Browsing by Author "Gomes, Nuno Miguel de Jesus"
Now showing 1 - 1 of 1
Results Per Page
Sort Options
- Modulating vigilance : the differential contributions of fear chemosignals and group contextsPublication . Gomes, Nuno Miguel de Jesus; Semin, Gün R.; Soares, Sandra C.; Smeets, Monique A. M.Noutras espécies sociais que não a humana, as estratégias individuais de monitorização de risco (i.e. vigilância) e a capacidade de detetar e evitar estímulos ameaçadores são moduladas pelos co-específicos. Por um lado, a presença de co-específicos resulta numa diminuição dos recursos atencionais alocados pelo indivíduo à vigilância, permitindo um maior investimento noutras atividades (e.g., procura de alimento). Por outro lado, co-específicos expostos a uma fonte de perigo, emitem pistas sensoriais (e.g., sons ou odores corporais) que alertam/preparam o indivíduo para lidar com eventos ameaçadores. Pretende-se, no presente trabalho, explorar o papel direto (pela presença) e indireto (através de odores corporais de medo) que os co-específicos assumem ao modular estratégias individuais de vigilância e deteção de ameaça na espécie humana. No primeiro estudo, investigou-se se os humanos usariam estratégias de vigilância semelhantes a outras espécies sociais. Com recurso a um paradigma que permite o estudo das estratégias de vigilância mediante a utilização de um eye-tracker, demonstrou-se que a presença de co-específicos (vs. condição individual), tal como noutras espécies sociais, diminui os recursos alocados à vigilância, permitindo um investimento maior noutras atividades, embora prejudicando a capacidade de detetar/evitar ameaças. No segundo estudo foi investigado se, tal como noutras espécies, a redução de vigilância poderia estar associada a um sentimento acrescido de segurança despoletado pela presença dos outros. Os resultados obtidos parecem confirmar este efeito, na medida em que para um indivíduo, imaginando-se na presença de co-específicos (2 amigos ou 2 estranhos vs. sozinho), era menor o sentimento de ameaça assim como a probabilidade percebida de sair magoado de situações ambíguas de perigo. O terceiro estudo centrou-se nos efeitos modulatórios de diferentes contextos de grupo nas estratégias de vigilância. Os resultados obtidos indicam que perceber co-específicos como cooperadores ou competidores (vs. mera presença) não modula, de forma distinta, o comportamento de vigilância. Sob a égide de literatura anterior, é possível especular que o efeito destes contextos de grupo poderá ser observado tão-somente perante situações em que indivíduo e co-específicos presentes podem observar-se e interagir entre si. No quarto estudo, que visou compreender de que forma a exposição a odores corporais de medo poderia modular estratégias de vigilância e a capacidade de detetar e evitar eventos ameaçadores, concluímos que esta pista sensorial (vs. odores corporais neutros e ausência de odores) não modula diretamente as estratégias de vigilância, mas parece induzir um estado de preparação/prontidão nos seus recetores, levando-os a detetar e reagir mais rapidamente a eventos ameaçadores. O último estudo replica literatura anterior, demonstrando que a exposição a odores corporais de medo ativa mecanismos associados a um aumento da aquisição sensorial. Evidenciou-se ainda que amostras de suor podem ser reutilizadas após uma primeira utilização de 20 minutos, permitindo especular sobre as propriedades de volatilidade das moléculas que transportam informação associada ao medo. Em conclusão, os resultados obtidos nesta tese sugerem que co-específicos modulam, direta e indiretamente, as estratégias individuais de vigilância e deteção de ameaça. Destaca-se assim a importância de variáveis sociais para o estudo e aprimoramento da monitorização do risco nas sociedades contemporâneas.