Browsing by Author "Prudente, Rita Leite Ferreira dos Santos"
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- Experiências perinatais em Portugal em tempo de pandemia COVID-19Publication . Prudente, Rita Leite Ferreira dos Santos; Gonzalez, António José César de Almeidaroblema: A pandemia COVID-19 tem mostrado ter tido um impacto profundo no bem-estar psicossocial da mulher durante a gravidez, o parto e o pós-parto a nível global. Em Portugal as restrições impostas no atendimento aos cuidados perinatais conduziram a uma mobilização social de contestação sem precedentes, mostrando o descontentamento com as condições em que as mulheres e os seus bebés estavam a ser acompanhados pelo sistema de saúde. Objetivo: Este estudo propõe-se a explorar a experiência subjetiva da vivência da perinatalidade durante o período de Pandemia COVID-19 em Portugal e perceber a acessibilidade e/ou recurso a cuidados de saúde mental nesta fase. Método: Foi utilizada uma metodologia qualitativa, através de entrevistas semi-estruturadas a sete mulheres com experiência pessoal do ciclo perinatal em tempo de pandemia COVID-19. Os dados recolhidos foram alvo de análise temática com recurso a software (MaxQDA). Resultados: Foram desenvolvidos 3 temas: fatores protetores, fatores barreira, e experiência de parto. Os fatores protetores com maior expressão, percebidos como facilitadores na experiência perinatal, foram o sentimento de vivência das dinâmicas da família nuclear de forma segura e resguardada, o apoio percebido do pai, o contacto com o bebé e a qualidade da relação com os prestadores de cuidados. Os principais fatores barreira, percebidos como negativos na vivência perinatal, foram as mudanças nos protocolos de prestação de cuidados perinatais, a incerteza quanto às consequências da infeção por COVID-19, os desafios da reorganização da família nuclear, quadros de desconforto ou patologia fisiológica, o afastamento social e a qualidade da interação com prestadores de cuidados. As restrições protocolares no atendimento ao parto e a incerteza quanto às consequências do coronavírus levaram a vários movimentos de ponderação e alteração no plano de parto e a escolha de intervenções durante o parto. A nenhuma das mulheres foram sugeridos ou disponibilizados cuidados de saúde mental no circuito de prestação de cuidados perinatais, revelando a fraca participação dos e/ou acessibilidade aos cuidados especializados de saúde mental nos circuitos previstos para a prestação de cuidados nesta fase de vida. Conclusão: Este estudo fornece uma maior clareza acerca dos fatores que são valorizados por mulheres portuguesas como facilitadores de uma vivência perinatal positiva. Sugere-se a inclusão dos conhecimentos da área da saúde mental na construção de políticas de saúde e de protocolos de prestação de cuidados perinatais, bem como a inclusão de técnicos de saúde mental, nomeadamente psicólogos, de forma acessível nos circuitos previstos para o atendimento à mulher e às famílias durante o ciclo gravídico-puerperal em Portugal.