Cortez, Sara de Sousa Mendes Parreira2011-02-212011-02-212007http://hdl.handle.net/10400.12/451Dissertação de Mestrado em EtologiaÉ frequente aves migradoras exibirem segregação por habitat nos seus quartéis de invernada. Nalguns passeriformes, como é o caso do pisco-de-peito-ruivo (Erithacus rubecula), esta segregação parece ocorrer mediante processos de competição social, sendo que os machos, os indivíduos maiores e os adultos ocupam habitats de maior qualidade do que os restantes conspecíficos. Sendo conhecida a forte territorialidade destas aves durante o Inverno, não é, no entanto, ainda claro se é através deste processo local que os elementos mais fracos são levados a ocupar habitats menos desejados. No presente trabalho analisam-se duas populações de piscos invernantes em Portugal: uma que habita uma zona de matagal mediterrânico (Serra da Arrábida) e outra que habita uma zona de bosque dominada por quercíneas (Parque Florestal de Monsanto). Através da disponibilização artificial de alimento durante um período de 8 a 10 dias, fomentou-se a definição de territórios entre as aves. Em seguida efectuaram-se capturas sucessivas, distinguindo dos restantes o animal com acesso preferencial ao alimentador (o primeiro a ser capturado) e registaram-se medidas morfométricas. Ao fazê-lo em dois habitats distintos, comparações entre estes foram, depois, possíveis. Observou-se que as aves de Monsanto são maiores (F(72,1)=7.665, p=0.007), têm mais musculatura (U-test=388.500, p=0,002), rectrizes mais densas (F(68,1)=4,197; p=0,044) e que acumulam menos gordura (U-test=377.500, p=0,002) do que as aves da Arrábida. Isto parece indicar que, no geral, se encontram em melhores condições físicas e permite-nos também identificar Monsanto como o habitat preferencial. As suas características e implicações para as aves são discutidas. Procurou também associar-se o local ocupado com características da forma da asa - indicadoras do comportamento migratório do indivíduo. As comparações revelaram que as duas populações não são estatisticamente diferentes (F(61,1)=0.035, p=0.853), pelo que não se pode confirmar a ideia de segregação por habitat entre indivíduos migradores e residentes. Por fim, procurou analisar-se a capacidade de detenção de recursos destes piscos. Os resultados parecem indicar que os animais incapazes de controlar um alimentador têm tendência a ser mais frequentes no habitat arbustivo (X2(1)=2,435; N=72; p=0,119) e que aqueles com acesso preferencial aos alimentadores apresentam uma condição corporal superior (F(68,1)=5,229; p=0,025) aos demais. Ao contrário do esperado, não foi encontrada uma relação entre a classe etária e a capacidade de deter recursos alimentares (X2(1)=0,018, N=69, p=0,894), o que pode ser explicado pela não distinção dos sexos ou pelo facto de a amostragem tardia no Inverno permitir aos juvenis uma adaptação ao ambiente e o desenvolver da competitividade. Na Arrábida, as aves que melhor controlam os recursos são também mais gordas do que as outras (U-test=146.000, p=0,023), embora tal não se possa atribuir com segurança a uma melhor condição física geral, dado que pode ser consequência do acesso prioritário aos alimentadores.porEtologiaComportamento animalAlimentosDominânciaPiscosAvesEcologiaEthologyAnimal behaviourFoodBirdsEcologyAspectos de dominância social e preferências alimentares de piscos-de-peito-ruivo (Erithacus ruvbecula) invernantes em Portugalmaster thesis