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Investigação-intervenção nos cuidados de saúde primários : A acessibilidade pedonal percebida e as estratégias cognitivas-comportamentais na prática de actividade física em adultos maiores de 65 anos
Publication . Morais, Vera Paisana; Carvalho, Cláudia Maria Constante Ferreira de
Com base nos últimos desenvolvimentos na área cognitivo-comportamental e nas
contribuições do modelo ecológico de comportamentos de saúde na área da actividade física
em adultos maiores de 65 anos, o presente trabalho procurou investigar a influência da
acessibilidade pedonal percebida e a eficácia de três diferentes estratégias no incremento da
actividade física numa amostra de pessoas com idade superior a 65 anos.
Na primeira parte deste trabalho apresentamos o resultado de um estudo exploratório
onde se pretendeu contribuir para a tradução para português e validação de um instrumento que
permite avaliar a acessibilidade pedonal percebida - a percepção do espaço envolvente como
sendo seguro, atractivo, próximo de transportes públicos e de outras estruturas relevantes, e
acessível para caminhar - em maiores de 65 anos. A pertinência da existencia de um
instrumento desta natureza prende-se com a noção de que os atributos percebidos do meio
envolvente estão positivamente associados à prática de actividade física (Trost et al., 2002),
assumindo especial relevância nas pessoas com mais de 65 anos. O primeiro estudo
apresentado teve o propósito de adaptar, explorar a estrutura factorial e características
psicométricas de uma escala de percepção da acessibilidade pedonal para adultos na idade
maior (PAP+65). Participaram neste estudo 79 pessoas, 44 mulheres e 35 homens, com uma
média de idades de 72,15 anos (DP=6,23), não institucionalizados, recrutados em três
associações de apoio a adultos maiores de 65 anos, da região de Lisboa. Constituíram critérios
de exclusão de participação neste estudo, o não saber ler e escrever e o défice cognitivo,
avaliado com a versão Portuguesa do Mini Mental State Examination (Guerreiro, 1994). A
participação foi voluntária e não remunerada. As medidas foram obtidas numa entrevista semiestruturada
com a duração de aproximadamente 60 minutos. As variáveis socio-demográficas
incluiram sexo, idade e rendimento mensal líquido. A variável prática de actividade física
resultou do compósito do relato da frequência semanal e duração das sessões das 3 actividades
físicas mais frequentemente praticadas. Foram realizadas questões relativas à percepção do
número de horas dispendido sentado, a ver TV e de sono. A existência de diagnóstico de comorbilidades
foi avaliada por resposta Sim/Não. Altura, peso e perímetro da cintura (PC) foram
medidos pelo investigador e o índice de massa corporal (IMC) foi obtido pela fórmula P/A2. A
acessibilidade pedonal percebida do bairro para caminhar foi avaliada com recurso a uma
escala de 15 itens (Merom et al. 2009) com possibilidade de resposta entre 1-Discordo
totalmente e 4-Concordo Totalmente, concebida especificamente para adultos maiores de 65
anos, adaptada da versão NEWS Australiana (Cerin, Leslie, Owen & Bauman, 2008).
Apresenta-se a estrutura factorial e as características psicométricas da PAP + 65, tendo a
Análise factorial Exploratória (AFE) identificado 4 factores: Proximidade de destinos (e.g.
distância entre a habitação e estabelecimentos comerciais); Estética (e.g. espaços verdes,
estética do bairro), Segurança (e.g. grau de inclinação na rua, trânsito e criminalidade), e
Condições físicas do bairro (e.g. existência de passadeiras e sinalização para peões, transportes
públicos, iluminação durante a noite). A solução adoptada de 13 itens apresenta uma variância
total explicada de 65,64%, KMO= 0,67, e os valores de consistência interna dos quatros
factores variaram entre 0,58 (Segurança) e 0,78 (Estética). Os resultados sugerem que a PAP
+65 pode ser útil na avaliação da acessibilidade pedonal percebida em adultos maiores de 65
anos, quer em contexto de investigação, quer em intervenção na promoção da actividade física.
A análise dos resultados dos scores na PAP+65 e os indicadores de saúde revelou que a baixa
acessibilidade pedonal percebida do ambiente envolvente está associada a estar mais horas
sentado, o bairro ter um cenário esteticamente pouco aprazível está associado a passar mais
horas a ver TV; a existência de destinos acessíveis a uma curta distância a pé (por exemplo
lojas) e um cenário estético aprazível estão positivamente associados à incidência da diabetes; e
o não existirem lojas e outros destinos acessíveis a uma curta distância a pé da habitação está
associado a um índice de massa corporal e perímetro da cintura superiores.
Na segunda parte desta tese apresentamos os resultados de uma intervenção cognitivocomportamental
com a duração de 24 semanas que visou promover a prática de actividade física
com recurso à prescrição da prática de caminhada diária em pessoas maiores de 65 anos. Esta
intervenção constituiu o âmago de um Projecto I&D financiado pela Fundação para a Ciência e
Tecnologia intitulado “Promoção da actividade física em idosos nos cuidados de saúde
primários” (ref#PTDC/SAU-SAP/110799/2009). Participaram neste projecto 108 pessoas
maiores de 65 anos, 61 mulheres e 47 homens, dos quais 44 entraram no estudo com o seu
cônjuge. Os participantes eram utentes de cinco centros de saúde da região de Lisboa. A
intervenção decorreu ao longo de 24 semanas, com seis sessões de acompanhamento face-a-face
às 1ª, 4ª, 8ª, 16ª e 24ª semanas. Os participantes foram referenciados para o estudo pelos médicos
de clínica geral do Agrupamento de Centros de Saúde de Oeiras- ACES Oeiras, com base nos
seguintes critérios de inclusão: idade igual ou superior a 65 anos com necessidade de aumentar os
seus níveis de actividade física e sem comorbilidade impeditiva da realização de caminhada
diária. Foram referenciados 498 utentes de cinco centros de saúde, tendo sido admitidos no
estudo 108 participantes, que foram distribuídos aleatoriamente pelas seguintes condições
experimentais: Formulação de objectivos; Formulação de objectivos + Planos de acção e
Formulação de objectivos + Planos de acção + Planos de coping para identificar e superar
barreiras à practica da caminhada. Os participantes foram aleatorizados de acordo com o género e
condição em que entravam no estudo (individual vs casal). Todos os participantes receberam um
pedómetro e um caderno para registo diário do número de passos total do dia. A Análise
Univariada de Covariância (ANCOVA) revelou que não houve diferenças entre as três condições
experimentais, i.e, todas as estratégias foram igualmente eficientes no aumento do
comportamento de caminhada diária. No total da amostra, o número total de passos realizados
por dia aumentou 32,8% no final dos 6 meses face à baseline. Contudo a análise revelou que o
comportamento de caminhada variou em função de ser realizado individualmente ou em casal.
Para os participantes que realizaram a caminhada diária individualmente a Formulação de
objectivos + Planos de acção + estratégias de coping foi a estratégia mais eficiente. Em
contrapartida para os participantes que aderiram à intervenção enquanto casal, a estratégia mais
eficiente foi apenas a de Formulação de objectivos. A acessibilidade pedonal percebida não
revelou influência no comportamento de actividade física. Neste estudo obtivemos uma taxa de
adesão de 72,2% e 27,8% de mortalidade experimental com uma distribuição equitativa entre a
4ª, 8ª, 16ª e 24ª semana.
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Funders
Funding agency
Fundação para a Ciência e a Tecnologia
Funding programme
3599-PPCDT
Funding Award Number
PTDC/SAU-SAP/110799/2009