Browsing by Author "Pereira , Ana Maria Bordalo Pinto"
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- As cicatrizes daditadura:memórias autobiográficas de ex-presos políticos portuguesesPublication . Pereira , Ana Maria Bordalo Pinto; Cláudio, VictorVários estudos têm evidenciado a relevância que têm para o self as experiências traumáticas na organização de eventos de vida, sublinhando que, as que se relacionam com vivências percebidas como significativas podem ser vivamente recordadas após longo período de tempo, tornando-se mais facilmente disponíveis, especialmente, quando associadas a eventos com forte carga afectiva. Esta investigação procurou explorar a relação entre as memórias autobiográficas de expresos políticos e a severidade das condições de cárcere. A amostra foi constituída por 17 ex-presos políticos portugueses, com idades compreendidas entre os 63 e os 97 anos. Foram aplicados, um Questionário Sociodemográfico, a Tarefa de Memória Autobiográfica e diversos instrumentos de avaliação clínica – BDI, BSI, NMDAS e STAI-Y. Os resultados obtidos revelaram a inexistência de sobregeneralização da memória autobiográfica, com evocação de um maior número de memórias específicas comparativamente com as categóricas e as alargadas. Constatou-se uma maior evocação de memórias autobiográficas de valência emocional negativa, não se observando diferenças significativas entre o tempo total de latência para as diferentes valências das palavras estímulo. O tempo total de resposta obteve valores mais elevados nas respostas dadas às palavras estímulo de valência emocional negativa. As categorias de acontecimentos evocados evidenciam um maior destaque para os temas relacionadas com Doenças, Prisão e Relações Sociais, verificando-se que os acontecimentos referentes à Prisão tanto aparecem associados a palavras de valência emocional negativa, como positiva ou como neutra. As redes de suporte social, com a consequente criação ou restauração de laços afectivos, a incorporação dos acontecimentos traumáticos, o desenvolvimento de estratégias de enfrentamento e a re-significação do sentido de vida, terão sido os possíveis promotores da reparação dos efeitos negativos das vivências traumáticas e os fomentadores de alguns dos resultados obtidos pelos participantes nesta investigação.