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Abstract(s)
Os modelos elevated plus-maze e light/dark são amplamente utilizados no estudo de compostos ansiolíticos e dos mecanismos neurobiológicos de ansiedade. O elevated plus-maze (EPM) e o open-field (OF) são testes validados para avaliação da ansiedade em ratos e ratinhos. O teste ligh/dark (LD) também é utilizado nos modelos de ansiedade, no entanto, só foi validado para modelos em ratinhos. Para validar o teste LD como um modelo de ansiedade em ratos avaliaram-se os parâmetros: validade construtiva, validade exterior e validade preditiva. Estes parâmetros foram analisados através de avaliações comportamentais. neuroquímicas e hormonais na presença e ausência de compostos ansiolíticos, e de uma análise comparativa destas avaliações nos testes EPM e LD. Foi ainda estabelecida uma análise comparativa dos dados comportamentais entre o teste OF e os testes EPM e LD.
Cada rato (estirpe Wistar) (200-220g) foi colocado no centro do aparelho OF e deixado a explorá-lo durante 20 minutos. Os primeiros 5 minutos foram utilizados para avaliar os comportamentos de ansiedade e os últimos 15 minutos para avaliar a actividade locomotora. Uma semana depois cada rato foi colocado no aparelho EPM (n=6) ou no aparelho LD (n=6) durante 5 minutos. Foram ainda submetidos a estes testes, na mesma ordem, indivíduos tratados com diazepam (0,5mg/kg) (n=6 para cada teste) e propranolol (10mg/kg) (n=6 para cada teste) numa solução de soro fisiológico de 2ml/kg e indivíduos tratados com soro fisiológico (n=6 para cada teste). As sessões experimentais foram registadas por uma câmara de vídeo colocada um metro acima do aparelho e as medidas comportamentais foram registadas e analisadas utilizando o software Noldus Observer. Imediatamente após cada sessão de EPM ou LD os animais foram sacrificados, tendo-se recolhido sangue para doseamento hormonal e dissecado a
amígdala e o hipocampo para posterior análise neuroquímica. As concentrações de dopamina (DA), serotonina (5-HT) e dos seus metabolitos foram quantificadas por cromatografia líquida de alta performance combinada com detecção electroquímica. Os níveis de corticosterona no plasma foram medidos por ensaio imunoenzimático.
Os resultados comportamentais mostram que os testes EPM e LD induzem respostas comportamentais semelhantes sugerindo que os comportamentos registados nos testes reflectem o mesmo estado psicológico - ansiedade. Esta generalização das respostas comportamentais em diferentes modelos de ansiedade contribui para uma possível validade construtiva do modelo LD para ratos. No entanto, este parâmetro de validade é comprometido pelos resultados neuroquímicos destes animais uma vez que não revelam alterações nas concentrações das monoaminas nas áreas cerebrais analisadas. Por outro lado, a semelhança dos resultados neuroquímicos nos testes LD e EPM indica que estes testes são muito influenciáveis pelas condições e procedimentos usados, uma ideia reforçada pelo aumento dos níveis de serotonina no hipocampo dos indivíduos injectados com soro. Estes resultados evidenciam a importância e a necessidade de uniformizar protocolos e de controlar cautelosamente os procedimentos em todas a etapas da experiência, para possibilitar a utilização destes modelos como indutores de ansiedade.
O diazepam e o propranolol não causaram efeitos ansiolíticos nas respostas comportamentais, no entanto, não podemos esquecer que as doses aplicadas são inferiores às utilizadas noutros estudos que mostraram efeitos ansiolíticos. Por outro lado, os dados relativos aos efeitos dos agentes ansiolíticos mostram que os fármacos têm efeitos opostos no rato, tanto no EPM como no LD. Além disso, esse efeito reflecte-se a nível comportamental e neuroquímico. A nível comportamental o diazepam induziu uma redução do estado de alerta enquanto que o propanolol induziu um
aumento do estado de alerta. A nível neuroquímico o diazepam induziu uma diminuição dos níveis de serotonina no hipocampo ao contrário do propranolol que induziu um aumento dos níveis de serotonina na mesma área cerebral. Estes resultados sugerem que o propranolol parece ter um efeito ansiogénico originado pela manipulação dos animais aliada ao bloqueio, pelo propranolol, dos processos de reconsolidação da memória activa, o que eliminou os efeitos de habituação ao stress induzido pela manipulação. Estas alterações neuroquimicas foram observadas apenas nos ratos expostos ao EPM indicando que o EPM e o LD desencadeiam aspectos distintos de ansiedade. Estes resultados comprometem a validade preditiva do modelo mas os procedimentos realizados são insuficientes para concluir acerca deste parâmetro.
Nas respostas hormonais produzidas por estes testes não foi verificado um aumento nos níveis de corticosterona após a exposição aos testes de ansiedade, no entanto, estes dados podem ter sido influenciados por aspectos da variação circadiana o que torna difícil inferir sobre o critério de validade exterior.
A heterogeneidade das formas patológicas de ansiedade existentes toma difícil que um modelo de ansiedade reúna os 3 critérios de validade, no entanto, este trabalho indica que o modelo LD não é um modelo de ansiedade ideal para ratos.
Os resultados deste estudo são mais uma contribuição para a evidência crescente da importância e necessidade de uma análise complexa baseada em observações comportamentais no aperfeiçoamento da credibilidade e sensibilidade destes modelos animais.
Description
Dissertação de Mestrado em Etologia
Keywords
Etologia Comportamento animal Ansiedade Ratos Modelos animais Ethology Animal behaviour Anxiety Rats Animal models
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Publisher
Instituto Superior de Psicologia Aplicada