Veríssimo, ManuelaCardoso, Jordana Figueiredo de Pinto2021-01-202021-01-202020-02-17http://hdl.handle.net/10400.12/7914Apesar da extensão de influência de diversos determinantes no desenvolvimento infantil, a teoria da vinculação permanece como um dos quadros teóricos mais abrangentes para o entendimento do desenvolvimento social e emocional. Effect sizes de estudos anteriores (Madigan et al., 2016) revelaram uma magnitude semelhante ou maior na segurança da vinculação, relativamente a outros determinantes ambientais como o conflito entre os pais (Buehler et al., 1997) ou a exposição a violência doméstica (Evans, Davies, & DiLillo, 2008). De acordo com a teoria da vinculação (e.g. Ainsworth, 1967; Ainsworth, et al., 1978; Bowlby, 1969/1982, 1973), a criança internaliza as representações das interações que estabelece com os principais cuidadores em modelos internos dinâmicos, estando a qualidade destes modelos diretamente relacionada com o modo como as figuras de vinculação são sensíveis às necessidades das crianças em termos de conforto, proteção, carinho e apoio na exploração do meio, bem como à sua disponibilidade e capacidade de responder adequadamente a estas necessidades. Ao longo do desenvolvimento, a criança aplica estes modelos do que é um cuidador e uma relação às novas relações que vai formando. A literatura tem apontado que crianças com uma história de vinculação segura são capazes de desenvolver e manter mais relações de apoio que as crianças inseguras, desenvolvem características da personalidade mais desejáveis, são mais prováveis de exibir formas construtivas de autoregulação e mais competências de resolução de problemas sociais (e.g. Cassidy, Jones, & Shaver, 2013; DeKlyen & Greenberg, 2008; Sroufe, 2005; Thompson, 2016; West, Matthews, & Kerns, 2013). Pretendeu-se com este estudo, primeiramente, estudar a estabilidade da vinculação entre a idade pré-escolar e a infância média, através da Attachment Story Completion Task (Bretherton & Ridegway, 1990) aos 5 anos e da Kerns Security Scale (Kerns et al., 1996) aos 8 e 9 anos. Numa segunda fase, foi avaliado o impacto da vinculação nos resultados desenvolvimentais através da ASCT aos 5 anos, tendo sido utilizada uma bateria de instrumentos aos 8 e 9 anos para avaliação do desenvolvimento socioemocional e académico. Foi privilegiado um método multi-informadores, utilizando dados obtidos junto das crianças e professores. Crianças com um valor de segurança mais elevado nas histórias aos 5 anos apresentaram um valor de perceção de segurança mais elevado à mãe e ao pai no 3º e 4º anos. Foram também encontradas associações entre a segurança da vinculação e resultados mais favoráveis no desenvolvimento socioemocional e académico das crianças no final do 1º ciclo, nomeadamente em dimensões como a timidez/ansiedade, agressividade, assertividade, aptidões sociais com os pares, cooperação, orientação para a tarefa e algumas dimensões do auto-conceito. Assim, apesar da expansão do mundo social da criança na infância média, os dados apontam para uma continuidade da segurança nas relações de vinculação e a relação de vinculação com os cuidadores parece continuar a influenciar as experiências internas e relacionais da criança, incluindo os comportamentos considerados problemáticos. Esta investigação, apesar da necessidade de replicação, traz contributos importantes para a investigação da continuidade da vinculação e extensão dos seus contributos, bem como para o campo da intervenção na comunidade.Despite the extent of influence of various determinants on child development, attachment theory remains one of the most comprehensive theoretical frameworks for understanding social and emotional development. Effect sizes from previous studies (Madigan et al., 2016) revealed similar or greater magnitude od security of attachment relative to other environmental determinants as parental conflict (Buehler et al., 1997) or exposure to domestic violence (Evans, Davies, & DiLillo, 2008). According to the attachment theory (eg Ainsworth, 1967; Ainsworth, et al., 1978; Bowlby, 1969/1982, 1973), the child internalizes the representations of the interactions he establishes with the main caregivers in internal working models. The quality of these models is directly related to how attachment figures are sensitive to children's needs in terms of comfort, protection, affection and support in exploring the environment, as well as their availability and ability to respond appropriately to these needs. Throughout development, the child applies these models of caregiver and relationship to the new relationships they are forming. Literature has pointed out that children with a history of secure attachment are able to develop and maintain more supportive relationships than insecure children, develop more desirable personality characteristics, are more likely to exhibit constructive forms of selfregulation, and more social problem solving skills (eg Cassidy, Jones, & Shaver, 2013; DeKlyen & Greenberg, 2008; Sroufe, 2005; Thompson, 2016; West, Matthews, & Kerns, 2013). The aim of this study was, first, to study the stability of attachment between preschool age and middle childhood, through the Attachment Story Completion Task (Bretherton & Ridegway, 1990) at 5 year-old children and the Kerns Security Scale (Kerns et al., 1996) at 8 and 9 year-olds. In a second phase, the impact of attachment on developmental outcomes was assessed through ASCT at age 5, and a battery of instruments at age 8 and 9 were used to assess socio-emotional and academic development. A multi-informant method was used, using data obtained from children and teachers. Children with a higher value on attachment security in the 5-year-old stories had a higher safety perception value to their mother and father in the 3rd and 4th years. Associations were also found between attachment security and more favorable outcomes in the socio-emotional and academic development of children at the end of the 1st cycle, namely in dimensions such as shyness/anxiety, aggressiveness, assertiveness, social skills with peers, cooperation, task orientation and some dimensions of self concept. Thus, despite the expansion of the child's social world in middle childhood, the data point to a continuity of security in attachment relationships and the attachment relationship with caregivers seems to continue to influence the child's internal and relational experiences, including problematic behaviors. This research, although preliminary, brings important contributions to the investigation of the stability of attachment and the extent of its contributions, as well as to the field of intervention in the community.porRelações pais-criançaEstabilidadeRepresentações de vinculaçãoResultados desenvolvimentaisPré-escolarInfância médiaParent-child relationshipsAttachment representationsStabilityDevelopmental outcomesPre-schoolMiddle childhoodAnálise dos estilos parentais e das relações de vinculação em contexto familiar e as suas implicações para o posterior desenvolvimento psicossocial e académico das criançasdoctoral thesis101389574