Dias, Carlos AmaralLopes, Maria de Fátima Triguinho2011-07-062011-07-062001http://hdl.handle.net/10400.12/611Dissertação de mestrado em Psicopatologia e Psicologia ClínicaSerá que um mal passou a banal, foi a questão de partida para analisarmos diferentes perspectivas sociais sobre a SIDA, doença que coloca um amplo espectro de inquietações, mas com a qual convivemos já quase pacificamente. Esta dissertação procura encontrar nos discursos sociais sobre a doença, em particular nos discursos religioso, científico e psicológico, a evolução do pensamento social, bem como as invariantes que lhe são próprias. A metodologia utilizada fundamenta-se na teoria psicanalítica como procura de compreensão de um facto social, seguindo os passos da análise de conteúdo. Começamos por abordar o significado psicológico da doença para nos centrarmos na temática da SIDA, numa breve história, caracterização e seu significado no plano individual e social. Na triangulação teórica Freud, Melanie Klein e Bion, desenvolvemos os fundamentos conceptuais que servem de base à nossa interpretação. Com Freud retomámos os aspectos essenciais do narcisismo e da fragilidade narcísica. Seguidamente com Klein revisitámos os conceitos de ansiedade paranóide / depressiva, clivagem e identificação projectiva. Por último, com Bion seguimos as particularidades da sua teoria dos grupos. O último capítulo constitui o nosso objecto de reflexão. Refere-se à interpretação dos artigos de jornal, publicados no período compreendido entre 1990 e 1999, que nos foram facultados pela Comissão Nacional de Luta Contra a SIDA. Os textos foram sistematizados nos três discursos base: psicológico, cientifico e religioso, constituindo cada um deles uma categoria da nossa análise. Seleccionadas as expressões significativas, procedemos à sua análise elegendo em cada um dos discursos, as invariantes interpretativas (as sub-categorias). A sistematização dos dados obtidos mostra a evolução das atitudes sociais face à SIDA ao longo dos anos em estudo e são sobretudo reflexo da reprodução de um discurso que se mantém quase imutável em cada um deles. A reflexão crítica, permite-nos afirmar que as inferências feitas são plenamente justificadas à luz dos conceitos interpretativos que seguimos. De facto, o "racional" do discurso científico, onde as sub-categorias dominantes são o conhecimento e limitação, parece não saber lidar com o irracional, ou seja, o lugar aonde o limite (científico) se gera é o mesmo onde o fantasma se produz. Já o discurso religioso se paradoxaliza face à SIDA, pois ao mesmo tempo que culpabiliza procura a integração e o cuidado ao doente. O discurso produzido ou é de negação (desmentido da realidade), ou de triunfo e/ou desprezo sobre a própria realidade. Quanto ao discurso psicológico, dominando a fragilidade narcísica, revela-nos que nem o cientismo dominante consegue iludir os problemas próprios à espécie humana (a dor mental, o desamparo). Por outro lado, o predomínio de ansiedades confusionais nos sujeitos com SIDA não surpreende, uma vez que o lugar do sujeito desejante é radicalmente o mesmo onde se condena à morte.porPsicologia clínicaSIDAAtitudes face à sidaPsicanáliseAnsiedadeBionGrupos sociaisComunicaçãoAnálise do discursoClinical psychologyAIDSAttitudes toward AIDSPsychoanalysisSocial groupsAnxietyBionCommunicationDiscurse analysisDo mal ao banal: Uma interpretação do discurso social sobre a SIDAmaster thesis