Xavier, Carla Henriqueta Fonseca2011-10-082011-10-082008http://hdl.handle.net/10400.12/1025Dissertação de Mestrado em Psicopatologia e Psicologia ClínicaEste estudo tem como objectivo compreender como o simbolismo do feminino se expressa em mulheres homossexuais, feminino enquanto "Identidade Primária" e "Identidade Secundária", enquanto Ser, Ser Como e Ser Com…, através do trabalho do Aparelho de Pensar os Pensamentos enquanto processo que deriva das estruturas psíquicas do materno e do feminino, enquanto relação masculino-feminino. Como base do presente estudo, partimos essencialmente das conceptualizações associadas ao pensamento psicanalítico Kleiniano e pós-Kleiniano acerca do feminino e do materno enquanto estruturas ou qualidades psíquicas evolutivas e transformadoras (sem no entanto descurar a perspectiva longitudinal e mitológica do simbolismo do feminino ao longo da História do Homem, bem como o pensamento psicanalítico de Freud e dos seus seguidores), bem como do pensameno psicanalítico sobre a homossexualidade feminina, em que autores tais com Florence Guignard, Green, Jean Bergeret, Stoller, Joyce McDougall e Socarides… constituem referências fundamentais, que frisam a importância do papel do materno-paterno ou da "bissexualidade psíquica" no devir feminino-masculino, da complementaridade entre estes. Como forma de podermos corresponder aos objectivos a que nos propusemos neste estudo, recorremos ao instrumento Rorschach, enquanto método e técnica, utilizando os fundamentos defendidos por Nina Rausch de Traubenberg, Catherine Chabert e por Emília Marques, em quem o Rorschach surge enquadrado nos modelos do pensamento e no modelo transformacional, que viabilizam a extrapolação do conteúdo manifesto da resposta Rorschach para o conteúdo latente - "O" (logo espaço viável para a compreensão da construção do feminino enquanto dinâmica flexível), abrindo a possibilidade de aceder à transição na acepção Winnicottiana - comunicação, reformulação, re-significação e simbolização das relações, das experiências e vivências internas fantasmáticas do sujeito, dando-nos conta da dinâmica de funcionamento mental do mesmo; à "mudança catastrófica" entre dicotomias segundo Bion, à caesura ou à transitoriedade - relação ente o Eu VS Outro, entre o Interno VS Externo, entre o passado VS presente VS futuro, dando espaço a um novo objecto, a novas vivências, enriquecidos, renovados, elementos infinitos e expansivos da mente; processo sempre pautado por movimentos regressivo-progredientes numa acepção supostamente adaptativa. Para facilitar a compreensão da dinâmica anteriormente referida construimos um quadro síntese dos eixos de análise no Rorschach. Efectuamos o estudo dos protocolos de três mulheres homossexuais, os quais nos permitem aceder à compreensão do feminino enquanto processo radicado nas relações objectais primárias, em que o materno e o feminino assumem um papel estruturante enquanto relação ?? ou "função ?", assim como o paterno e o masculino - elementos de continuidade e expansão, de diferenciação, sexuação e complementaridade; e em que a estruturação do feminino se verifica progressivamente numa lógica de "circularidade interna", que supõe que a menina num primeiro momento se distancie do objecto primário para se afirmar enquanto Eu diferenciado - construção da Identidade do Eu, do "Ser" e do "Ser Como" (o Outro enquanto similaridade, mas não enquanto Igual), espaço do "materno primário", para mais tarde, seguir no sentido da construção e consolidação da sua Identificação sexual feminina adulta e supostamente heterossexual, espaço do "feminino primário" e do "Ser Com" (espaço do Diferente e Complementar). A relação está pautada por determinados mecanismos de defesa, donde se destaca o da "Identificação Projectiva" como um processo de vinculação e de comunicação empáticas, dinâmica que veicula a significação e interpretação da vivência e experiência emocional no seio da relação objectal precoce, reactivada no devir da construção da Identificação sexual feminina adulta e no contexto da resposta Rorschach. Desse modo, foi-nos possível verificar que o feminino, a "identidade secundária", o "Ser Com" dos sujeitos se encontram frustremente construídos e consolidados, distantes da lógica do diferente e complementar, pois encontram-se pautados essencialmente por um registo narcísico de relação, marcado pela espelhagem e duplicidade, encerrado no "materno primário", sem movência de circularidade, em que o objecto primário exerceu precariamente a sua funcão continente, tendo tendencialmente o objecto paterno se mantido afectivamente à distância e numa atitude passiva, com a conivência materna - falência da "bissexualidade psíquica". Assim, se os primórdios da vivência do sujeito, a sua "identificação primária", o "Ser" e o "Ser Como" se encontram atingidos, estes irão inevitavelmente interferir no devir da "identidade secundária", no "feminino primário", fazendo transparecer registos mais esquizóides e orais, próprios a uma "homossexualidade manifesta", em que brotam angústias maçicas, a "angústia corporal" e a "angústia de morte", ou registos mais anais ou de oscilação oral-anal/anal-oral, associados a uma homossexualidade menos arcaica, a "homossexualidade proto-edipiana", em que a conflitiva se encontra ao nível da intensa "angústia de castração".porPsicologia clínicaLesbianismoTeste de RorschachFeminilidadeHomossexualidadeIdentidade sexualGéneroIdentificaçãoClinical psychologyRorschach testFemininityHomosexualitySexual identityGenderIdentificationO feminino em mulheres lésbicas e a sua expressão através do processo-resposta Rorschachmaster thesis