., relógio-interno) no campo da percepção de tempo, e uma hipótese atribucional de fluência, enquadrada em modelos generalistas de decisão e julgamento. Num primeiro estudo meta-analítico, integrando a literatura experimental sobre o efeito da familiaridade, demonstrámos a sua consistência e validade. Além disso demonstramos que este é moderado pela duração objectiva dos estímulos suportando processos de interferência exógena na atenção seletiva à informação temporal. No entanto o efeito não parece ser moderado por tarefas concorrentes. Dados de um segundo estudo experimental oferecem porém evidencias de efeitos de distribuição de recursos cognitivos com um papel no processo associado ao efeito de familiaridade. Isto dado o papel que a sensibilidade ou discriminação temporal exerce sobre o efeito (apenas previsto pelos modelos de relógio-interno para alterações associadas à distribuição de recursos atencionais). Adicionalmente, os dados do estudo meta-analítico sugerem que os efeitos da familiaridade ocorrem quando a informação temporal é mais difícil de discriminar, o que está concordante com o uso metacognitivo da experiência de fluência para desambiguar a informação do julgamento corrente. Num terceiro estudo, corroborámos a hipótese-atribucional para o efeito de familiaridade nos julgamentos de duração ao demonstrar que este é mediado pela atividade dinâmica do músculo zigomático major associado a afetos positivos próprios da experiência de fluência. Neste estudo os indicadores atencionais (i.e., atividade do corrugador superciliar e da frequência cardíaca) não parecem estar associados à emergência do efeito. Adicionalmente, testamos a hipótese do efeito de familiaridade poder ser explicado por modelos puros de fluência perceptiva. Para o efeito contrastámos meta-analiticamente efeitos de familiaridade, que agrega componentes de fluência perceptiva e conceptual, com manipulações puramente perceptivas. Como esperado o efeito é replicado com as manipulações de fluência perceptiva. No entanto, constatámos que outros indicadores derivados dos pressupostos dos modelos de fluência, nomeadamente, efeitos de discrepância e de correção da atribuição, se verificaram apenas para a fluência perceptiva, sugerindo que os efeitos de familiaridade não se resumem a efeitos de fluência. Tomados em conjunto estes dados sustentam que o efeito de familiaridade emerge por uma convergência de processos que ocorrem através de múltiplas vias. Apontamos portanto para a necessidade de uma complementaridade dos modelos na compreensão dos processos subjacentes ao efeito dafamiliaridade.